"Está acontecendo em Salvador, Bahia, o 55º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia. A maior novidade do evento, que reúne 9 mil profissionais da saúde, é o lançamento do Guia de Diretrizes em Prematuridade pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O manual é mais uma ação que marca o comprometimento do Brasil com as Metas do Milênio da ONU (Organização das Nações Unidas), que prevê redução de dois terços da mortalidade infantil de 1990 até 2015.
Apesar de já ter atingido boa parte dos objetivos, o país ainda ocupa a 10ª posição no ranking da Unicef divulgado em agosto deste ano. A prematuridade é a maior causa de morte de recém-nascidos no Brasil: 10% dos partos anuais são prematuros, número muito acima de países da Europa e dos Estados Unidos, que fica entre 4 e 5%.
“Sabemos que, por meio de medidas simples - com o acompanhamento pré-natal e a medição do líquido amniótico e do colo do útero -, é possível reduzir em 40% as chances de a mulher ter um parto prematuro. Por isso, elaboramos essa normatização para obstetras e profissionais da área”, explica Eduardo Borges da Fonseca, Presidente da Comissão de Perinatologia da Febrasgo.
O guia será oficialmente lançado em janeiro do próximo ano e virá acompanhado de uma campanha para toda a população. “Faremos folhetos explicativos sobre a importância de procurar o pré-natal, fatores de risco e outras informações sobre prematuridade”, diz Fonseca.
O nascimento antes da hora
Parto prematuro é aquele que ocorre antes das 37 semanas de gestação, ou 259 dias. O caso considerado mais grave é aquele que é feito antes das 34 semanas, quando o bebê ainda não tem seus órgãos totalmente formados – o sistema imunológico e o pulmão só amadurecem no último trimestre de gestação - e necessita de recursos médicos imediatos e terapias especiais que ajudam a melhorar a qualidade de vida. Alterações na placenta, distensão uterina, infecções e estresse físico ou psicológico são algumas das causas do aparecimento do problema e podem ser identificadas precocemente.
Para Fonseca, é justamente essa falta do diagnóstico na hora certa que aumenta as taxas de prematuridade do país. “Infelizmente nem todas as mulheres têm acesso a um pré-natal decente e é justamente nesse acompanhamento que o médico detecta os riscos e age na prevenção”, diz. Na opinião do especialista da Febrasgo, o outro motivo que dificulta o diagnóstico mesmo em hospitais com boa estrutura é que algumas mulheres não apresentam sintomas, aí a importância de um médico bem preparado.
Apesar de o especialista negar a relação das taxas de prematuridade com o número alto de cesáreas no país, sabe-se que as cirurgias marcadas sem necessidade (eletivas) podem levar a um erro de cálculo da semana exata de gestação - o que faz com que o bebê nasça antes da hora. Os últimos dados da Unicef reforçam a urgência de esclarecer a relação de causa e efeito entre cesárea e prematuridade. “Isso contribuiria para reduzir a epidemia de cesarianas no país e reverter o quadro de prematuridade”, disse em comunicado oficial Gary Stahl, representante da instituição no Brasil."
Fonte: RevistaCrescer