Uma das maiores preocupações para os prematuros é o VSR, vírus sincicial respiratório. Ele é o principal causador da bronquiolite, que é a inflamação dos bronquíolos (parte final dos brônquios). Nos primeiros anos de vida da criança, o sistema imunológico ainda é imaturo e os pulmões são muito suscetíveis a inflamações, o que as torna mais vulneráveis ao vírus. Por isso, a doença é mais grave para os bebês menores de 2 anos.
A principal forma de contaminação é por meio de secreções respiratórias ou por contato. Ou seja, crianças que passam o dia em locais fechados com outras pessoas, como creches, estão mais suscetíveis. Pelo fato dos prematuros geralmente apresentam imunidade mais baixa, a prematuridade é o principal fator de risco para hospitalização por bronquiolite. Nos meses mais frios ou chuvosos, em especial de abril a agosto, grande parte das crianças até 2 anos é infectada pelo VSR podendo desenvolver quadros mais leves. Porém, para os cardiopatas e prematuros, a infecção pode ser mais grave, o que pode até significar um retorno à UTI. Outros fatores de risco são crianças institucionalizadas, irmãos em idade escolar, poluição ambiental, anomalias congênitas de vias aéreas e doenças neuromusculares graves.
De caráter sazonal, o VSR geralmente circula no outono e inverno nos países de estações bem definidas, apesar de não estar relacionado a baixas temperaturas. No Brasil, é encontrado o ano inteiro, principalmente nas épocas de maior circulação do vírus, que varia de acordo com a região do país:
- Regiões nordeste, centro-oeste e sudeste - março a julho;
- Região norte - fevereiro a junho;
- Região sul - abril a agosto.
Métodos de prevenção do VSR
Para evitar a contaminação, é recomendado:
- o cuidado é importante não somente na UTI usando as máscaras, mas também em casa com a higienização das mãos, lavando-as bem com sabonete e utilizar ácool gel sempre que for tocar o bebê porque o vírus permanece vivo nas mãos por 30 minutos
- sempre higienizar os objetos do bebê (em superfícies não porosas, o VSR pode sobreviver por mais de 24h)
- evitar o contato com pessoas com sintomas respiratórios
- arejar o ambiente, facilitando a troca de ar no mesmo
- manter o calendário de vacinação da criança em dia
- vacinação atualizada também de todas as pessoas que lidam com o pequeno
- evitar frequentar ambientes fechados e com aglomerados de pessoas, principalmente durante o período de maior circulação do vírus, em lugares como supermercados, shopping centers, praças, etc
- sempre que possível, priorizar o aleitamento materno, deixando seu pequeno saudável
- evitar o contato do bebê com crianças mais velhas, adultos com sintomas de resfriados ou gripes, com fumantes e com ambientes poluídos
- creches e escolas devem ter políticas para evitar a transmissão dentro do estabelecimento de ensino, como, por exemplo, com o incentivo a higienização de mãos e também para desinfecção de brinquedos e todos os outros materiais
- considerar o retardo no início de frequência a escolas e creches, se possível
Sintomas
Os sintomas iniciais são parecidos com os da gripe: febre, não necessariamente alta, tosse seca e nariz escorrendo. No terceiro e quarto dias, há o pico da doença, quando o estado geral do seu filho pode piorar e ele pode apresentar falta de ar, por exemplo. Diante desses sinais, procure o pediatra. Nos casos mais leves, quando não há desconforto respiratório (tosse com chiado, respiração rápida ou falta de ar), você pode cuidar de seu filho em casa, controlando a febre e mantendo-o sempre hidratado, aspirando as secreções do nariz e oferecendo mamadeira ou leite materno. A internação só é necessária quando a criança precisa de cuidados mais específicos no hospital, como hidratação intensiva(receber soro por via venosa), oxigenoterapia (aplicação médica de oxigênio, que pode ocorrer por inalação, por exemplo) e de fisioterapia respiratória (exercícios que ajudam a eliminar secreções), para que o desconforto seja atenuado.
Todos esses métodos de prevenção expostos anteriormente nesta publicação são essenciais e podem garantir a saúde do seu filho. Outro recurso de prevenção contra o VSR é um medicamento (e não uma vacina) disponível nos Estados e gratuito. Cada Estado brasileiro possui um protocolo diferente de distribuição desse medicamento. E, infelizmente, nem todos seguem a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria, que é de imunizar todos os prematuros nascidos com menos de 28 semanas e 6 dias, que tenham menos de 1 ano de idade no inicio do período de sazonalidade do vírus. A maioria dos Estados garante a imunização apenas para estes bebês, o que deixa de fora muitos pequenos super vulneráveis.
*Com colaboração de Mariana Oliveira, neonatologista do Hospital Moinhos de Vento e consultora científica da ONG Prematuridade.com
Fontes: Sociedade Brasileira de Pediatria, Portal Educação, Prematuro.com.br, Ser Prematuro e Zero Hora
(Foto: Divulgação)