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13.02.2014

Cerclagem e a relação com o parto prematuro

Uma gravidez normal atinge de 37 a 42 semanas de idade gestacional. Logo, bebês que nascem antes de 37 semanas são considerados prematuros e isto deve ser evitado ao máximo, mesmo quando se tem recursos terapêuticos para atender a prematuridade.

Para isso, existe uma cirurgia de pequenas dimensões que faz enorme diferença desde 1953, quando foi desenvolvida a técnica. Chama-se cerclagem, consiste em “costurar” o colo do útero da gestante e é responsável por impedir o nascimento de enorme número de crianças prematuras.

Ela deve ser realizada até 14 semanas de gravidez, principalmente em mulheres portadoras de insuficiência istmo-cervical (colo curto) e gestações gemelares.

Isto decorre por defeitos anatômicos ou funcionais. O orifício interno apresenta-se insuficiente para reter o feto. A incidência da insuficiência istmo-cervical segundo a literatura é de um para mil. Geralmente, a mulher só descobre que possui essa Insuficiência uterina após uma ou mais perdas sem motivo aparente.

Após a cirurgia, como medida cautelar, deve-se utilizar o ultrassom mensalmente para medir o colo uterino. Colo uterino menor que três centímetros exige cautela e repouso absoluto, pois corre-se o risco de ter complicações.

Há até pesquisadores que apuraram, a partir de estudos, que o repouso puro e simples teria o mesmo efeito da cerclagem na manutenção da gravidez. Mas o assunto, como reconhecem os próprios pesquisadores, ainda carece de uma grande pesquisa, realizada ao mesmo tempo em países diversos e envolvendo um número realmente representativo de gestantes.

Sobre o procedimento

Cerclagem significa sutura (costura) em forma de bolsa. Usada em outras áreas da Medicina, foi introduzida na Ginecologia e aperfeiçoado em países como França e Estados Unidos a partir de 1953. Consiste em "costurar" o colo do útero - em sua porção vaginal, que contém a entrada para a cavidade uterina - da grávida para impedir que se abra, a bolsa fetal desça, se rompa e o feto nasça prematuro, o que coloca sua vida em risco.

A cerclagem é uma sutura cirúrgica em bolsa, realizada sob anestesia, geralmente indicada logo após o terceiro mês de gestação com objetivo de manter o colo uterino fechado até o final da gravidez. Os pontos são retirados com cerca de 37 semanas para que o parto possa ocorrer normalmente.

Introduz-se um espéculo na vagina da paciente, instrumento que permite abrir o conduto para visualizar o colo do útero. "Costura-se", então, o colo circularmente em dois locais com agulha e fio inabsorvível, que é retirado no momento em que a gravidez se completa e o bebê já pode nascer. Mulheres que fazem cerclagem devem ficar internadas por 24 horas em observação, pois pode causar contrações uterinas, pelo fato de se interferir na região, e até infecções no local dos pontos. Os dois fenômenos são combatidos com remédios. A retirada do fio, ao final da gravidez, é feita no próprio consultório.

Esse procedimento, no entanto, tem riscos. O principal deles é favorecer uma infecção intra-uterina ou a ruptura das membranas amnióticas. Nos últimos anos, tem ocorrido uma crescente ampliação das indicações para a cerclagem, nem sempre bem fundamentadas. As melhores evidências científicas atualmente disponíveis sugerem não haver vantagens de fazer cerclagem em grávidas com baixo risco de perda gestacional. A cirurgia também não deve ser indicada somente pelo achado de um colo uterino curto durante o exame de ultra-som, principalmente em mulheres sem fatores de risco para prematuridade. Do mesmo modo, a gravidez de gêmeos, por si só, não justifica a intervenção.

Após a realização da cerclagem é necessário permanecer em repouso por longos períodos durante toda a gestação e ficar em abstinência sexual. Este contexto pode ser muito estressante para a mulher e para toda a sua família. O apoio psicológico profissional pode ser necessário para algumas delas e sua família deve oferecer suporte emocional, estimulando atividades intelectuais e recreativas em casa, em todos os casos.

E quais são as grávidas às quais se vem indicando a cerclagem?

O primeiro grupo constitui-se das portadoras de insuficiência istmocervical. Esse fenômeno, descrito por pesquisadores franceses em 1948 e por americanos em 1950, se caracteriza quando a grávida apresenta várias perdas de gestação na forma de abortos tardios e/ou partos prematuros iniciados por dilatação do colo do útero, sem que tenha havido contrações uterinas. As perdas de gestação, nesse caso, devem-se ao fato de tais grávidas terem o colo do útero curto.

No passado havia controvérsias no meio médico sobre o comprimento que o colo precisava ter para suportar bem o peso da bolsa fetal. Atualmente existe consenso de que deve estar com 20 milímetros entre a 22a e a 24a semanas. O segundo grupo de mulheres que têm recebido a indicação de cerclagem são as grávidas de múltiplos. A cerclagem é realizada entre a 14a e a 16a semanas da gestação. A técnica usada hoje foi criada em 1957 pelo médico americano I. A. McDonald.

Resultados

Em geral se conseguem bons resultados com a cerclagem, evitando a perda de muitos fetos. O objetivo, nas gestações comuns, é se aproximar o máximo possível de 37 semanas. No caso das gestações múltiplas, é difícil chegar a isso por causa do próprio peso dos bebês. Nas de trigêmeos, por exemplo, consegue-se levar até 33 ou 34 semanas; nas de quadrigêmeos, até 32 ou 33. Os melhores resultados na verdade são conseguidos com a associação de cerclagem e repouso.

Há até pesquisadores que apuraram, a partir de pequenos estudos mundo afora, que o repouso puro e simples teria o mesmo efeito da cerclagem na manutenção da gravidez. Mas o assunto, como reconhecem os próprios pesquisadores, ainda carece de uma grande pesquisa, realizada ao mesmo tempo em países diversos e envolvendo um número realmente representativo de gestantes.

Fontes: Paraná Online, Crescer, Caras

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