Principais complicações
Aqui você encontra um resumo de informações sobre os principais problemas de saúde que o prematuro pode apresentar.
Para ler mais sobre a saúde do prematuro, acesso este link.
Os problemas respiratórios são os mais comuns, pois os prematuros nascem carentes de surfactante, uma substância produzida nos pulmões que permite que eles se encham de ar para troca gasosa. Nesses casos, muitas vezes é necessário o uso do CPAP (leia mais na seção "A UTI Neo") que ajuda o bebê a respirar. No caso do bebê não conseguir respirar sozinho, pode haver a necessidade de ventilação mecânica até que os pulmões amadureçam. Outro tratamento consiste na administração do medicamento surfactante dentro dos pulmões, para abrir os alvéolos pulmonares e evitar falta de oxigenação e melhorar eliminação de gás carbônico. Alguns bebês apresentam pausas na respiração ou apnéias. Nesses casos, usa-se uma medicação chamada cafeína, que normalmente melhora o ritmo respiratório desses prematuros.
A complicação cardíaca mais comum é a persistência do canal arterial, ou ductus arteriosus, um vaso que durante a vida intra-uterina faz com que o sangue não passe pelos pulmões, uma vez que o feto recebe o oxigênio através da placenta. Normalmente, este vaso se fecha logo após o nascimento, pois não é mais necessária uma vez que com a respiração do bebê os pulmões se enchem de ar e a circulação pulmonar é rapidamente estabelecida. Nos prematuros, o ductus, por vezes, não se fecha tao rapidamente como nos bebês de termo, e pode provocar problemas. Essa persistência do ductus ou PCA (persistência do canal arterial) pode ser diagnosticada pelo aparecimento de um sopro ou mais precisamente através de ecografias do coração. Quando o tratamento é necessário, existem medicamentos que aceleram o fechamento do canal. Em alguns casos raros, é necessária intervenção cirúrgica.
A enterocolite necrotizante (NEC) é uma complicação intestinal grave, que se apresenta como uma baixa tolerância à alimentação, distensão abdominal e piora clínica geral. O tratamento consiste em suspender a dieta, oferecendo alimentação somente intravenosa (NPT - veja mais na seção "Nutrição") e na administração de antibióticos. Por vezes é necessária intervenção cirúrgica.
Nos prematuros mais extremos, pode ocorrer hemorragia cerebral (ou intraventricular) nos primeiros dias de vida, diagnosticada pela realização de ecografia cerebral. Na maioria dos casos são hemorragias pequenas que são reabsorvidas espontaneamente pelo organismo, sem consequências graves. As mais graves podem danificar o tecido cerebral. Quando há dilatação (hidrocefalia) pode ser necessária a colocação de uma válvula para drenar os ventrículos cerebrais.
Bebês prematuros, principalmente os nascidos com menos de 32 semanas podem desenvolver também retinopatia ou doença na retina. A retinopatia da prematuridade é o crescimento desorganizado dos vasos sanguíneos que chegam à retina (camada mais interna do globo dos olhos) do bebê. Esses vasos podem sangrar e, em casos mais sérios, a retina pode descolar e ocasionar a perda da visão da criança. Por isso, deve-se evitar exposição excessiva de oxigênio e seguir as retinas desses prematuros com exames de fundo de olho frequentes. Quando casos de retinopatia mais graves são detectados, existem intervenções que podem evitar o descolamento da retina e cegueira. Oftalmologistas especializados nesses problemas normalmente fazem esses exames nas UTIs de prematuros.
Conteúdo revisado pelo Dr Guilherme Sant'anna em abril de 2022