Repare bem nessa foto em que faço xuxinhas na Laís…
Encontrou alguma coisa de anormal nessa imagem – tirando que ela está tremida e que estou fora de forma?
Provavelmente não, né?
Mas, se você reparar bem, verá que uma coisa bem legal está acontecendo aí na sala da minha casa.
Sabe o que é?
O momento.
Todos os dias nós ganhamos de Deus muitas chances para experimentar momentos inesquecíveis por 24 horas. Porém, geralmente não aproveitamos em nada esse presente maravilhoso e ainda passamos essas duas dúzias de horas reclamando da nossa vida, falando mal da dos outros e, enfim, dando mais atenção aos problemas (e as pessoas que buscam nos trazê-los) do que ao que realmente importa e que poderia nos fazer uma caricia na alma.
Enquete rápida – você topa? Legal, vamos lá:
Há quanto tempo você não dá um abraço gostoso no filhão?
Há quanto tempo você não pergunta como foi o dia dele na escola?
Há quanto tempo não elogia suas notas e há quanto tempo não procura entender qual a dificuldade dele em determinada matéria?
Há quanto tempo você não se senta para ouvi-lo ao invés de apenas criticá-lo?
Há quanto tempo você não sacrifica um domingo de futebol com os amigos no campo da esquina, para bater uma bolinha com teu guerreiro no quintal?
Há quanto tempo não perde a novela para desembaraçar os cabelos das bonecas da tua princesa?
Há quanto tempo você não deixa de fazer um serviço doméstico para “perder” uns minutinhos com quem sempre te amou sem pedir nada em troca?
Há quanto tempo você não pronuncia palavras/frases como ‘Eu te amo’, ‘Obrigado’, Por favor’, ‘Com licença’ e ‘Desculpe’?
Há quanto tempo você vem utilizando mais a palavra ‘dinheiro’ do que a palavra ‘amor’?
No fundo no fundo, teu filho não faz questão dos teus tostões; ele só deseja ser amado. Quando for crescido, ele não vai se lembrar das moedas que ganhou do papai ou da mamãe para comprar doce na venda da esquina; a única coisa que ainda lhe fará sentido será os ensinamentos e, claro, os momentos que foram vividos entre vocês desde a infância.
E isso é sagrado, você já foi filho(a) e sabe mais do que ninguém.
De repente, o tempo está passando, não é mesmo?
Talvez por desconhecer a importância do gesto minúsculo, você não consiga dar trela para os pequenos instantes. Mas acredite: uma simples xuxinha no cabelo da tua filha ou um genuíno abração de urso no garoto possam sim ser suficientes para dar outro astral ao teu dia.
A boa notícia é que os momentos são capazes de restaurar nossa alma das negatividades emanadas pelos maus diariamente.
A má notícia, porém, é que os momentos com essa capacidade terapêutica não podem ser desfrutados pela tela de um aparelho celular, por exemplo.
Neste caso, se a busca é pela cura de uma alma que padece na vida real, não vai adiantar em nada se alimentar de recursos virtuais, pois o máximo que conseguirá é um placebo à lá autoenganação.
Em suma: não precisa chorar (ou dar desculpa) dizendo que não tem dinheiro para vivenciar bons momentos, pois os exemplares mais valiosos não tem preço. E isso sim é uma baita notícia, concorda?
Momentos não são compostos por glamour ou luxo, pq a essência deles está verdadeiramente nos detalhes imperceptíveis.
(nem) sempre há tempo. Vai lá, curte o momento…
por Fernando Guifer, jornalista e pai da prematurinha Laís (FernandoGuifer.com.br)