ONG Prematuridade.com alerta para a questão, que é a principal causa de mortalidade infantil antes dos 5 anos
O caso de uma bebê, em Cingapura, que recebeu alta em agosto, após 13 meses na UTI ao nascer prematura com apenas 212g e 24 cm, chamou a atenção do mundo. A mãe deu à luz com pouco menos de 25 semanas, quando o tempo regular da gestação é de 40 semanas.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), em todo o mundo, cerca de 15 milhões de crianças nascem prematuras por ano, dos quais 1 milhão não sobrevivem. O Brasil é o 10º país no ranking global de partos prematuros, os quais ocasionam 10 vezes mais óbitos de crianças do que o câncer. Os últimos dados do Sinasc (Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos), de 2019, informam que, naquele ano, 315.831 bebês nasceram antes de 37 semanas, ou seja, pré-termo, o que representa 11% do total de nascimentos no país.
Mas por que o parto prematuro acontece? É possível prevenir? “São diversos os fatores associados ao nascimento de prematuros. Podemos citar desde a prematuridade espontânea, relacionada ao trabalho de parto antes do termo e não inibido, como as roturas da bolsa amniótica, responsável por 30% dos partos prematuros, além das complicações da saúde materna - hipertensão, diabetes, trombofilias, entre outras, que podem levar à necessidade de um parto prematuro dentro dos cuidados com os agravos maternos”, explica o ginecologista, obstetra e membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com, Adriano Paião dos Santos.
A prematuridade, portanto, se associa às patologias e comportamentos que podem ser previamente controlados na mãe, como hipertensão, que exige acompanhamento médico intensivo; e diabetes gestacional, causada pelo aumento do nível de glicose no sangue durante a gravidez e a qual uma dieta balanceada e exercícios físicos orientados são essenciais para o controle da questão. “Fumo, álcool, drogas, estresse, obesidade, desnutrição e baixo peso são outros fatores que contribuem para o parto prematuro”, lista o especialista. “Porém, o principal fator associado à prematuridade espontânea é a história de um bebê anterior, já prematuro”, salienta.
Sintomas como contrações a cada 10 minutos ou mais, mudanças na secreção vaginal, pressão pélvica, dor lombar, cólicas menstruais, cólica abdominal com ou sem diarreia podem ser sinais de trabalho de parto. “A qualquer um desses sinais, a gestante deve ligar imediatamente para o médico que a atende ou ir direto ao hospital mais próximo. Quanto antes o atendimento se inicia, maior a chance de prevenção da prematuridade”, fala o médico.
Adriano lembra, ainda, da importância da realização do pré-natal, com no mínimo seis consultas com o médico especialista. Durante o acompanhamento, são feitos exames trimestrais, para saber o estado de saúde da mãe e do bebê. Caso haja alteração, a gestante já recebe tratamento.
Veja outras medidas preventivas:
- Doenças crônicas e reações alérgicas já apresentadas, história familiar, assim como o histórico de saúde do pai do bebê devem ser relatados ao médico, pois cada detalhe é importante para uma gestação segura.
- Não se automedique. Alguns remédios são altamente perigosos para as gestantes e esses avisos, via de regra, estão escritos com letras minúsculas nas bulas dos medicamentos.
- Mantenha o calendário de vacinação atualizado. Algumas vacinas estão contraindicadas na gravidez e outras necessitam reforço. O médico poderá dar todas as orientações.
- Consuma ácido fólico e da vitamina B12, que vão garantir que o bebê não desenvolva malformações e danos no sistema nervoso. O consumo do ácido fólico deve ser iniciado antes mesmo da concepção do bebê. Esses nutrientes são facilmente encontrados em alimentos de origem animal (carnes, laticínios, ovos) e em vegetais verde-escuros.
- Esteja alerta para sangramentos e observe líquidos e secreções vaginais.
“Nascer prematuro traz riscos à saúde do bebê. Na realidade, hoje, 1 milhão de bebês vão a óbito todos os anos em decorrência da prematuridade no mundo. E, muitos dos que sobrevivem, carregam alguma sequela do nascimento antecipado. Por isso, toda forma de prevenção do parto prematuro é de grande valia para toda a sociedade”, pontua Denise Suguitani, diretora executiva da ONG Prematuridade.com.
Agradecimento à Sanofi Pasteur, pelo apoio às ações da ONG Prematuridade.com.