03 de Junho de 2024

Meu bebê milagre de 23 semanas e 580g

Olá, eu sou a mãe de um milagre lindo que hoje tem 8 meses de vida e 4 meses de idade corrigida e que ficou internada por 130 dias na UTI neonatal. Maria Alice nasceu no dia 10/10/2023 às 6h52. Mas tudo começou no dia 8 de outubro quando eu estava no trabalho e entrei em trabalho de parto, corri para as urgências do hospital e logo fui internada, então fizeram de tudo para que eu a conseguisse segurar, mas já estava com a bolsa rota e na segunda-feira à tarde por volta das 18h a bolsa estourou, mas ainda assim tinham a esperança de que ela continuasse lá dentro pois estava muito bem, até que as dores só aumentavam e ela veio ao mundo de parto normal.

Antes disso os médicos sempre foram muito francos e sinceros comigo sobre a expectativa de vida na idade gestacional dela, diziam que ela poderia não resistir até a via de parto ou se nascesse com vida poderia não resistir a primeira hora ou primeiro dia. Mas me prometeram que se ela quisesse viver eles iam ajudar até onde a medicina fosse possível e foi então que ela nasceu a chorar e com respiração irregular, foi entubada no terceiro minuto de vida e desde então travou uma luta com a prematuridade, fez 5 transfusões de sangue, centenas de gasometrias, foi entubada e extubada 3 vezes, cada dia de vida era uma grande vitória. Fez a medicação para fechar a PCA (persistência do canal arterial) no coração três vezes, recebeu indicação para cirurgia invasiva quando chegou ao peso de 1kg, mas acabou pegando uma infecção muito forte e foi tratada por 10 dias de antibióticos, mas essa não foi a única infecção, teve mais duas.

Com alguns dias de vida os rins pararam de funcionar e ela dobrou o peso pela retenção de líquido o que foi extremamente preocupante pois aumentou a carga no coração e acabou também aumentando de tamanho além de aumentar ainda mais o canal que ainda estava aberto. Tomou medicação para ajudar a “drenar” os líquidos do corpo e voltou ao peso normal porém não com a funcionalidade total dos rins, ainda assim, ela vivia numa grande luta pela sobrevivência e complicações ao mesmo tempo. Mas desde o primeiro dia de vida foi alimentada com o meu leite materno, diziam que era ouro para ela e que a ajudou muito. Depois de tratada a infecção voltaram a fazer exames para a tal cirurgia no coração e ficaram surpresos quando viram que havia diminuído, mas não fechado totalmente, porém pelo tamanho que estava já não era mais necessário a cirurgia invasiva para fechamento do canal. Foi aí que surgiu a esperança de que se fecharia naturalmente. Por passar muito tempo entubada, acabou sendo acometida com a retinopatia da prematuridade e teve que fazer uma intervenção com injeções nos dois olhos para que parasse o crescimento dos vasos da retina, caso contrário lhe causaria a cegueira.

Após 77 dias entubada, Maria Alice foi extubada pela última vez já com 1.500kg e passou para a sala da UTI intermediária, onde passou a receber oxigênio pelo alto fluxo e intensificou as fisioterapias respiratória e motora, mas a cada novo estímulo ainda ficava MUITO CANSADINHA com um esforço respiratório gigante, pois o canal do coração seguia aberto. Além disso, era preciso que Maria Alice já começasse a pegar a mama, mas não podíamos exigir muito, aliás ainda era muito pequenina e não tinha lá essas forças além de se cansar muito rápido, ainda assim ela era cheia de vontade e se esforçava muito para aprender a mamar. Até que um dia foi proposto a ela ficar só com a mama para vermos através do teste de fralda se ela já estava apta a ir para o berçário da UTI (lá estaríamos com 1 pezinho em casa já).

Passou no teste da fralda e passamos para o berçário ainda dependente do oxigênio. Maria Alice seguiu ganhando peso e cada vez mais esperta para comer na mama e na mamadeira, foi então que surgiu a ideia de levarmos alta mesmo se fosse ainda com o oxigênio pra casa. Então nos deram a receita para que solicitássemos a instalação do oxigênio em casa pois Maria Alice já não precisava ficar na UTI somente pela dependência do oxigênio, instalaram tudo em casa e 1 semana antes da alta dela, simplesmente não precisava mais do oxigênio e fomos para casa.

Costumo dizer que não conseguimos “ultrapassar” a prematuridade na gestação, mas nós a enfrentamos e vencemos. Hoje em dia Maria Alice está super saudável e evoluindo muito bem, bem mais do que era expectável a ela. Seguimos com a PCA mas agora poderá ser fechado através de cateter e sem cirurgias invasivas. Ela é um verdadeiro milagre!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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