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24 de Janeiro de 2014
A corrida para a sobrevivência de Rafael
“No dia 24 de agosto de 2013, no hospital particular, o meu 2º filho nasceu. A minha bolsa estourou em casa e o Rafael nasceu de parto normal, prematuro de 34 semanas, 2,185 kg, 44 cm, a Apgar 9/9. No dia 26 de agosto, tivemos alta na parte da manhã. Para mim, o que faltou foi informação. Para nós mães, nosso filho é lindo. Sendo prematuro, para mim era tudo normal. Ele era amarelinho, mas, por ser descendente de orientais, não me preocupei, e os olhinhos raras as vezes ele abria.
Logo que saí do hospital, passei no posto de saúde para dar a vacina BCG. As enfermeiras do posto de saúde o pesaram, mas não deram a vacina e chegaram a achar que ele estava meio amarelinho, mas pediram para voltar ao posto 2 dias depois para ganhar pelo menos 100 gramas e poder dar a vacina. Depois de 2 dias, voltei ao posto de saúde e uma das enfermeiras me levou direto para a sala do pediatra e pediu para ele olhar o meu bebê. Ele examinou, pesou e me disse que era mais de 70% de chance do meu filho ficar internado por causa do baixo peso (1,750 kg) e, provavelmente, ele estava com icterícia, que é uma doença grave e poderia afetar o sistema nervoso. Quando terminei de vestir o bebê, o médico me orientou a levar ao hospital com urgência.
Saindo de lá, em questão de pouco tempo, enquanto eu ligava para saber o hospital mais próximo, o meu bebê começava a não ter reação, não abria o olhinho, não chorava. O meu pai me levou, mas chegando próximo ao hospital, um trânsito enorme e o carro não andava. Quando mexia no bebê, a cabecinha dele caía para o lado e os lábios grudava. Eu estava apavorada e nada do trânsito abrir. Eu via o hospital, mas ainda faltava algumas quadras. Nesse momento, eu deixei o meu outro filho com os meus pais, abri a porta do carro e saí no meio do trânsito correndo com o meu bebê no colo. A minha mãe até tentou me acompanhar, mas saí correndo até outra avenida onde o trânsito estava melhor. Parei o primeiro carro que vi, não sei nem o nome desse anjo que me ajudou. Lembro-me que era uma mulher e tinha duas crianças no banco de trás. Ela abriu a porta para mim e saiu em disparada buzinando, cortando e quando vi já estava dentro do Pronto Socorro onde me atenderam. A partir deste momento, entreguei o meu filho nas mãos de Deus e da equipe médica do hospital.
O Rafael chegou lá com 29 de bilirrubina, hipoativo, desidratado, recusa alimentar e com infecção neonatal. Ele ficou do dia 29 até o dia 31 de agosto na UTI, e no hospital internado até dia 05 de setembro. Os médicos me falaram que quase perdi o meu bebê, por questão de horas, se o médico do posto de saúde não tivesse me alertado. Venho contar a minha história para que isso não ocorra com outros bebês, pois agora sei que prematuro ao ter icterícia o risco é maior e isso se dá geralmente depois do terceiro dia. Seria ideal é que os hospitais dessem mais atenção a prematuros, não dando alta quando o peso for menor que 2,500 kg, e agendar uma consulta com o pediatra pelo menos 3 dias depois da alta, ou, pelo menos, instruir os profissionais para ficarem atendo aos sinais, sintomas e explicar quais são.
Hoje o meu bebê está gordinho, forte, mas sei que pode ter sequelas. Vivo um dia de cada vez. Não é fácil acordar e olhar o meu bebê todo dia e esperar que ele tenha força para sugar o leite (esse é um dos primeiros sintomas da Kernicterus). Sei que Deus está conosco e sabe de tudo. O que simplesmente desejo é que mais informações sejam dadas pelos hospitais, pois sei que o compromisso de quem escolhe essa área da saúde para trabalhar é salvar vidas e foi o que fizeram esses profissionais que salvaram o meu bebê. Obrigada!”
Adriana, mãe do Rafael
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