23 de Dezembro de 2023
Meu milagre Maria Hellena
Com apenas 27 semanas e 4 dias de gestação, eu tive uma crise de eclâmpsia e minha pressão foi para 24 por 10 onde cheguei desacordada no hospital São Lucas em Poções. Sendo assim, fui atendida de emergência e fiquei de 7h da noite às 3h da manhã sendo medicada, a pressão baixou apenas para 17 por 10 e pedi pro médico me deixar ir pra casa pois tava melhor, que no outro dia pela manhã eu tinha uma consulta com obstetra não poderia perder. Assinei o termo de responsabilidade e fui pra casa, às 6h da manhã já estava de pé pra ir pra policlínica, chegando lá fui para triagem onde minha pressão já estava muito alta. Fui chamada pelo obstetra, ele me avaliou e viu que tinha dado uma alteração na minha artéria umbilical (onde levava oxigênio pro meu bebê), então ele me deu um relatório pra eu ir ao hospital São Lucas pra eles me encaminharem pra Conquista. Ali meu mundo desabou, tive muito medo e desespero, só sabia chorar.
Eu tinha que ser forte pois tinha um ser dentro de mim que precisava muito da minha calma, fui em casa e peguei nossas coisas e fui pro hospital, chegando lá me internaram e fiquei esperando a vaga, minha pressão não baixava sendo medida de 20 em 20 minutos. Até que a vaga saiu às 11h horas da noite, chegamos em Conquista meia noite, onde o mesmo médico obstetra me recebeu no hospital Esaú Matos. De cara já me internou e me colocou pra sulfatar, e tomando uma injeção para amadurecer o pulmão do meu bebê, eu a todo tempo chorando e orando muito. Na sexta fiz uma ultrassom no hospital que mostrou que a bebê estava com insuficiência placentária e restrição de crescimento, onde a qualquer momento ela poderia entrar em sofrimento fetal dentro da minha barriga, correndo risco nós duas. Depois de 2 dias internada, exatamente às 15:30, começou a sair um líquido verde e eu senti a minha barriga endurecendo, os médicos não ouviam mais os batimentos dela. Me levaram direto pra sala de cirurgia pois ele disse que eu não tinha nem 5 minutos mais de vida e que minha filha não ia sobreviver.
Eu entrei em desespero, não deu tempo do meu esposo assistir o parto pois seria de emergência, minha tia que me acompanhou e a médica não deu nenhuma esperança de que sobreviveríamos. Mas o Deus que habita em nossas vidas é maior que qualquer coisa! Entramos na sala de parto às 15:50 e ela veio ao mundo às 16h em ponto, não tinha dado nem tempo de pegar a anestesia direito, quando eu ouvi o choro dela eu não aguentei e desabei pois o amor da minha vida estava ali tão perto e ao mesmo tempo longe. Não pude vê-la, as médicas ficaram admiradas pois nem cinco minutos depois a bebê estava chorando e já chupando a mangueira do oxigênio e eu sendo costurada falando já no telefone, rs. Levaram minha filha pra UTI neonatal e eu tive uma crise de eclâmpsia depois do parto onde todos acharam que eu não iria sobreviver. Fiquei no corredor das 17h às 20h esperando vaga pro quarto sem saber da minha filha, minha família sem saber se eu estava bem. No domingo à noite tiraram a medicação e a sonda, tudo que eu queria era ir ver minha filha, não consegui ir andando e precisei de cadeira de rodas. Vi meu milagre cheia de aparelhos bem pequeninha pois ela tinha nascido com 850 gramas, 33 centímetros e 28 semanas. Sendo uma prematuro extrema pig de baixo peso e alto risco, tão pequena e indefesa, eu orei tanto pra Deus.
Foram 40 dias de UTI, ela pegou uma bactéria hospitalar e tomou antibióticos fortes, quando ela estava se recuperando e tinha voltado a dieta veio o baque: ela pegou enterocolite, uma das doenças que mais mata prematuros. Meu mundo desabou, ela teria que ficar 14 dias de dieta zero e com vários remédios. Todos os dias ia um cirurgião olha-lá pra poder fazer a cirurgia e eu em oração e agradecendo a todo instante a Deus, ela parou de fazer xixi e começou a inchar muito e eu em oração. Ela se recuperou tão rápido da enterocolite que os médicos ficaram sem entender, mas eu entendo, foi a misericórdia de Deus e amor dele que a salvou. Com 40 dias fomos transferidas para semi intensiva, uma etapa já tínhamos vencidos, com 9 dias na semi intensiva fomos transferidas pro canguru, eu chorei tanto porque já foi mais outra etapa vencida, no canguru eu pude ser mãe, pegar meu bebê no colo, trocar, ficar agarradinha com ela e todo dia de pesagem era uma ansiedade para alcançar o peso para irmos pra casa.
Então chegou esse tão sonhado dia, foram tantas lágrimas de desespero e de angústia, foi um processo difícil de onde saímos vitoriosas e só tenho a agradecer a Deus, minha família por ter me apoiado, amigos e amigas de almas que eu conheci aqui ao longo desse processo, toda a equipe do hospital Esaú Matos que me acolheram como uma família. Foram 27 dias de canguru e a tão sonhada alta veio, María Hellena uma guerreira.