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11 de Fevereiro de 2014
Um pequeno grande guerreiro chamado Arthur Gabriel
“Começo a minha história falando da felicidade que senti ao saber que estava grávida do meu segundo filho, tão amado e esperado por todos. A minha gravidez não era tranquila igual ao das outras mulheres que se preocupavam em saber o sexo do bebê, roupinhas e outras coisas. Desde o comecinho da gestação, com 7 semanas, eu já estava com a pressão bastante elevada, por isso, desde o começo fiz o pré-natal no alto risco e já estava avisada que o meu parto seria prematuro. O meu desejo era que não fosse, mas já estava acostumada a cuidar de prematuro, pois o meu primeiro filho também nasceu prematuro de 34 semanas com 1,600 kg. De 5 crianças nascidas na minha família, 4 foram prematuras, então eu achei que já tinha uma certa experiência, mas eu não imaginava o que vinha pela frente.
Um dia, acordei com uma dor atrás da minha cabeça e vendo um monte de luzes brilhando. Avisei o meu esposo e fomos correndo para a emergência. Chegando lá, o médico disse que esses eram os primeiros sintomas de uma pré-eclâmpsia e eu era uma paciente de risco, porque já tinha tido na outra gravidez. Falei que o meu bebê não se mexia muito. Ele me passou uma Doppler para saber como o meu bebê estava. Na ecografia que fiz estava dando resultados ruins, eu vi pela expressão do médico que o caso era grave. Ele nem me falou o sexo do bebê, mandou eu ir direto para uma emergência mais próxima. A médica que me atendeu me internou para fazer mais exames. O resultado foi que o bebê estava com restrição de crescimento (ele parou de crescer com 24 semanas). Com quase tudo comprometido, ele não recebia quase nenhum nutriente. Eles disseram que se meu filho não morresse no parto, viveria totalmente debilitado pelo fato de estar faltando oxigênio para ele. Mas ele conseguiria viver dessa maneira e descobri que ele não mexia porque guardava energia para crescer.
Falaram, então, em interromper a gestação com 24 semanas, mas ele estava ainda com 650 gramas e 29 cm. Resolveram esperar mais umas semanas. Todos os dias uma sala de cirurgia ficava reservada para fazer o meu parto a qualquer minuto. Fiquei internada 2 meses. Quando completei 31 semanas e o bebê engordou (50 g) e cresceu (1 cm) resolveram fazer o meu parto. No dia 19 de abril, nasceu o Arthur Gabriel, pesando 700 gramas e com 30 cm. Os médicos não davam nenhuma esperança que ele fosse sobreviver. Arthur nasceu em estado grave, quase nem vi ele, foi tudo muito rápido.
Ele ficou intubado por 28 dias. Eu ia saber notícia dele todos os dias e os médicos só me davam notícias ruins. Todo dia era um problema diferente. Teve uma infecção no estômago, a barriguinha dele ficou muito inchada, ficou de dieta zero por 20 dias, mas eu ia todos os dias e horários para tirar leite. Chegou a pesar 590 gramas. Era um bebê muito nervoso, chorava muito, ninguém sabia o que era. A saturação dele caía para 26 %. Ele ficava bem roxinho de tanto chorar, até que descobriram que ele tinha APLV (alergia alimentar) e passaram fórmula para ele tomar. Suspeitaram de hidrocefalia, de problema no coração, tinha duas hérnias enormes, mas, graças a Deus, foram só suspeitas.
Ele ficou no CPAP por três dias. Foram os piores três dias da minha vida ver o meu filho com o nariz todo machucado, sangrando, chorando o tempo inteiro quando não estava sedado. Só pude pegar o meu bebÊ depois de um mês e meio, mas eu nunca desanimei, nunca me passou que aconteceria alguma coisa com ele. As pessoas me questionavam porque eu era tão tranqüila e eu falava que o milagre já tinha acontecido, ele nasceu e estava vivo. Ele ficou no Hood por cinco dias e no ar livre por 50 dias, porque ele estava viciado naquela bendita mangueirinha. Foi muito difícil fazer o desmame. Tomou por cinco dias corticóides para ajudar e, finalmente, no dia 18 de julho, depois de 89 dias de internação, Arthur recebeu alta, pesando 2,050 kg. Eu, depois de cinco meses hospitalizada longe do meu outro filho, enfim, pude juntar a minha família. Eu nem acreditei. Vi tanta gente indo embora e nós dois ficando... Mas tinha chegado a nossa vez.
Hoje, 06 de dezembro de 2013, Arthur está com 7 meses e pesa 4 quilos. É um bebê lindo. Ele tem seus probleminhas como APLV, refluxo, e displasia broncopulmonar. Ele é um bebê de 7 meses que ainda veste roupa de recém nascido, mas é lindo, é um anjo na nossa vida. Onde chega, ele chama atenção com sua alegria e tamanho.”
Gilcilene, mãe do Arthur Gabriel
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