04 de Julho de 2013
Manuela: um lindo presente de Natal
“Meu presente de Natal, Manuela nasceu dia 24 de dezembro de 2012, às 15h. Prematuro extremo, medindo 34 cm e pesando 1,090kg. Assim vou começar a história desta pequena guerreira que veio para iluminar nossa vida.
Fiquei sabendo que estava grávida logo depois do dias dos namorados. Foi uma grata surpresa, nós não esperávamos, na verdade, nada planejado. Então começamos logo o pré-natal. Tive a sorte de conseguir um médico que, além de muito profissional, foi exato e preciso em suas atitudes: Dr. Mário Sérgio Caetano.
Tudo corria bem até o sexto mês de gravidez. Fazendo os exames de rotina que toda grávida deve fazer, descobri que estava com Diabetes Gestacional e, para completar, com Pré-eclâmpsia. Aí começou a minha luta, regime para controlar a diabetes e remédio para controlar a pressão. Até que, dia 21 de dezembro, fui a mais uma consulta e veio a surpresa: minha pressão não estava controlando com o remédio, então Dr. Mário Sérgio resolveu me internar. Saí dali e fui imediatamente para o hospital. Lá, passei a noite sendo monitorada, tomando soro e mais remédios para a pressão e diabetes.
Pela manhã, fui fazer um ultrassom e foi o pior momento da minha vida. Meu chão se abriu e me vi sozinha ouvindo a frase: "Vamos transferir ela agora, não temos como manter ela aqui, pois seu bebê será prematuro e aqui não temos como receber." Fiquei sem ação, liguei para o meu marido aos prantos, ele sem entender correu para o hospital. Antes de ele chegar, ouvi a voz do meu médico e fui logo falar com ele. Dr. Mário Sérgio se recusou a falar comigo enquanto meu marido não estivesse junto. Foram os 30 minutos mais longos da minha vida.
Luciano chegou e logo veio o doutor com outra médica. A notícia foi que eu sairia dali e iria para o Hospital Escola, onde já havia um leito reservado para mim e minha bebê, pois ela teria que nascer entre o dia 23 e 24 no máximo. Entrei em pânico, ali acabavam todos os meus planos. Chorei por horas, gritei, procurei a causa de tudo aquilo acontecer com a gente. E não achei resposta alguma, só veio o silêncio e a dúvida: será que tudo isto vai dar certo?
Despedi-me do meu médico e amigo ali no hospital e, saber que ele não poderia estar comigo no outro hospital, me fez sentir só e com medo. Mas as suas palavras de carinho me deram força. A chegada no outro hospital foi feita de ambulância, pois eu e a Manu estávamos sendo monitoradas. Momento tenso, já ia para sala de parto quando tudo foi suspenso, pois havia comido um pão de queijo.
Mais uma noite internada e com esperança que os remédios fossem me ajudar. Amanheceu, fiquei feliz por saber que era Natal. E lá fomos nós para mais um ultrassom, aí veio a triste notícia: meu líquido havia baixado e eu não produzia mais, fissura no útero no lado esquerdo e pressão nas alturas. Resultado, Manu nasceria naquele dia.
Manuela nasceu pesando 1.,090kg e medindo 34cm, com 30 semanas de gestação. Vi ela de longe e de costas para mim. Tão pequena, branquinha e com um lindo cabelo loiro, um anjo! Passei a noite chamando por ela e meu marido ali, do meu lado, me enchendo de esperanças. Levantei, tomei banho, me enchi de forças e fui andando ao encontro dela. Sabia que a Manu não estava entubada, que respirava sozinha sem ajuda, isto me deu forças, pensava que em dois dias levaria ela embora.
Entrei com meu marido, lavamos as mãos, me vesti e, quando fui dar o primeiro passo, ele me falou que ela estava entubada. Me desesperei! Tinha pouco tempo que havia sido entubada, pois ela se cansou e sua saturação caía demais, estava com a boquinha meio aberta, com uma touca na cabeça e milhões de aparelhos ligados nela. Confesso que, naquele momento, me ceguei, só ouvia o barulho dos aparelhos. Sentei e chorei muito abraçada ao pai da Manu.
Não poder tocá-la ou pega-lá fazia me sentir pior. Dali para frente, começamos a lutar junto com ela. Manuela teve pneumonia nos dois pulmões, anemia 3 vezes, apnéia, paralisia em um dos rins e crise convulsiva. E os remédios não ajudavam. No ano novo, a médica disse que ela não reagia e que estava mal. Ficamos no hospital até às 20h. Fui para casa e pedi muito a Nossa Senhora da Medalha que a cobrisse com seu manto, como ela cobriu seu filho. Dali a dois dias, Manu só foi melhorando e, dia 15 de janeiro, ela não estava mais entubada. Dia 30 de janeiro ela recebeu alta da UTI Neo Natal. Foi para a pediatria, onde ficamos mais 10 dias. No total foram 48 dias de internação.
Hoje a Manu está com 1 ano e 4 meses, linda e sem nenhuma seqüela. Minha vida mudou muito, aprendi a lutar junto com ela e não reclamar tanto da vida, pois estes pequenos lutam todos os dias incansavelmente. Quero agradecer aqui à UTI Neo Natal do Hospital Escola de Uberaba, ao Dr. Mário Sérgio Caetano, ao meu marido Luciano Rodrigo Ferreira, aos amigos e família que, incansavelmente, estiveram conosco aqueles dias que pareciam nunca ter fim. E, por fim, à minha filha Sofia, que me esperava todos os dias em casa com a cama prontinha e com muito carinho para me dar. Obrigada por entender o tempo que estive ausente e que chorei muitas vezes agarrada a você. Te amo!”
Nara, mãe da Manuela