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11.07.2019

Luto Parental e prematuridade: 70% dos óbitos neonatais são consequência de partos prematuros

Durante a 1ª Semana Gaúcha do Luto Parental, que aconteceu de 1º a 7 de julho, a ONG Amada Helena, parceira da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros - ONG Prematuridade.com, promoveu, juntamente com Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, promoveu no dia 03/07 uma audiência pública para abordar o tema e evidenciar a necessidade do melhor acolhimento de pais e mães enlutados. A audiência, realizada no Espaço de Convergência da Assembleia,em Porto Alegre (RS), contou com a presença do Secretário Estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Catarina Paladini, e com parlamentares, autoridades e gestores da área da Saúde, além de outras entidades vinculadas ao tema.

Denise Suguitani, diretora executiva da ONG Prematuridade.com participou da audiência e contribuiu com uma fala sobre a relação da prematuridade com o luto “Parto Prematuro: a Luta pela Vida”. Durante a apresentação, Denise ressaltou o trabalho que já vem sendo realizado junto a autoridades dos governos estaduais e federais para o aumento de leitos de UTI neonatal, além do trabalho para humanização no acolhimento das famílias que passam pela perda de um filho, seja ele prematuro ou não.

“Se é difícil enfrentar a morte no fim da vida, o fim da vida logo no início é dor condenada ao silêncio.”*

Tratado como tabu pela sociedade, o luto parental ganha visibilidade e pede alteração nos procedimentos hospitalares, como clama a ONG Amada Helena, que surgiu em 2013 depois que Tatiana Maffini, perdeu a filha prematura com apenas 17 dias de vida. O objetivo da Amada Helena é acolher e orientar pais e mães e lutar pela garantia dos direitos existentes e avançar em políticas públicas relacionadas ao luto parental.

Durante a audiência pública, o médico paliativista da Santa Casa de Porto Alegre e especialista em luto, João Luiz de Souza Hopf, ponderou que “além de entender o tamanho da dor, temos a obrigação de trazer a discussão de forma aberta e sincera para a sociedade”. Hopf entende que é preciso reverter a “desumanização da assistência em saúde”, e o acolhimento dos enlutados é um grande desafio. Dados revelam que os estudantes de medicina recém-formados, enfrentam apenas no primeiro ano a morte de 40 a 50 pacientes e esses profissionais, em sua maioria, relatam estresse e despreparo para essa situação. “Tanto quanto garantir o ensino de técnicas para o alívio de sintomas, é preciso desenvolver competências humanas como empatia e solidariedade para que esse cuidado seja dado aos pacientes e às famílias”, afinal, orientou o especialista, “uma das coisas que o luto ensina é que nunca perdemos as pessoas que amamos, pois elas permanecem em nossas vidas”.

As discussões sobre o tema do Luto Parental durante a audiência resultaram no encaminhamento de proposta de projeto de lei para normatizar procedimentos nos hospitais nos casos de morte de bebês, como a utilização de pulseira de identificação para a mãe e a possibilidade de quartos separados aos pais enlutados, conforme sugeriu a ONG Amada Helena, responsável pela proposição da audiência pública à deputada Fran Somensi (PRB).

No sábado, dia 06 de julho, aconteceu o 3º Encontro Multiprofissional para falar de Luto Parental, no auditório do prédio 9 da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foi mais um dia cheio de emoções e aprendizado, que contou o depoimento de pais enlutados e com a participação de especialistas. A ONG Prematuridade.com, representada por sua diretora, Denise, participou da mesa redonda “Práticas Humanizadas no Cuidado Integral às famílias”.

Para Denise Suguitani, “precisamos acelerar políticas públicas que diminuam a incidência de partos prematuros no Brasil e que ofereçam acolhimento e a assistência de saúde mais adequados às famílias que enfrentam a perda de um filho. Parafraseando a jornalista Eliane Brum, em um artigo escrito para a revista Época, “Infelizmente, homens e mulheres, a cada ano, vão continuar perdendo bebês. Se, depois de todas as tentativas, não houver como salvá-los, é preciso compreender que, pelo menos, é possível salvar aquela família. Cuidando dela”, comentou.

*Fonte: frase do artigo “A mãe órfã", escrito por Eliane Brum para a revista Época

(Fotos: Marcio Ferraz/cedidas pela ONG Amada Helena)

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