29 de Maio de 2014

O inesperado e tão amado Davi Miguel

“Olá! Me chamo Elisangela, sou de Itapoá (SC).
Em abril de 2013, resolvi fazer uma laqueadura (ligaduras de tubas), pois já tinha um filho com 18 anos e outro com 11. Eu estava decidida que não queria mais filhos. Queria trabalhar, estudar e fazer o vestibular para Pedagogia.

Então, no dia 10 de abril, fiz todos os exames pré-operatórios que o médico solicitou, inclusive um Beta HCG. Deu tudo ok! No entanto, eu estava tomando anticoncepcional e menstruando regularmente, sem nenhum atraso e fluxo normal.

Então, chegou o dia da cirurgia, dia 17 de abril em 2013, fiz e deu tudo certo. A única coisa é que tive que usar um dreno para urinar, pois não conseguia fazer xixi. Voltei para casa, minha recuperação foi ótima. No dia 29 ou 30, não me recordo muito bem, de maio, comecei a ter dor no estômago e náuseas. O meu marido foi até a farmácia e comprou uns comprimidos. Tomei, mas não fazia efeito algum. Comecei a desconfiar que estava grávida, porque os sintomas eram idênticos. Estava preocupada, pois não acreditava que a cirurgia não havia funcionado... Meu Deus, e agora?

Fui na farmácia e comprei um teste. Para minha surpresa, deu positivo. Me desesperei, porque não queria mais. E agora o que eu faço? Liguei para o meu marido, e ele também ficou apavorado. Fomos até o laboratório fazer um Beta HCG para ter mais certeza. Fiz e deu Reagente. Então, questionei como estava grávida se tinha feito laqueadura. Eles me responderam que eu só estava com um distúrbio hormonal, que eu podia fazer uma ultra transvaginal que não daria em nada.

Fui para a cidade de Joinville e fiz o exame. Quando a Dr. começou a fazer, eu já vi na tela ele em formação com seu coraçãozinho a mil! Meu Deus, era verdade mesmo, estava grávida de 2 meses e meio. Resumindo: quando fiz a laqueadura eu já estava grávida, e nos meus exames pré-operatórios tinha dado tudo negativo, estava tudo ok.

Aí veio a pior parte: a aceitação. Eu não queria de jeito nenhum aquele bebê, o meu marido também não. Os dias foram passando, resolvi conversar com a minha mãe, e foi ela quem me deu palavras de conforto e carinho, me dizendo: “Filha, se ele veio desse jeito, é porque Deus tem um projeto muito grande na vida dele. Ele resistiu a uma anestesia tão forte, e está aí no seu ventre. Que venha com saúde e que seja da vontade do Senhor!”

Fui para casa e conversei com o meu marido. Acabamos aceitando e nos acostumando com a ideia. Estava tendo uma gravidez tranquila, mas sofri muita calunia, me difamaram, dizendo que eu sabia que estava grávida e fiz a cirurgia assim mesmo. Imagina que correria esse risco, e por a vida de um anjo em risco também! Os meses foram passando, estava tudo bem, nossa casa em reforma a espera do nosso Davi Miguel, esse era o nome que já tínhamos escolhido, com um quarto só para ele, o papai havia planejado tudo.

No dia 11 de outubro do mesmo ano, vim do trabalho um pouco cansada, com meus pés muito inchados. Fui até na minha mãe, como era de costume, aí ela falou para eu ir até a farmácia aferir a minha pressão, mas questionei ela quando ela disse que eu estava com a pressão alta, pois nunca tive. Fomos na farmácia e a minha pressão estava 16/9, ou seja, alta.

Voltamos para casa, tomei banho, mas com aquele mal-estar, dor na nuca e abdômen. O meu marido me levou ao Pronto Socorro, e, quando cheguei lá, já estava com 22 de pressão alta. Me encaminharam urgente para a Maternidade Darcy Vargas, em Joinville. Me internaram e fiz vários exames. Eu estava de 28 semanas, mas todos os dias passava muito mal. Ela subia e descia, eu não dormia e tinha muita dor devido a pressão. Saiu o resultado dos exames, e deu que eu estava com as plaquetas muito baixas e que eu estava com eclâmpsia grave. Eu ficaria internada até 34 semanas para, então, interromper a gestação, porque corríamos risco, tanto eu quanto o meu bebê. Mas o marido, meu companheiro de todas as horas, me visitava todo dia. Mesmo morando longe de Joinville, ele ficou do meu lado sempre. Todo dia de visita ele estava lá, pois sabia que a minha situação era grave, eu estava muito fraca, respiração ofegante, muito inchada... estava sofrendo muito.

Então, no dia 17 de outubro, recebi a visita da minha irmã amada Elenice, mas eu estava muito mal aquele dia. Ela foi embora e a minha pressão começou a subir. As enfermeiras me medicavam, mas não estava adiantando. Me levaram para o pré-parto, passei a noite lá. Eu não estava mais aguentando tanta dor, não conseguia respirar... Eu só queria que tirassem o meu bebê, porque eu não tinha mais forças para resistir.

Ao amanhecer, o médico foi me ver e disse: “Mãezinha, vamos ter que interromper a sua gestação hoje, porque você está muito fraca e a sua pressão não quer baixar mais. O seu organismo não está resistindo. Hoje às 13 horas, vamos avisar a sua família”. O Dr. saiu e eu não vi mais nada! Desmaiei e tive queda de saturação. Correram e fizeram uma cesária de emergência. Fui extubada na hora da cesária e tive edema pulmonar. Com 29 semanas, Davi nasceu e os médicos tentaram tirar o tubo, mas eu não reagi, então me encaminharam urgentemente para a UTI. Meu bebê na UTI Neo e eu no hospital regional da cidade. Fui acordar apenas no outro dia. Fiquei 7 dias internada, passei várias experiências naquela UTI. Queria ver o meu bebê, saber como ele estava, a sua situação. O meu marido levava notícias dele todos os dias.

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Até que enfim eu melhorei e tive alta. Corri para ver o meu guerreirinho! Desde esse dia, nunca mais fiquei longe dele. Eu ia todos os dias ficar pertinho dele, olhar o seu rostinho, tão pequenino, tão frágil... Ele teve paradas, anemia, infecção, displasia pulmonar... Tinha muita dificuldade na respiração. Nossa, foi uma batalha! Fiquei 2 meses com ele internado, até chegar o sonhado dia da alta, graças a Deus.

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Fomos para casa no dia 31 de dezembro. Ele teve febre alta e levamos ao hospital. O meu bebê estava muito mal! Foram feitos exames e foi constatado que ele estava com meningite viral. Enquanto eu aquardava o raio-x com ele no meu colo, ele teve uma parada cardíaca. Eu gritava por socorro e o levaram para reanimá-lo. Eu não ouvia o choro dele, fiquei em estado de choque. Só pedia para Deus que não levasse o meu bebê. Agora não... Eu queria o levar para casa. Depois de tudo que passamos, eu não aceitava perdê-lo.

O médico conversou comigo e foi bem franco: falou que o estado de saúde dele era muito grave, que tinha que ir pra UTI cardio urgente. Nesse momento, estou em lágrimas, porque relembrar tudo isso me faz sofrer muito. Fiquei com meu filho 10 dias internado. Muito sofrimento passei com ele naquele hospital. Mas, graças a Deus, ele se recuperou, ganhando peso. Agora, com 7 meses, ele está lindo e muito sapeca. Amamos muito o nosso pequeno gigante! É a nossa alegria de viver. Te amamos, Davi Miguel!”

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Elisangela, mãe do Davi Miguel

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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