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25.04.2011

Leitura para bebês em UTI Neonatal


     "Muitos bebês em unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais se beneficiam de aparelhos, intervenções cirúrgicas, equipamentos e tratamentos de última geração, responsáveis por garantir sua sobrevivência nos primeiros dias ou meses de vida.
     Mas como tornar esse cenário de parafernália, repleto de luzes e ruídos, mais humano e propício ao desenvolvimento físico e emocional desses bebês?
     Pensando nisso, o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), por meio do projeto Biblioteca Viva em Hospitais e do Departamento de Neonatologia, criou o projeto Leitura para recém-nascidos em berçário de alto risco, pioneiro no país. E a iniciativa, que completa agora cinco anos, tem se revelado bem-sucedida.
     A pedagoga e coordenadora do Biblioteca Viva, Magdalena Oliveira, conta que resistiu à ideia de levar a leitura para os bebês internados porque ainda buscava bases teóricas que tratassem de seus benefícios. "Depois de me aprofundar no tema, concluí que o vínculo e a estimulação precoces enriqueciam o relacionamento mãe e filho, e que esses elementos poderiam vir também por meio da literatura", ressalta.
     A cumplicidade de alguns profissionais da unidade, como a neonatologista Olga Bomfim, funcionou como motor para iniciar o trabalho. "A prática já permeava grande parte do hospital e, embora não existisse um modelo de leitura dentro de uma UTI neonatal, esta seria uma oportunidade de oferecer outro aspecto de interação com o recém-nascido e sua família. Todo bebê depende de estímulo, mesmo que não seja prematuro e não esteja internado. Por isso, todas as possibilidades de impulsionar seu desenvolvimento e dar carinho, atenção e cuidado devem ser aproveitadas", lembra a médica.
   Atualmente, a leitura para recém-nascidos já integra o dia-a-dia do IFF, recebendo o apoio da equipe e das famílias das crianças internadas. Cinco vezes por semana, nove voluntárias leem nos berçários de alto risco e intermediário (uma espécie de "pré-alta") do Instituto.
     A iniciativa também alcançou visibilidade nacional. Em 2007, foi indicada ao Prêmio Vivaleitura, promovido pelo Ministério da Educação, Ministério da Cultura e organizações internacionais de educação e patrocinado pela Fundação Santillana. Ficou entre os cinco finalistas em sua categoria, destinada a sociedades, ONGs, pessoas físicas, universidades/faculdades e instituições sociais. 


     O menino Kaio Pinto parece não ter esquecido o contato inicial com a literatura, quando esteve internado na UTI neonatal do IFF em seus primeiros dias de vida. A mãe dele, Altacy Mendes, lembra que, na primeira vez em que a voluntária perguntou se podia ler para o seu filho, ela indagou, incrédula: "E ele entende alguma coisa, moça?" Mas o menino ficou com os olhos grudados no livro e a impressão foi de que ele prestava atenção à história lida.
     Hoje, aos 4 anos, ele é prova de que a leitura para recém-nascidos alcançou horizontes mais amplos do que a meta inicial, estreitando vínculos familiares e formando crianças que gostam de ler. Pelo menos uma vez por mês, Kaio volta ao Instituto para consultas de acompanhamento. Ao chegar, ele mesmo procura a salinha de leitura. "O que mais tenho em casa é livro. Comprei a coleção toda daquele escritor famoso, o Monteiro Lobato. E o chão do meu quarto é cheio de livros. O Kaio escolhe o que ele quer ouvir e pede: ‘lê pra mim?’", relata Altacy, orgulhosa do seu pequeno e ávido leitor.

     A coordenadora do Biblioteca Viva acredita que, mesmo carente de pesquisas que avaliem seus resultados, a leitura na UTI neonatal tem conseguido atingir seu objetivo principal, isto é, transformar a experiência da internação num processo menos doloroso e mais aconchegante, colaborando para o fortalecimento do vínculo dos bebês com suas famílias."





Fonte: Agência FIOCRUZ de notícias (25/04/11)




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