06 de Maio de 2014

A chegada antecipada do querido Davi

“No dia 30 de maio, acordei com umas dores leves que iam e vinham. Ignorei, acreditando ser normal, pois era altamente suportável e já tinha tido essas dores 3 semanas antes e haviam passado. Deu-me uma vontade de limpar a casa, e arrumei tudo, mas sem fazer muito esforço. No dia seguinte, as dores persistiram, então, resolvi ficar mais quieta um pouco. Fui fazer minhas unhas, pintei de azul para combinar com a decoração do chá de bebê, que seria realizado no dia 02 de junho de 2012. Passei o dia tranquila, as dores continuavam, mas não eram constantes e nem fortes. Tomei um banho às 18h30min, e, quando terminei o banho, as dores ficaram insuportáveis e constantes. O meu marido estava no serviço, liguei para ele falando que precisava ir ao hospital e ele veio imediatamente.

Cheguei ao hospital da cidade às 19h30min, e demorei uns 40 minutos para ser atendida.  Quando o médico me atendeu e fez o toque, falou que não teria jeito de segurar, o bebê iria nascer, pois eu estava com quase 8 cm de dilatação. Não acreditei, eu estava com 32 semanas de gestação ainda. Ele entrou em contato com a médica que fez o meu pré-natal, para poder achar um hospital com vaga na UTI Neo, pois na cidade onde eu moro não tem. Conseguiram vaga em um hospital em Campinas, que fica a mais ou menos 1 hora e meia da minha cidade. Colocaram-me em uma cama e me deram um remédio para diminuir as contrações e outro para amadurecer o pulmão do bebê. Fiquei ali sozinha com muitas dores, só pensando se o meu filho viveria, e bastante confusa com o que estava acontecendo.  Fiquei esperando a ambulância umas 3 horas e meia.  Demorou muito, porque eles estavam tentado colocar uma incubadora dentro da ambulância, caso o bebê nascesse no caminho.

Fomos para Campinas, e, no  meio do caminho, percebi que a médica esqueceu  o remédio que diminuía as contrações, mas ela não me falou nada, somente na hora que cheguei ao hospital que ela me contou que estava sem a medicação.  O motorista conseguiu fazer o trajeto em 1 hora, porém, chegando na cidade de Campinas, ficou meia hora perdido, pois não sabia onde ficava o hospital. Até que a pediatra que me acompanhou pediu ajuda para um policial rodoviário. Não lembro com clareza o tempo dos fatos, tudo parecia demorar demais. Graças a Deus, deu tempo de chegar ao hospital.

Na sala de parto, lembro que não conseguia fazer a força, estava nervosa, pedi para a médica me anestesiar, mas ela falou que não queria usar fórceps, pois o meu bebê era prematuro. Fiquei apavorada quando ela falou fórceps! Não, de jeito nenhum. Fiz bastante força, mesmo assim ele não nascia. Até que chegou um anestesista, não esqueço o nome, Dr. Thiago. Sentei e ele me anestesiou, foi como se tirasse com a mão a minha dor. Quando veio a contração, o Dr. Thiago praticamente subiu na minha barriga, como se estivesse empurrando o bebê. Na segunda vez que ele empurrou, o Davi nasceu. Escutei um choro baixo e olhei para ele, mas logo já o levaram. Ele nasceu no dia 01 de junho de 2012, às 02h32min, com  2,250 kg e 45 cm, Apgar 5.

Me colocaram em uma sala de pós-operatório, onde fiquei sozinha pensando onde ele estava, se estava bem. É muito ruim ficar sem ter notícias. Como  não estava na minha cidade, fiquei na casa de uma prima, a quem eu nunca vou deixar de agradecer a ajuda. Eu não podia ficar o tempo todo com o Davi. Os horário de visitas eram das 14h às 15h30min e, depois, das 20h30min às 21h30min.

No dia 04, percebi que ele ficava metade branco, metade vermelho. O médico disse que podia ser uma infecção e na visita da noite me daria o resultado. Felizmente, não era. No dia 06, deu de novo. Repetiram os exames, não era infecção. Eles fizeram vários testes com ele, disseram que foi até exaustivo, mas não acharam a causa.  Podia ser circulatório, mas nunca se soube ao certo. Graças a Deus, não foi necessário intervenções cirúrgicas. A cada dia ele melhorava. Teve conjutivite e sopro também.  Tive que ficar alguns dias esperando ele aprender a sugar pra receber a alta, pois se alimentava pela sonda.  Na noite do dia 20, ele e mais dois bebês que estavam ao lado, tiraram a sonda na mesma hora. A médica resolveu deixá-los sem a sonda, e os 3 mamaram a mamadeira! No dia seguinte, estávamos indo embora para casa!

Ao ler outras histórias, vejo que o que passei foi menos traumático, mas os sentimentos são similares. O sentimento de culpa; a tristeza por não poder levar o filho para casa e  ter que deixá-lo  no hospital; a angústia por um parto sem parabéns,  flores, balões;  as dúvidas sobre o aleitamento e a incerteza de ter que viver um dia de cada vez. Aprendemos também a renovar nossas forças, cultivar a esperança e crer que Deus está cuidando de cada detalhe.

Hoje, o Davi está muito esperto, tem um crescimento ótimo e tem se desenvolvido muito bem! Atualmente,  ele está com 1 ano e 11 meses.”

Julliana, mãe do Davi

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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