04 de Fevereiro de 2014
Ana Elisa, tão sonhada e desejada
“Ana Elisa sempre foi muito sonhada e desejada. Demoramos 5 meses para engravidar, quando em 30 de outubro de 2012, finalmente a notícia mais esperada chegou: eu estava grávida de 4 semanas. Logo comecei o pré-natal e tudo corria otimamente bem, todos os preparativos para a chegada dela, quartinho, cores, bercinho... Ahh!!!! O quartinho mais lindo... Logo veio o chá de bebê, tudo preparadinho e foi lindo. Mas, como num piscar de olhos tudo isso, tudo que sonhamos por meses, não faz mais sentido algum.
Com 33 semanas de gestação, em uma madrugada, comecei a sentir umas sensações estranhas. Não eram dores, mas um mal estar que eu não sabia como explicar. Foi então que decidimos ir para o hospital, às 3 da manhã. Quando cheguei no pronto socorro, mediram a minha pressão, estava 19/9, mas mandaram ir para um outro hospital, pois ali não tinha ginecologia obstétrica, então seguimos para o hospital onde já tínhamos decidido que Elisa iria nascer. Cheguei lá e logo me mandaram para o centro obstétrico e começaram a monitorar a minha pressão, que ainda estava muito alta, e eu já com muitas dores no estômago e uma tremedeira que eu não podia conter. Fizeram muitos exames em mim e na Elisa, comecei a ser medicada e a pressão cedeu, fiquei internada por 2 dias.
Voltei para casa com a pressão estabilizada e em repouso, feliz por tudo ter dado certo. Mas três dias depois, comecei a novamente sentir os mesmos sintomas e retornamos para o hospital. Achávamos que ia ser como da outra vez, me dariam medicamentos, a pressão cederia e voltaríamos para casa e seria assim até completar pelo menos 37 semanas. Quando cheguei novamente no hospital, a minha pressão estava 22/12. Fiquei internada por mais uma semana, e no dia em que os médicos decidiram que me dariam alta, no último ultrassom antes de ir para casa, veio a notícia: Ana Elisa estava “morrendo aos poucos na minha barriga”, foi assim que a médica me disse. Por conta da alta pressão, ela não recebia mais oxigênio, os seus movimentos já estavam quase parados e o seu coração bem devagar. Precisamos fazer o seu parto agora, dizia a médica.
Meia hora depois, Ana Elisa nasceu, com 40 centímetros e 1,340 quilos e, para minha alegria, chorou, e forte. Logo a enfermeira trouxe ela para vermos e isso também foi um alívio, pois a pediatra tinha dito que se estivesse tudo bem com ela, eu poderia vê-la ali mesmo.
Então, começou a minha peregrinação até o leito da UTI onde ela estava. A minha pressão demorou muito para baixar novamente e, para piorar, todas as vezes que eu chegava até a porta da UTI, ela subia e eu tinha que voltar para o quarto para ser medicada. A primeira vez que a vi eu estava tão dopada por causa dos remédios que não consigo me lembrar qual foi o sentimento, mas, a partir da segunda vez, eram tantas as emoções, ruins e boas, que acho que nenhuma mãe de UTI consegue explicar. É um misto de alegria por seu bebê estar vivo, mas de tristeza por toda aquela situação.
Voltei para casa sem a minha filha, sem ter a pegado no colo, sem ter amamentado, sem ter colocado a primeira roupinha comprada pela vovó. A partir disso foram 40 dias de idas e vindas para o hospital. Graças a Deus, e foi só por ele mesmo, que a Ana Elisa não teve nenhuma intercorrência na UTI, mas chegar todas as manhãs no hospital era uma tortura, porque prematuro é assim: um dia está bem e, de repente, acontece alguma coisa inesperada, então, a qualquer momento esperávamos alguma notícia não tão agradável. Mas Deus não permitiu, misericordioso como Ele é, conhece nossas limitações e não nos dá fardo maior que possamos suportar. Ela nunca precisou ser intubada, nunca precisou de transfusão de sangue, não teve nenhuma infecção. A única coisa que aconteceu é que o estomagozinho dela demorou para começar a funcionar, só depois de uma semana e meia e, por isso, ouvia muitos choros de fome, e um grande sentimento de impotência por ver a minha bebê com fome e não poder fazer absolutamente nada.
Apesar de tudo ir caminhando bem com a Ana Elisa, era muito difícil “morar” no hospital, muitas histórias, acabamos nos tornando uma grande família, uma mãe se compadecendo da dor da outra. Dias ruins, quando dava a hora de ir embora e tinha que deixar a Elisa muitas vezes chorando, que sensação de abandono... e dias de alegria, quando chegávamos e logo nos diziam, ela engordou! Tudo certo nos exames, mamãe e papai! Sem sequelas! Os quarenta dias acabaram na data de 05 de julho de 2013, viemos para casa e a Ana Elisa pesava 1,960 quilos e os cuidados continuaram, só que em casa, graças a Deus!
Hoje consigo falar sobre tudo que aconteceu sem nenhuma dor e sei que vivemos o que vivemos para ajudar e ser benção na vida de pessoas que vivem a mesma dor. Louvo a Deus por ser mãe da Ana Elisa. Hoje ela está com 7 meses e meio, ela é uma benção para nós, uma alegria em nossa casa, uma bebê muito sorridente e “amiga de todos”. Te amo filha, sonho de Deus para mamãe e papai.”
Tays, mãe da Ana Elisa
Leia mais histórias de bebês prematuros.