Quando nos referimos a prematuridade logo relacionamos a questões clínicas, orgânicas, tanto da mãe e principalmente do bebe, como ganho de peso, saturação, etc., que são importantíssimos; mas a prematuridade traz também modificações e situações novas que estão diretamente relacionadas com o emocional.
Junto com a prematuridade está a quebra de expectativa, ou seja, houve todo um planejamento quando a gravidez aconteceu, conversas na família, planejamento de mudanças físicas na casa para acolher o bebe, a imaginação de como o bebe vai ser, o bebe imaginário, até quando a mulher irá trabalhar, quem irá ser sua rede de apoio, enfim várias questões que mudam com o nascimento antecipado do bebe.
A família não estava pronta e esperava um bebe de 40 semanas, com 3 k de peso, que usaria as roupas compradas, as fraldas rn ou p, iria ficar no quarto com a mãe e muitas fotos seriam tiradas quando ele fosse para casa, em 2 ou 3 dias de internação.
Essa família então tem que ressignificar toda a situação quando acontece o nascimento prematuro, desenvolver um novo olhar e a construção de uma nova história.
As emoções e sentimentos estão embaralhados, a família não sabe direito o que sentir, quer estar junto do bebe, mas têm também o medo da perda.
O profissional de saúde mental pode atuar aí em todos os momentos, ajudando nesta ressignificação, nesse novo olhar, nessa transição da história imaginada para a história real, do planejado para o possível.
Foi também com esta visão que o Núcleo de Saúde Mental foi criado, como um espaço de atendimento individual para esta família e também os grupos, onde as pessoas poderão ser ouvidas em suas dores, mas também apoiadas nesta reconstrução.
Coordenação do Núcleo de Saúde Mental
Simone de Melo Dantas – Psicanalista
Sueli Lopes - Psicóloga