[caption id="attachment_8755" align="alignright" width="933" caption="Foto: Wikimedia Commons"][/caption]
Estudos mostram que expor bebês ratos à luz constante impede que o relógio biológico no cérebro dos animais se desenvolva normalmente.
Os pesquisadores disseram que isso pode contribuir para um aumento na incidência de problemas mentais como a depressão.
O estudo feito por cientistas da Vanderbilt University, no Tennessee, Estados Unidos, foi publicado na revista científica Pediatric Research.
Segundo os pesquisadores, os resultados indicam que a exposição do bebê a luzes artificiais em unidades especiais de tratamento para prematuros deveria ser minimizada, possivelmente adotando-se iluminação que obedeça ao ciclo do dia e da noite.
A cada ano, cerca de 14 milhões de bebês prematuros nascem no mundo, e muitos são expostos a luzes artificiais nos hospitais.
Células sincronizadas
Estudos anteriores mostram que crianças tratadas em unidades de tratamento que adotam iluminação natural, segundo o padrão dia-noite, se adaptam ao sono durante a noite mais rapidamente. Eles também ganham peso mais rápido do que os bebês tratados em incubadoras com luz constante.
Em todos os mamíferos, o relógio biológico é localizado em uma área do cérebro conhecida como núcleo supraquiasmático.
Ele influencia a atividade de vários órgãos, entre eles o cérebro, coração, fígado e pulmões, além de regular ciclos de atividades diárias conhecidos como ciclos circadianos.
O núcleo supraquiasmático é equipado com "neurônios relógio" especiais, cuja atividade é sincronizada para seguir o ciclo dia-noite de 24 horas.
A equipe da Vanderbilt University já havia demonstrado, em um estudo anterior, que esses neurônios começam a perder a sincronia em ratos adultos quando os animais são expostos à luz constante durante cinco meses.
Isto é acompanhado por uma alteração na capacidade dos ratos de manter seu ciclo noturno normal.
O estudo mais recente mostrou que ratos recém-nascidos estão ainda mais vulneráveis aos efeitos da luz constante do que os adultos.
A equipe usou ratos geneticamente modificados cujos "neurônios relógio" tornavam-se brilhantes quando ativados.
Os cientistas verificaram que os neurônios dos bebês ratos expostos ao ciclo normal de luz entravam em sincronia rapidamente.
Já os neurônios dos animais expostos à luz constante não apresentavam ritmos coerentes.
Os cientistas expuseram alguns dos ratos à luz constante por um período mais longo e descobriram que dois terços dos animais não foram capazes de estabelecer um padrão regular de atividade em uma roda de exercício.
Ratos recém-nascidos que passaram suas primeiras três semanas de vida expostos ao padrão de luz dia-noite foram capazes de manter seu ritmo diário normal mesmo quando, mais tarde, foram expostos á luz constante.
O coordenador da pesquisa, Douglas McMahon, disse que mais trabalho é necessário para estabelecer se interferências no relógio biológico do bebê podem aumentar sua vulnerabilidade a problemas mentais.
"Nesse momento, tudo é especulação. Mas certamente os resultados indicam que crianças humanas se beneficiam do efeito sincronizador do ciclo normal de luz", disse McMahon.
O especialista em obstetrícia Andrew Shennan, da entidade beneficente Tommy, disse que a conexão entre exposição à luz e comportamento estão claramente estabelecidos.
"Como resultado dessa pesquisa, o benefício potencial de uma redução na exposição desnecessária à luz deve agora ser investigado", disse Shennan.
Ratos recém-nascidos oferecem um bom modelo para o estudo de bebês humanos prematuros porque, ao nascer, os ratos se encontram em um estágio de desenvolvimento anterior ao dos bebês humanos. Segundo os cientistas, esse estágio equivaleria, nos humanos, ao do bebê prematuro.
Fonte: BBC Brasil.com