21 de Junho de 2023

Kyra minha lutadora

Tenho duas filhas Lara de 11 anos e Kyra de 11 meses, a gestação da Lara foi inesperada, mas muito desejada e amada, não tive intercorrência e com 37 semanas ela nasceu perfeita.

Com 9 anos ela começou a pedir uma irmã e decidimos tentar deixar nas mãos de Deus e em maio de 2020 eu fiquei grávida, foi uma festa porem com 10 semanas eu tive um aborto espontâneo, não foi fácil mas fomos muitos fortes e não desistimos sabiamos que Deus estava connosco e em outubro quando estava quase desistindo fiquei grávida, decidimos pelo nome de Kyra (gostamos da filosofia da família de lutadores Gracie e nos inspiramos na lutadora Kyra Grace).

Não tínhamos ideia que este era o nome perfeito, pois desde que nasceu lutou bravamente por sua vida, ela nasceu de 27 semanas e 4 dias, comecei a sentir dores no pé da barriga, fui ao médico, estava tudo bem, somente receitou Buscopan.

Na quarta-feira, como as dores persistem, retornei ao hospital e tudo havia mudado, o colo interno do meu útero havia rompido e tinham um pontos de sludge, fui internada e na minha cabeça nunca se passou que ela iria nascer.

Aprendi que as coisas não são no nosso tempo e sim no de Deus e na sexta dia 09/04/2021 ela nasceu, foi tão rápido, parto normal, sem anestesia, pesando 905 gramas e 31,5 cm. Digo que conheci um mundo no qual não tinha ideia que existia, ela não precisou ser entubada, foi direto para cepap foram mais ou menos 3 dias ela já foi para o cateter nasal e em média 5 dias já estava respirando em ar ambiente, tava tudo perfeito.

Aprendi o que muitas mães me falavam que a UTI neonatal é uma montanha russa, hora está tudo bem e hora tudo muda, começaram algumas apneias, suspeita de infecção, porém ela estava bem clinicamente, exames mais básicos não deram nada, até que veio o resultado da hemocultura que a médica pediu para desencargo de consciência e deu positivo, as apneias ficaram mais recorrentes e voltou para cateter na parte da manhã e à tarde já precisava do cepap.

No dia seguinte quando cheguei foi a pior cena ela estava bem grave, já entubada, barriga distendida, branca , dava para ver todas as suas veias, não sei nem como me mantive em pé, Deus nos dá forças que nem sabemos que temos, ela ficou em isolamento, pois estava serraria, depois de conseguirem estabilizá-la, quando achei que estava melhorando, teve que ir para mesa de cirurgia devido uma enterocolite necrosante, lembro que minha única pergunta era “é grave?”, a cirurgiã disse que sim, era bem grave. Falou das possibilidades, chorei muito.

Foi neste momento, mesmo com pandemia, uma fisioterapeuta estava atendendo por perto me abraçou, eu senti a presença de deus, aquilo me deu forças e com a graça de deus a cirurgia foi o melhor cenário, confesso que depois destes dias não conseguia subir e ser a primeira a entrar e ver como ela estava, meu marido precisou fazer isso por uma semana.
Ela voltou a comer bem lentamente, teve dias que ela vomitava e era preciso começar a alimentação do zero novamente. Quando achei que estávamos próximo de ir para casa, descobrimos uma alteração no 3 ventrículo, possivelmente devido a infecção o líquido da cabeça ficou mais grosso e entupiu a comunicação do 3 para o 4 ventrículo.

Ela precisava ganhar mais peso para saber qual a cirurgia que seria realizada, dias de muita aflição e finalmente com o diagnóstico foi feito e realizado a cirurgia e com a graça de Deus ocorreu tudo bem. Digo que descobri uma força que nem imagina ter, mas olhava para minha lutadora e pensava "não posso ser diferente dela", aprendi tantas coisas, fiz tantas amizades, mães que passavam pelo mesmo e me davam apoio, profissionais que jamais irei esquecer, foi algo que me tornou uma pessoa melhor, teve dias que questionava Deus o porque de todo esse processo.

Falo para minha lutadora que passaria por isso mil vezes para tê-la e agradeço tanto por sua força, por ter escolhido. Hoje depois de tudo que vivi queria poder acolher cada pessoa que passa por isso e dizer que tudo vai passar, muita fé.

Outro dia conversando com uma amiga ela falou que não queria engravidar, pois tinha medo de passar pelo mesmo que eu e eu pensei tanto sobre isso, e de uma coisa tenho certeza não quero que ninguém tenha dó ou medo pelo que passamos, quero que as pessoas vejam minha história como uma vitória e inspiração, tenho muito orgulho e sou grata a Deus por tudo que vivi. Minha lutadora teve alta após 78 dias de Uti!

(Relato da mamãe Tatiane enviado em 2022)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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