27 de Novembro de 2013

O milagre na vida de duas anjas

“Já tínhamos um filho de 5 anos quando decidimos que queríamos mais um. E aí começou a minha luta em busca desse sonho! Em fevereiro de 2011, tive uma gravidez ectópica, ou seja, o feto estava na trompa e precisei fazer uma videolaparoscopia. Em julho de 2011, engravidei novamente. Estava em uma alegria só, mas, com 8 semanas, o coração do bebê parou de bater. Sofri demais, sofria a cada dia e a cada mês que a minha menstruação atrasava e eu ficava naquela expectativa.

Eu fazia o BHCG e o resultado dava negativo, não estava grávida. Várias consultas, exames e estava tudo normal, mas eu não engravidava. O desejo de engravidar estava muito grande e eu sofria muito por não conseguir, até que a minha médica me receitou um remédio que estimularia a minha ovulação. Porém, esse remédio me fez ter uma hiperestimulação ovariana. Comecei a sentir muita dor no abdômen, como se fossem cólicas muito fortes. Precisei ir às pressas para o hospital e, chegando lá, descobrimos que os meus ovários estavam do tamanho de um melão. Eu estava com água no abdômen e havia um risco muito grande de acontecer uma ruptura nos ovários.

Fui internada imediatamente, pois o meu quadro era grave. No meio disso, a médica solicitou um BHCG e quando ela me falou isso, eu disse brava para ela: ‘Se os ovários estão desse tamanho, é quase impossível eu estar grávida!’. Eu não tinha mais esperança, tantas tentativas e nada, eu estava completamente sem fé que poderia está grávida. No entanto, o meu milagre estava apenas começando. Algumas horas depois, a médica entrou no quarto com os meus exames e deu a notícia que eu estava grávida e, pela dosagem do beta, eu não estaria esperando apenas um bebê, mas só teríamos certeza após algumas semanas com a ecografia. E, finalmente, depois de duas semanas internada, fiz a ecografia e veio o susto: eu estava grávida de trigêmeos! Sim, eram três bebês aqui dentro. Mas, infelizmente, com 8 semanas, o terceiro feto parou de desenvolver.

Começou, então, a segunda luta em busca desse sonho. Desde o começo os médicos falavam que eu corria um grande risco de ter parto prematuro e já era para eu ir me preparando, pois, além de serem gêmeas, eu também tinha um problema no meu útero; tenho útero didelfo, ele é dividido no meio, e, com isso, cada bebê estava em um lado do útero. Passei muitos e muitos dias lendo relatos de outras mães aqui no site Prematuridade.com e foi o que me ajudou bastante, era o que me dava força. Mandei alguns email para o atendimento do site questionando sobre algumas dúvidas da UTI, porque estava tentando me preparar para esse momento.

Com 28 semanas, comecei a entrar em trabalho de parto. Fiquei internada alguns dias e consegui inibir o trabalho de parto. Mesmo com repouso absoluto, com 32 semanas novamente comecei o trabalho de parto e, mais uma vez, consegui o inibir. Mas, com 35 semanas, as dores estavam mais fortes. O meu marido me levou correndo para o hospital, e, depois de alguns exames, a médica achou melhor fazer a cesárea, pois o trabalho de parto estava avançando muito. Tive medo, tive muito medo, mas muita fé também. Meu marido estava o tempo todo ali do meu lado, me dando força, me encorajando. E, no dia 14 de maio de 2013, as minhas duas princesinhas nasceram!

Mas começava mais um período difícil que teríamos que passar. Mariana veio primeiro, nasceu bem, pesava mais de 2 kg. Me mostraram ela bem rápido e logo a levaram para os primeiros cuidados. A Alice também nasceu com mais de 2 kg, mas o pulmãozinho dela era bem imaturo ainda e ela tinha dificuldades de respirar, então, foi imediatamente para a UTI, vi ela apenas de longe. O choro delas eram bem fraquinho, quase não ouvia e começou assim todo o meu sofrimento.

Tive uma hemorragia muito grande durante o parto. Foi uma cirurgia muito difícil e complicada pelo formato do meu útero. Eu estava tendo ruptura do útero, a placenta estava muito aderida ao corno esquerdo, o que me fez precisar de uma transfusão de sangue alguns dias após o parto.

A Mariana estava bem, passou a noite com a gente no quarto, mas aquela noite não dormi. A minha Alice estava na UTI e eles não me davam informação de como ela estava. Eu não via a hora de amanhecer o dia para poder conhecer a minha pequena. Finalmente, o dia amanheceu e chegou a hora da visita e eu e o meu marido fomos ver a nossa princesinha. Foi uma dor muito grande ver a minha Alice naquela incubadora, na UTI Neo, em um lugar frio de amor, sem o calor de mãe e de pai, ali sozinha, tão frágil, tão pequena, cheia de tubos e sondas nela. A minha vontade era de arrancar ela dali, pegá-la no colo, mas isso não foi possível. Mas o pior ainda estava por vir...

Quando fui conversar com a pediatra, contei a ela que eu tive infecção urinária várias vezes na gestação, e ela, por precaução, mandou a Mariana ficar na UTI também por alguns dias, fazendo exames para descartar a hipótese dela ter contraído a bactéria também. Meu Deus, as minhas duas princesas, as minhas duas anjinhas longe de mim? Eu achei que não fosse aguentar! Naquele momento, me senti impotente. Eu não queria estar passando aquela situação, mas eu não tinha escolha. Contávamos os minutos para chegar o horário de visita para poder ver as nossas filhas, ficar pertinho delas. Falávamos para elas serem fortes, que elas eram muito amadas e que elas iam sair logo daquele lugar.

Com 4 dias delas na UTI, o meu sogro veio a falecer em outra cidade e o meu marido precisou me deixar sozinha. Então, repetia isso todos os dias: descia sozinha para visitá-las e, mais uma vez, pedir para elas serem fortes e saírem logo dali. Com 3 dias internada, a Mariana teve alta, mas a Alice ainda estava nos respiradores. O que mais doía era que eu não podia pegar a Alice no colo, apenas tocá-la com as pontas do dedo. Ela ficava com uma venda nos olhos e eu não conseguia ver os seus olhinhos, o seu rostinho por completo. Mas, depois de muitas orações e muita fé, com 8 dias de luta, finalmente, chegou o dia em que eu poderia pegar a minha princesa Alice pela primeira vez. E, quando a peguei em meus braços, ela abriu os seus lindos olhos azuis e pude ver seu rostinho tão lindo, ela ali nos meus braços, mamando tão bem, agarrada em minha roupa. Eu tremia, eu chorava, eu agradecia a Deus por ela ter sido tão guerreira e ter conseguido lutar pela vidinha dela, e estava ali pronta para sair da UTI. Finalmente a minha alegria estava completa. Com 9 dias de UTI, a Alice teve alta e foi para o quarto junto da irmã. Eu só sabia agradecer a Deus por tudo que tínhamos passado, pelo milagre da vida delas, por tantas as dificuldades que passamos, mas elas estavam ali comigo, lindas e bem e era só isso que importava para mim.

A Alice e a Mariana foram e são um milagre em nossas vidas! Depois de tantas complicações Deus se mostrou tão grandioso nos dando essas duas anjas para alegrar nossas vidas. Hoje, elas tem 6 meses, estão ótimas, perfeitas e se desenvolvendo bem, dentro do esperado pelos pediatras.”

Aline, mãe da Alice e da Mariana

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