20 de Outubro de 2023

Minha guerreira Melissa, 780 gramas

Bom, desde o dia que soube que estava grávida comecei o acompanhamento médico, minha gravidez era tranquila.

No dia 23 de março de 2019 acordei durante a madrugada com cólicas, até então pra mim era tudo normal mas foram ficando cada vez mais fortes, eu estava de 24 semanas, então chamei meu marido e fomos para o hospital.

Era uma dor terrível, quando chegamos lá era sábado, 7 horas da mamã talvez um pouco mais, duas enfermeiras nos receberam, eu estava gritando de dor, então fizeram o exame de toc e ouviram os batimentos da minha bebê, falaram que estava tudo normal, mandaram tomar um Buscopan e ir pra casa, mas Graças a Deus meu marido não aceitou e brigou bastante com elas para chamarem um médico, então elas por fim ligaram pra obstetra.

Quando ela chegou e foi me examinar eu já estava em trabalho de parto, com dilatação praticamente completa, no início a Dra. pensou em encaminhar-me para o parto em outro hospital já que eu estava de 24 semanas e obviamente o bebê precisaria de UTI neo e o hospital em que estávamos não tem capacitação, então ela começou as ligações infinitas, mas eu não aguentava mais e ela precisou fazer o parto, chamou um pediatra e lá fomos nós, eu juro que uma parte de mim lutava para minha menina não nascer, ficar comigo, pois eu sabia que as chances dela sobreviver eram mínimas. Na verdade nem existiam, já fui preparada antes do parto para ter um bebê sem vida, mas Deus é maravilhoso.

Melissa nasceu as 8:40 da manhã, 780 gramas, chorando o pediatra chegou e então começou a luta para manter ela viva até a ambulância de UTI móvel chegar de outra cidade (na nossa cidade não tem ambulância de UTI móvel) para leva-la a outro hospital com os devidos cuidados, depois de 1 h e 30 min de espera, luta para manter ela viva a ambulância enfim chegou, então lá se foi meu pedaço de gente junto com seu pai.

Levaram mais de 1 h para chegar no hospital, eu precisei ficar pois estava em estado de choque, e pós parto então fiquei para me recuperar e poder ir, mas durante a tarde eu não aguentava mais e implorei para a médica me deixar ir, ela ficou com muita pena de mim, então me deixou ir com a condição de eu ficar sob observação no outro hospital.

E lá fui eu, quando cheguei meu marido foi me encontrar para ir na UTI ver nossa pequena, eu estava com negação, não aceitava o fato dela ter nascido, me culpava, não conseguia nem olhar para ela, só chorava, queria poder colocar ela de volta na barriga, mas eu nunca esqueci das enfermeiras que me receberam, maravilhosas, educadas, me confortaram me acolheram, e daquele dia então foi uma luta, 3 meses de UTI neo, 10 dias de pediatria, várias transfusões de sangue, várias paradas, infecções infinitas, hemorragia intra craniana de grau 3, sopro no coração, uma luta, não foi fácil, eu passei esses 3 meses morando dentro do hospital, em um quartinho que o hospital tem para mães de UTI que moram em outras cidades.

Todo dia eu ficava com ela, todo dia eu chorava no lado da incubadora pedindo pra Deus uma chance pra ela, todo dia eu lutava contra minha ansiedade, todo dia eu colocava um sorriso no rosto e fingia que tava tudo bem que eu ia superar, todo dia eu respondia para as pessoas que ela estava bem, mesmo sabendo que ela tinha o mínimo possível de chance, todos os dias eu deitava na cama para dormir chorando e acordava chorando.

Mas Deus com sua bondade divina nos acolheu, e deu forças para vencer, a Melissa venceu, passou por tudo, saímos da UTI com 2 kg 100 g, mamando na mamadeira.

Fizemos vários exames, absorveu a hemorragia, sopro fechou, nenhuma sequela!

É uma criança linda, feliz, brinca, pula, corre, grita ela é tudo que eu sempre sonhei e muito mais, e eu agradeço a Deus todos os dias por me conceder a chance de tê-la comigo!

Se vcs me perguntarem porque estou contando a história agora, eu nunca consegui falar sobre isso antes, ainda estou lidando com os traumas que eu tive, mas vou melhorar!

Obrigada!

Relato endiado pela mamãe Leticia em 20/09/2022

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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