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30.07.2011

Proteína do leite materno reduz sepse em bebês prematuros, aponta pesquisa italiana


     "Prematuros com menos de 1,5 kg que receberam a proteína do leite lactoferrina sozinha ou combinada a um probiótico (micro-organismos que, quando ingeridos, oferecem efeitos benéficos para a saúde) correram menos risco de ter sepse tardia - uma infecção que pode ocorrer após 72 horas de vida -, revela uma pesquisa do Journal of the American Medical Association.




Fonte: www.thebabybond.com


     As infecções atingem aproximadamente 21% dos bebês prematuros e são a principal causa de morte de recém-nascidos nessas condições. O estudo, que analisou a resposta de 427 bebês aos suplementos, foi realizado em 11 UTIs neonatais da Itália.
     A lactoferrina corresponde a um terço das proteínas existentes no leite materno. Ela é muito importante, pois auxilia na absorção de ferro (razão pela qual bebês amamentados com leite materno têm menos anemia) e também inibe o crescimento de uma grande variedade de bactérias, fungos e vírus.
     Como os prematuros de baixo peso têm o trato intestinal ainda imaturo, há um risco aumentado de eles desenvolverem infecções sérias no período de internação - daí surgiu a ideia de investigar os efeitos benéficos da lactoferrina.
     Os bebês do estudo foram divididos em três grupos: o primeiro recebeu suplementação de lactoferrina bovina (retirada do leite de vaca), o segundo ingeriu essa proteína associada a probióticos e o terceiro, placebo. Em todos os casos, os recém-nascidos receberam a suplementação por via ora.

    Menos infecções 
    Os bebês foram analisados após 30 ou 45 dias, dependendo da data da alta hospitalar. Ao final, 45 crianças haviam tido sepse tardia, mas os pesquisadores observaram que o problema foi menos frequente nos grupos que receberam a lactoferrina sozinha (5,9%) ou combinada com probióticos (4,6%) do que entre os bebês que tomaram placebo (17,3%).
     Para o neonatologista Victor Nudelman, do hospital Albert Einstein, a diferença entre os que receberam lactoferrina simples e combinada não foi significativa, o que permite atribuir o menor risco de sepse à ingestão dessa proteína.
     A neonatologista Rita de Cássia Silveira, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que o estudo ainda é preliminar, mas apresenta conclusões importantes. "Os prematuros de baixo peso nascem imunodeficientes e são mais suscetíveis a infecções. Por isso, é extremamente importante encontrar formas de suprir esse problema da melhor forma possível", afirma.
     Para Silveira, o fator limitante do estudo é que a lactoferrina usada na pesquisa tem origem bovina e ainda não é comercializada. "Depois desses resultados, provavelmente algum fabricante deve lançar esse suplemento na Itália", acredita. No Brasil, os bebês prematuros são alimentados com leite materno e recebem no máximo fórmulas específicas. "O estudo faz um alerta sobre a importância do aleitamento materno. Embora ele não tenha a quantidade suficiente de lactoferrina, ainda assim ele é superior às fórmulas dadas aos prematuros", afirma a especialista.
     Silveira também diz que nem todos os prematuros conseguem receber alimentação por via oral, pois, devido ao baixo peso, muitos ficam entubados e são alimentados exclusivamente pela veia.
     Na opinião da neonatologista Maria Fernanda de Almeida, professora associada da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o trabalho revela uma nova forma terapêutica, que pode ajudar a diminuir infecções nos prematuros.



     Ela ressalta, entretanto, que, por falta de bases anteriores, os pesquisadores deram a mesma dose de lactoferrina para todas as crianças, independentemente do peso, quando geralmente se administra por quilo de peso. "Os resultados mostram efeito maior nos bebês abaixo de 1 kg e, principalmente, nos menores de 750 gramas, o que está relacionado com a dose, que foi proporcionalmente maior para esses. Agora faltam estudos para avaliar a dose adequada e o intervalo entre elas", pondera."



     Para acessar o estudo (em inglês), clique aqui.


Fonte: http://www.sbinfecto.org.br/default.asp?site_Acao=&paginaId=134&mNoti_Acao=mostraNoticia&noticiaId=11332 (16/10/09)



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