19 de Dezembro de 2012
Super Theo: a história de um grande herói
Agradeço à querida Lívia pelo carinho e pela história. O Theozinho é realmente SUPER! Na verdade, essa é uma SUPER FAMÍLIA! Que continuem assim, lindos e com muita saúde! Um beijo carinhoso, especial no pequeno.
"Olá, sou a Livia, mãe do Super Theo.
Theo foi um nome escolhido antes de saber que ele seria prematuro, um de seus significados, é Deus da Guerra, nome dado a pessoas corajosas! Tudo a ver com ele... já estava tudo escrito!!
Faltava alguém na nossa vida...faltava o Theo!
Tive uma gestação muito desejada, e a sensação que tenho é que tivemos que lutar desde o início para ficarmos juntos.
Assim que descobri a gravidez, tive sangramentos, descolamento de placenta, repouso absoluto.... e assim seguimos até os 5 meses, quando saí do repouso e tudo parecia estar tranquilo.
Foi em um ultrassom de rotina que algo me chamou a atenção - ele era bem pequeno! Estava dentro dos padrões de normalidade, mas de uma hora para outra começou a beirar o peso mínimo para a idade gestacional. Fiquei com isso na cabeça por alguns dias, um lado meu dizia que eu precisava correr atrás disso, e outro lado dizia que era exagero, receio de qualquer mãe que estava com medo.
Um dia acordei decidida, se tinha algo me dizendo que alguma coisa estava acontecendo, eu iria descobrir. Fiz um ultrassom com um médico conhecido. Ele viu que estava tudo bem, mas a data prevista para o parto havia mudado de acordo com as medidas. Contei a ele minha cisma, e após ligar o dopller, a explicação: eu estava com uma insuficiência placentária, e já não passava mais nada para o Theo. O pouco que ia era apenas para os órgãos vitais, o crescimento estava parado. Já era tarde, procurei a minha médica no dia seguinte.
Não sei o que se passava pela minha cabeça, não sabia direito o que aquilo significava. Pensava que no máximo teria que enfrentar um repouso absoluto de novo, mas jamais imaginei que conheceria meu filho em 24 horas.
Comecei a entender o que estava por vir, quando a minha médica pediu para que eu fosse até a maternidade para repetir os exames, mas pediu para eu ir acompanhada, pois provavelmente eu ficaria por lá. Perdi o chão! Eu estava com apenas 25 semanas, não tinha nem barriga... tive muito medo.
Já na maternidade os exames mostraram que estava pior do que no dia anterior, e que o parto precisava ser feito com urgência. As horas seguintes foram as piores da minha vida, eu sabia que ele ia nascer, que tinha que ser rápido, mas resolvi tomar os corticóides para tentar amadurecer um pouco os pulmõezinhos, adiando o parto para dali 12 horas. De hora em hora a enfermeira vinha escutar os batimentos dele.
Enfim, conseguimos chegar ate o dia 28/04/2011, e neste dia eu conheci o menino que mudou minha vida, que me fez acreditar na força do amor e da fé, na família, nos amigos e me fez conhecer um mundo que eu nem sabia que existia: a UTI NEONATAL. Antes de ele nascer, os médicos me avisaram que eu não poderia tocá-lo, que o veria pela incubadora. Momento tenso, mas tinha do meu lado as melhores pessoas do mundo, inclusive o Lu, meu marido.
Bom, ele chegou ao mundo, pesando 490g perdeu e foi para 416g, mas com a garra de um gigante. Quando o vi, o achei lindo... não vi tamanho, vi a força, vi que ele se mexia, isso me fez acreditar que poderia dar certo! Fui tomada por uma vontade de lutar junto dele que não sabia de onde vinha, mas era muito forte, virei uma leoa.
Minha ficha caiu quando entrei na UTI e o vi direito, ele cabia na minha mão, tinha os olhinhos fechados ainda... Olhava para os lados e não via nenhum com o peso parecido ao dele. Só consegui rezar, e pedir para que Deus o deixasse comigo. Nos primeiros dias eu chorei muito, mas tinha muita vontade de conseguir , de levá-lo para casa.
O peguei no colo a primeira vez depois de 19 dias de nascido, e até agora não consigo descrever a emoção em sentir a pele dele na minha, o cheirinho... Ele se alimentou com o leite materno 6 dias depois de nascido, com 1 ml de 6/6 horas.
Foram 127 dias na UTI, muitos dias bons, poucos dias ruins. Fiz amizades que vou levar para o resto da vida e conheci histórias tão lindas como a minha. Histórias de luta e de amor.
Meus dias tinham as horas contadas. Vivemos para ele, estivemos juntos durantes todos esses dias, mudamos para São Paulo (somos do interior), enfim... mudamos toda a nossa vida para lutar com ele. Lutei muito para amamentá-lo, e consegui por 10 meses!
Theo enfrentou 18 diagnósticos (pequeno para a idade gestacional, extremo baixo peso, síndrome do desconforto respiratório, persistência do canal arterial, insuficiência renal aguda, sepse tardia, enterocolite necrosante, osteopenia da prematuridade, displasia broncopulmonar, incoordenação sucção-deglutição, hipotermia, hiperglicemia, hipernatremia precoce, hipertrigliceridemia, hiponatremia tardia, icterícia neonatal, colonização fúngica, apneia da prematuridade e refluxo gastroesofágico), 10 transfusões de sangue , exames, PICCs, catéters, 61 dias entubado, CPAP, vapojet e enfim... venceu um a um.....aliás, vencemos!!!
Muitas vezes , na volta de almoço, ou na entrada e saída do hospital, cruzava com as mães levando seus bebês embora no colo... eu sonhava com esse momento! E ele chegou! No primeiro dia de primavera, saímos de lá com nosso filho no colo e o levamos para a nossa casa, para o quartinho dele, para a família dele. Até hoje eu choro de me lembrar da emoção desse momento, é mais que o nascimento de um filho, é uma vitória!
Nosso filho é feliz, é amado! Não comemoro o fato dele não ter sequelas, porque aprendi que por mais que fosse difícil no começo, tudo na vida a gente se adapta, e eu o amaria do mesmo jeito que o amo. Quando o pedi em minhas orações, pedi ele para mim, independente de qualquer coisa.
Até hoje não conseguimos descobrir o que aconteceu, não acusa nada nos exames que justifique a insuficiência placentária grave que tive... Mas de uma coisa eu tenho certeza: mães têm superpoderes, tem intuição e desde o ventre já tem um instinto de proteção que foge de qualquer explicação.
Conseguimos porque foi da vontade de Deus, porque estivemos juntos o tempo todo (papai, mamãe e Theo), porque nos preocupamos em transmitir mais amor do que medo, porque ele é forte, porque tivemos excelentes médicos, enfermeiros e auxiliares, porque tivemos uma família e os amigos nos apoiando.
Esta é a nossa história!!!
A história de um menino que deixa qualquer super herói no chinelo... (rs)"
Beijos,
Livia e Luciano, pais do Super Theo!