"O trabalho em equipe no atendimento do neonato de risco é de extrema importância para o desenvolvimento deste.
Considerando-se que este neonato é um indivíduo único, com características próprias e que vai, ao mesmo tempo necessitar de cuidados especiais em diversas áreas; o mais apropriado seria a atuação conjunta com o neonatologista, neuropediatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem, psicólogo e assistente social.
A maioria dos berçários ou UTI não dispõe de uma equipe completa e muitas vezes ocorre o desconhecimento da própria equipe com relação a necessidade de outros profissionais atuando com recém-nascidos.
Cabe ressaltar que o fonoaudiólogo assim como toda equipe, além da atuação direta e específica com o bebê, vão atuar também com os pais, e com todos os profissionais que fazem parte deste trabalho.
A atuação do fonoaudiólogo junto aos profissionais desta equipe, inicia-se desde o pré-natal, na orientação de mães e bebês normais, até o trabalho específico com a função motora oral, passagem da alimentação de sonda gástrica por via oral. onde se torna fundamental o contato com o neonatologista para se estabelecer crítérios de trabalho e até alta hospitalar.
Em vários centros hospitalares atualmente, o médico encaminha para avaliação fonoaudiológica, bebês com dificuldade de alimentação. O encaminhamento pode também não ser feito, no caso do médico não acreditar na possibilidade de alimentação por via oral. Ou o encaminhamento pode ser tardio, sob o ponto de vista do desenvolvimento motor oral e global e não só da alimentação por via oral.
Muitas vezes o encaminhamento é tardio por não haver um fonoaudiólogo atuando na rotina do hospital, onde nesse caso ele já estaria triando os bebês quanto à necessidade de um trabalho específico desde o momento em que existe a necessidade e que o quadro clínico do bebê permite.
Dentro de uma abordagem mais global, a alimentação é consequência e não o objetivo do trabalho em si. Ao bebê ou à criança é dada a possibilidade do uso apropriado da boca, exploração dos sistemas respiratórios e fonatórios, posicionamento mais compatíveis com suas necessidades e maior contato com os pais tentando proporcionar situações de interação mais efetivas.
O ideal seria que fosse o encaminhamento o mais rápido possível, nos seguintes casos:
- incoordenação de sucção e deglutição;
- utilização de sonda gástrica;
- sucção fraca;
- falhas respiratórias e /ou durante a alimentação;
- reflexo de vômito exagerado e episódios de tosse durante alimentação;
- prematuridade;
- início de dificuldade de alimentação;
- irritabilidade severa ou problemas comportamentais durante a alimentação;
- subnutrição;
- história de pneumonias;
- quando existir preocupação com aspiração;
- letargia durante a alimentação;
- período de alimentação mais longo que 30 - 40 min;
- recusa inexplicável de alimento;
- vômitos, refluxo nasal, refluxo gastroesofágico;
- baba e /ou aumento desta."
Autores: Fabíola Bueno Piazza (Curitiba 1999); Cláudia Xavier (Trabalho fonoaudiológico em unidade neonatal, Capítulo 47, Tratado de Fonoaudiologia 2.ed.)
Fonte: http://fonohospitalarfja.blogspot.com.br/2010/11/atuacao-fonoaudiologica-na-uti-neonatal.html