28 de Novembro de 2012

A história de Laura: uma montanha-russa de emoções!


Meus agradecimentos à Alessandra pelo carinho que sempre teve conosco e por nos presentear com a história emocionante da sua pequena Laura. Parabéns a vocês pelas batalhas vencidas e muita saúde pra essa família linda! Beijão!  

"Meu nome é Alessandra e sou mãe de uma bebê prematura.

Laura nasceu de 28 semanas e 1 dia, exatamente no dia 27/04/11 às 17h07min.

Tudo aconteceu porque com 17 semanas minha bolsa rompeu e precisei ficar internada em repouso absoluto por quase 90 dias. Fiz tudo o que me disseram, nem mesmo me sentava na cama, no último mês nem me virava direito para não perder o pouco líquido que tinha.

Durante esse tempo passamos por momentos de muita dor e sofrimento. Nunca em minha vida vou esquecer o dia em que ouvi no consultório da médica que me acompanhava no início da gravidez que: "o prognóstico não é nada bom...", ou seja, estava perdendo minha bonequinha. Naquele momento, o mundo desabou sobre a minha cabeça, um misto de sensações e sentimentos tomou conta de mim: medo, tristeza, desespero, indignação e uma dor tão profunda que não sei exemplificar.

Fui internada na emergência e após um ultrassom, comprovou-se que eu tinha um líquido de 1,0 quando o normal seria a partir de 8,0. Começavam aí meses de desespero, angústia e muitas vitórias e alegrias também.

No primeiro mês, tivemos que conviver com um líquido de 0,0 até no máximo 4,0, e sempre com a possibilidade de ter que interromper a gestação, devido a riscos relacionados a infecções hospitalares. Noites em claro e muitas, muitas, muitas lágrimas e orações.

Depois de uma conversa com as médicas que estavam me atendendo no hospital, descobrimos que, caso optássemos pela interrupção da gravidez, nossa pequenina poderia nascer viva, com uns 300 gramas e sem chance de sobrevivência... mas e aí, como conviver com isso??? Nesse dia, enquanto conversávamos "ouvia" uma voz que falava no meu ouvido e ao meu coração: "Deus te prometeu uma menina.. .e é ela, não desista." Depois disso, eu e meu marido decidimos que iríamos correr todos os riscos necessários para que ela nascesse e que Deus faria o que fosse o melhor para nós todos.

Tudo estava indo correndo relativamente bem, pois mesmo perdendo um pouco de líquido, dois dias depois estava recuperado, mantendo a média de 3 a 4. Até que, em um ultrassom morfológico, descobriu-se que, provavelmente, minha bebê teria o coração do lado direito do peito e isso era indicativo de alguns problemas. O primeiro seria uma anomalia genética que, se fosse confirmada, eliminaria qualquer chance de sobrevivência, ou então seria uma hérnia de diafragma, o que ocasionaria uma cirurgia imeditamente após o seu nascimento e quase sem chance de sobrevida.

Mais um martírio se iniciava... Primeiro, teria que fazer uma amniocentese, o que representava uma grande chance de aborto. Mesmo com todos os riscos envolvidos no procedimento, decidimos fazê-lo. Deus foi tão bom conosco que nesse dia o meu líquido amniótico estava no seu ápice: 6,8... tudo correu bem durante e após o exame. Foram mais quinze dias de pura agonia, medo, sofrimento e muita, muita fé. Enquanto esperávamos o resultado, fazia muitos ultrassons e nenhum deles conseguia dar certeza de que havia uma hérnia de diafragma.

Até que finalmente, recebemos o resultado do exame genético, minha bebê não tinha nenhuma anomalia ou problema genético. Respiramos mais aliviados. Agora era descobrir se havia motivo do coração ser do lado direito.

Muitos ultrassons depois, os médicos começaram a dizer que, provavelmente, não haveria nenhuma hérnia já que os outros órgãos estavam no lugar exato; que talvez ela teria outras doenças - que precisariam de cirurgia - ou apenas um problema posicional, sem qualquer consequência para o seu desenvolvimento.

E assim, os dias foram se passando, com a ajuda incansável do meu marido, da minha mãe e do meu primeiro filho que com apenas 4 anos se mostrou uma criança especial, única, responsável e muito companheiro, sempre que o vejo sinto que é um presente de Deus tê-lo em nossas vidas!!

Nesse período, como a bebê estava crescendo muito bem, meu líquido amniótico não passava de 2,0 a 3,8, o que não era muito bom.

Até que no dia 27/04/11, após fazer um exame chamado cardio-toco, foi constatado que estava com contrações. Não era mais possível esperar. Laura nasceu com 1,400kg e 36 cm. Muito melhor que qualquer previsão, por mais animadora que fosse. No momento do seu nascimento, minha médica a chamou de "Guerreira Laura"... ela tem razão, um bebê tão pequenino e que lutou e luta com tamanha vontade para viver, só pode mesmo ser uma guerreira!!!

Ela foi entubada e desceu para a UTI Neonatal. Ficou 7 dias entubada, na primeira tentativa de extubá-la, um susto, não deu certo. Depois foram muitas semanas de CPAP, e catéter, até que finalmente ela conseguiu respirar sozinha.

Nesse período ela teve hemorragia intra-craniana grau II, broncodisplasia, septicemia, pegou Klebsiella, precisou de 3 transfusões de sangue, tivemos problema para ela conseguir mamar até na mamadeira... um sufoco!

O mais perturbador era que, todos os dias, quando eu estava indo para o hospital, pelo caminho ia rezando para chegasse lá e ela estivesse viva e bem, não recebesse más notícias... hoje, fico pensando como nós, mães de UTI, conseguimos lidar com tudo isso!!

E depois do seu nascimento, foram feitos exames que constataram que o coraçãozinho dela é normal, funciona muito bem e apenas é uma questão de posicionamento, ela é destro cardíaca, ou seja, nada do que havia sido levantado sobre possíveis doenças foi confirmado, com a graça de Deus.

Quando pude segurá-la em meus braços pela primeira vez, foi uma emoção tão forte que nunca vou me esquecer...um filme passou pela minha mente, todos os medos, aflições e superações que tivemos que passar para que aquele momento fosse possível.

Foram 63 dias de UTI Neonatal, nos quais vivenciei dores de outras mães, histórias iguais e até mais sofridas que a minha, aprendi a ser paciente, tolerante e principalmente, a ter uma fé incondicional em Deus.

Hoje Laura tem 1 ano e 4 meses, nenhuma seqüela, apesar de ter nos dados alguns sustinhos pelo caminho e de ainda contar com alguns cuidados especiais como fisioterapia, neurologista, pneumologista.

[caption id="attachment_3339" align="aligncenter" width="640" caption="Laura com o maninho."][/caption]

Bem, depois de tudo o que  aconteceu a única coisa que consigo fazer todos os dias é agradecer... agradecer pela vida da Laura, agradecer por ela fazer nossa casa mais feliz e nossas vidas mais completas!

Agradecê-la por, ainda tão pequenina e frágil, ter nos ensinado a ter fé no amor de Deus, agradecê-la por seu exemplo de luta pela vida, por ter nos escolhido para ser a sua família, agradecê-la, simplesmente, por estar conosco."

Alessandra, mãe da Laura.

Quer ler mais histórias de prematuros de 28 semanas? Clique aqui!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

Compartilhe esta história

Tem uma história de prematuridade para compartilhar?

Envie seu relato para gente e faça a diferença para quem precisa de palavras de força e esperança nesse momento.

envie sua história

Conheça outras histórias

Veja histórias por:

    Últimas Notícias

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.