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24.04.2011

A adolescência do prematuro


"A adolescência é um período de transição que coloca o jovem e a família frente a desafios únicos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência ocorre vai dos 10 aos 19 anos e configura um período crítico para a formação de valores e padrões de conduta; distinguindo-se por maior rebeldia, procura de independência e visão diferenciada da vida.

As consequências do nascimento prematuro, tanto na infância quanto na adolescência, variam de muito leves a muito graves. Podemos, por exemplo, acompanhar uma criança e ver que ela já tem 2 anos de idade e ainda não caminha, e isso é preocupante. Outras crianças vão seguir normalmente e, aos 8, 10 anos de idade, os pais vão perceber que têm dificuldades para acompanhar os colegas na escola. É um problema menos grave, mas que vai atrapalhar muito a vida desses jovens.


No caso dos prematuros, mesmo as crianças sem déficits motores e que ultrapassaram a infância relativamente bem terão sempre uma maior vulnerabilidade para problemas nas áreas cognitivas e comportamentais.

As alterações cognitivas em geral surgem mais tardiamente, afetando especialmente funções como a memória e/ou linguagem, envolvendo principalmente a função de processamento simultâneo e de informações complexas que requerem raciocínio lógico e orientação espacial, que podem estar associadas a perturbações de déficit de atenção. Tais alterações, quando não identificadas, podem ter implicações no rendimento escolar até mesmo naquelas crianças que possuem bom desempenho intelectual.

Os problemas respiratórios que os prematuros costumam apresentar ao nascimento não são relevantes na adolescência. No entanto, testes da função pulmonar em adolescentes que foram prematuros, mostram redução em alguns índices respiratórios, predispondo-os a um maior risco de doenças como a asma e tosse crônica na vida adulta. É fundamental o papel dos pais e da sociedade na promoção de formas de vida saudável, livre de fumo, drogas, e onde a prática de atividade física, como a natação, poderá vir a ter um papel decisivo.

Os pais de prematuros acompanham também a preocupação dos profissionais de saúde no que diz respeito à visão e audição dos seus filhos (administração de oxigênio e o rastreio da retinopatia e da surdez). Passada essa fase, permanece o risco de maior incidência de problemas visuais (maior percentagem de astigmatismo, estrabismo e miopia). Mais uma vez, um acompanhamento cuidadoso da saúde dos olhos do bebê e do adolescente permite minimizar os eventuais déficits.


Da mesma forma, desde o nascimento, o peso e a estatura são importantes indicadores do desenvolvimento da criança. O processo de crescimento rápido em relação ao peso e altura ocorre nos primeiros 2 a 3 anos de vida, colocando os prematuros dentro dos limites da normalidade das curvas de referência no final desse período. Mas este processo pode prolongar-se ao longo da adolescência, principalmente nos casos de prematuros de extremo baixo peso. Nestes casos, os meninos adolescentes podem ser em média 4 cm mais baixos e 8 kg mais leves e as meninas 8 cm mais baixas que os seus pares.

As taxas de sobrevivência na população de muito baixo peso têm aumentado ao longo dos últimos 20 anos e a sua qualidade de vida, a longo prazo, assume cada vez maior relevância. Pouco se sabe o que acontece com estes pequenos além da 1ª década de vida e em particular durante adolescência e idade adulta, pois só agora os 1ºs sobreviventes de muito baixo peso estão passando por esta transição...

Felizmente, as chances de um bebê prematuro atingir o máximo de seu potencial de crescimento e desenvolvimento na adolescência são cada vez maiores, graças a otimização dos cuidados intensivos, de melhores estratégias de nutrição, intervenções precoces, a maior utilização de recursos médicos e apoios educacionais."

Fonte: Adaptado de Lusoneonatologia (http://www.lusoneonatologia.net/usr/files/downloads/892d6e0741a339adb5eb3ae65a680360.pdf)

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