01 de Julho de 2023
Reluzente
Em 18 de setembro de 2022 eu perdi meu filho Benício, de 5 meses, devido complicações em uma cirurgia de craniossinostose. Porém, 9 dias antes eu descobri que estava grávida, já por volta de umas 8 semanas de gestação. Foi uma gravidez muito difícil, pois eu estava afundada na depressão pela perda do meu filho. Com 13 semanas descobrimos que esperávamos a Helena, nossa menina tão desejada (porém, não nessas condições). Minha pequena passou por todo o estresse e tristeza de um luto junto comigo, sem nem entender e/ou merecer passar por aquilo. Seguimos dia a dia lutando, nós duas, uma pela outra. Com 23 semanas de gestação recebemos um diagnóstico de CIUR e, devido ao aparecimento precoce, foi cogitado inclusive algum tipo de alteração genética. Seguimos então com acompanhamento genético além do pré natal.
Meu obstetra (maravilhoso, um verdadeiro anjo em nossas vidas), tomou todas as providências necessárias para que Helena chegasse ao mundo bem, e assim conseguimos levar a gestação até às 32 semanas, quando ela atingiu o percentil 0 e não dava mais para esperar. Consulta obstétrica num dia, internação da mãe em UTI para então seguirmos para o parto cesáreo que aconteceria no dia seguinte. E assim chegou nossa Helena, no dia 11/03/2024, às 7h36, pesando 1,420kg e medindo 40 centímetros. Pude vê-la muito rapidamente através da incubadora, pois ela seguiu de imediato para UTIN. Ali começaria a nossa batalha, mas nós nem imaginávamos. Resumidamente, para explicar que o longo período de internação dela não foi só para sua maturação, eu digo: vencemos, em sua primeira semana de vida, uma sepse neonatal.
Depois, vencemos uma enterocolite necrosante, vencemos uma anemia importante (sendo necessário 3 transfusões sanguíneas), vencemos uma pequena cirurgia para dissecção e acesso venoso central, vencemos a primeira intubação, vencemos um derrame pleural e um pneumotórax, vencemos 2 paradas cardiorrespiratórias e a segunda intubação. E eu digo isso porque, apesar do desespero, do choro copioso muitas vezes, nunca murmuramos, pelo contrário, nós sempre tivemos fé de que a Helena venceria. A vontade de viver da nossa pequena guerreira era maior do que qualquer diagnóstico que recebemos nos 38 dias em que passamos naquele leito de UTI. E hoje estamos aqui, vivendo os sonhos de Deus para nossa vida. Ainda sofremos com a partida do Benício, porém, hoje, entendemos que ele veio como uma lição em nossas vidas. E a Helena veio como um renovo. Helena que significa “reluzente” veio para encher nossos corações de esperança e nossa casa de alegria.