O nascimento antes do tempo priva o bebê do ambiente intrauterino, o que pode trazer dificuldades para o seu desenvolvimento adequado. Dentro do útero, a movimentação do bebê fica facilitada por ser um ambiente aquático, a contenção oferecida pelo espaço reduzido dá conforto e organiza o bebê, os movimentos que a mãe faz quando anda oferecem estímulos vestibulares ao bebê e ainda, por ser um ambiente protegido, os estímulos auditivos e visuais são filtrados de acordo com o que o bebê dá conta.
Por outro lado, fora do útero, o bebê prematuro passa a ser responsável pela sua respiração, controle de temperatura corporal e, em alguns casos, já precisa iniciar a digestão e evacuação antes do tempo previsto. Isso tudo leva a uma maior dificuldade para seguir o seu desenvolvimento adequado, gerando um descompasso entre o que era esperado para a sua idade e o que ele acaba experienciando no mundo aqui fora.
A internação na UTIN traz ainda mais riscos ao desenvolvimento desse bebê pelo afastamento da mãe, pelo manuseio excessivo, pela presença de procedimentos dolorosos e pela hipertestimulação, por exemplo. Bebês que passam por um longo período de hospitalização são expostos ainda a muitos efeitos negativos, como estresse, irritação, dificuldades no desenvolvimento e no sono.
Assim, para atender o paciente de acordo com a sua necessidade específica, o terapeuta ocupacional tem como objetivo geral prevenir ou minimizar atrasos no desenvolvimento global do bebê e favorecer o seu crescimento saudável através de:
● estimulação “em tempo” - que consiste em um programa de avaliação e intervenção do desenvolvimento neuropsicomotor, dentro das capacidades do bebê;
● posicionamento no leito - com o objetivo de favorecer a posição anatômica, importante para a promover aconchego e organização;
● inibição de estímulos nocivos - através da adaptação do ambiente, por exemplo, é possível favorecer a auto-regulação e o bem-estar do bebê;
● prescrição e confecção de órteses para bebês, visando evitar ou tratar deformidades progressivas.
Os pais de prematuros também demandam atenção, por isso o terapeuta ocupacional deve acompanhar as famílias, através de grupos ou individualmente. Uma das preocupações é inserir esta família nos cuidados com o bebê o máximo possível, orientando e estimulando a participação na rotina do recém-nascido, como na hora de dar banho, trocar, alimentar e carregar. Isso tudo respeitando a possibilidade de cada bebê e da UTIN.
Como dito anteriormente, todas essas intervenções visam favorecer o desenvolvimento saudável desse bebê que nasceu antes do previsto, com o ganho de peso adequado, sono confortável e bem-estar, além de orientar e preparar a família, favorecendo o vínculo entre eles e estimulando a construção do papel ocupacional dos pais.
Existe ainda o acompanhamento posterior à alta, que é importante para avaliar o bebê e orientar os pais. A preocupação básica é estar atento ao desenvolvimento dos bebês para um diagnóstico precoce e orientações específicas quando detectados sinais de alterações ou interferências em seu desenvolvimento.
Eu sou apaixonada por pessoas, principalmente por bebês. Ser TO me permite ter contato com as famílias e ver a evolução dos bebês: o envolvimento e felicidade das famílias é o meu melhor resultado!
por Naiara Rodrigues, terapeuta ocupacional e Conselheira Científica da ONG Prematuridade.com