O Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta terça-feira (24) documento científico com orientações a respeito da infecção pela COVID-19 em crianças. O texto esclarece o surgimento do coronavírus, sua prevenção, o período de incubação e infecção e as condutas que devem ser adotadas em caso de confirmação da doença no público infantil.
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O documento da SBP traz recomendações de como ensinar as medidas de segurança às crianças a fim de se manterem saudáveis. Entre as orientações estão a higienização das mãos com frequência, usando água e sabão em quantidade suficiente e de maneira adequada; limpar e desinfetar diariamente as superfícies de toque frequente nas áreas comuns da casa, como as mesas, cadeiras de encosto alto, maçanetas, interruptores de luz, controles remotos, banheiros, pias, etc.
As recomendações também englobam a utilização do álcool em gel ou isopropílico a 70%, caso não seja possível lavar as mãos; limpeza frequente das telas de celulares, tablets e computadores; manter o distanciamento entre as pessoas; permanecer em casa o máximo possível; evitar tocar o rosto; entre outras.
Se a criança estiver saudável, não há necessidade de usar máscara facial. Somente as pessoas que apresentam sintomas da doença ou que prestam assistência àqueles doentes devem usar máscaras.
O Departamento de Infectologia também listou as condutas a serem tomadas quando alguém da família estiver com COVID-19, tais como manter-se isoladas em casa em um ambiente diferente dos demais familiares; não compartilhar objetos de uso pessoal, como toalhas, talheres, copos, etc; manter os ambientes bem ventilados com janelas abertas; utilizar máscaras quando estiverem em contato com outras pessoas; monitorar os sintomas e contatar imediatamente o médico se a doença piorar.
Além disso, o documento também ressalta a importância de conversar com as crianças sobre o coronavírus e orientá-las a não acreditar em tudo o que ouvem ou recebem pelas redes sociais.
RISCOS – Segundo o documento, estudo publicado no início de março sugere que as crianças são tão propensas a se infectarem quanto os adultos, mas apresentam menos sintomas ou risco de desenvolver doença grave. Como a maioria das crianças infectadas não apresenta sintomas ou estes são menos graves, os testes diagnósticos não são realizados em muitos casos, fazendo com que o número real de crianças infectadas seja subestimado. A importância das crianças na cadeia de transmissão do vírus permanece incerta.
De acordo com os especialistas, a maioria dos relatos de crianças infectadas pela COVID-19 demonstra um contato familiar com diagnóstico comprovado da infecção. Entre as infectadas na China, por exemplo, em 82% dos casos foi comprovado este contato domiciliar.
INCUBAÇÃO E SINTOMAS – Entre 425 pacientes estudados na China, a média do período de incubação foi de 5,2 dias, com intervalo de confiança de 95% de 4,1 a 7,0 dias. Em outro estudo com 183 casos da doença, também na China, o período de incubação médio foi de 4,8 dias, com intervalo de confiança de 95% de 4,2 a 5,4 dias. “Com isso, podemos inferir que o período de incubação é em média de 5 dias, sendo raramente constatados períodos de até 2 semanas”, aponta o documento da SBP.
Os sintomas são os comuns de uma síndrome gripal, como febre, tosse, congestão nasal, coriza, dor de garganta, mas também podem ocorrer aumento da frequência respiratória, sibilos (chiado) e pneumonia. Os sintomas gastrointestinais como vômitos e diarreia podem ocorrer, sendo mais comuns em crianças do que em adultos.
Em estudo citado na publicação, de 731 crianças com infecção comprovada na China, 94 (12,9%) eram assintomáticas e 315 (43,1%) apresentavam sintomas leves. Entretanto, em 300 crianças (41,0%) as manifestações foram moderadas e em 18 (2,5%) graves.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (notícia original publicada em 25/03/20).