Fotos: Paula Schver e Andréa Almeida/NE10 em 06/10/11
"No primeiro andar do prédio de Oncologia Infantil do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), entidade filantrópica recifense e centro de referência no País, 21 mulheres acompanham de perto o desenvolvimento de seu prematuro.
Mamãe Adriana e a pequena Esther Vitória, que nasceu de 6 meses com 540 gramas |
Exercem a maternidade 24 horas por dia. Chegam de malas feitas para passar o tempo necessário para que os pequenos estejam mamando e prontos para a vida fora das quatro paredes. No quarto coletivo, Luciana Batista, 15 anos, mima seu Gabriel. Elaine Cristina, 23, divide a atenção entre os gêmeos Kayky e Kauã. Hélida Caroline, 17 anos, amamenta Ana Luisa. Todas foram mãe aos sete meses de gravidez. Todas são mães do Metódo Canguru.
O nome do projeto, há 17 anos oferecido pelo Imip e reconhecido mundo afora, dá a dica. Usando uma bata adaptada, a mãe fica em irrestrito contato com seu bebê, pele a pele. “Eles aumentam o vínculo entre si. Além disso, estimula-se o sistema neurológico do filho, evita o refluxo e mantém a temperatura do corpo dele, já que funciona como uma incubadora”, descreve Ana Luiza Diniz, responsável pela segunda etapa do programa. Auxiliadas por uma equipe interdisciplinar, com neonatologista, enfermeiras, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, genitoras aprendem a cuidar de herdeiros observando suas necessidades e transformações.
Entendem a importância do contato, do carinho, da proteção e, como um reloginho, sabem de cor a data de vacinar a cria. “A próxima é quando ela completar 2 kg”, dispara Adriana Fernanda, 37 anos, guardando no avental-canguru, como uma joia, sua Esther. A pequena filha, que ganhou o segundo nome Vitória, é uma bebê aguerrida que veio ao mundo com apenas 540 gramas num parto interrompido aos 6 meses. “Me prepararam, pediram que eu ficasse calma e muitos acharam que ela não conseguiria escapar. É uma vitória, um milagre”, lembra Adriana, emocionada e com a voz embargada.
Mas nem sempre as mães tiveram fácil acesso às imunizações necessárias para seus pequenos. Ana Luiza Diniz, do Imip, assegura que a gratuidade de algumas vacinas, hoje disponíveis no SUS, é uma conquista da sociedade. “Há pouco tempo a vacina da meningite C não era ofertada em postos de saúde. É uma luta para que se tornem gratuitas”, comenta, ressaltando o enorme peso da vacinação para a formação das defesas do prematuro. “É importante para todas as crianças. Mas o prematuro, que é uma preciosidade, funciona como um idoso. Tem suas deficiências próprias. O benefício da imunização é tão grande, o percentual de problemas tão pequeno que não vale a pena arriscar com medo de efeitos colaterais”, argumenta.
COBERTURA
Gabriel, Kayky, Kauã, Ana Luisa e Esther Vitória são estatísticas de um Brasil cujo programa de imunização é reconhecido e copiado internacionalmente. “Num país continental como o nosso, instalar um programa onde todos têm acesso à vacinação é uma tarefa difícil que vem sendo cumprida com muita competência. Temos uma das maiores coberturas do mundo. Caminhamos para a excelência mas, claro, almejamos que ele seja ampliado”, avalia o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
No Imip, de 5 mil partos feitos a cada 12 meses, 29% são prematuros. 8,1% dos bebês nascem com menos de 1,5 kg. Instituição beneficente focada no atendimento à população carente, o hospital registra, entre as principais causas dos partos prematuros, o pré-natal inadequado, diabetes gestacional e infecção urinária. Questionada se alguma vez faltou vacina para os recém-nascidos, Ana Luiza garante: “O sistema funciona 100%”.
Ana Catarina de Melo, enfermeira sanitarista e coordenadora estadual do Programa de Imunização, explica que vacinas contra a hepatite A e varicela estão na mira do governo federal. Um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde sobre a situação epidemiológica das doenças no País avaliará sua implantação. Em até quatro anos, o resultado será conhecido.
Segundo a coordenadora, Pernambuco tem 2.300 salas de vacina, todas com as imunizações recomendadas pelo calendário básico do Programa Nacional de Imunização. No Recife, algumas vacinas notadamente elaboradas para prematuros de baixíssimo peso são oferecidas no Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), instalado no Hospital Oswaldo Cruz. Lá, eles podem receber, por exemplo, proteção especial – acelular - contra a tríplice bacteriana."
Fonte:http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/saude/noticia/2011/10/06/bebes-crescem-no-contato-pele-a-pele-com-as-maes-301985.php
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