Uma revista: o tamanho de um feto ao alcançar a 21ª semana de gestação é comparável a esse item comum do nosso dia a dia. Nessa fase, a mulher ainda está na metade da gravidez e tem um longo caminho até o parto. No entanto, não foi isso o que aconteceu com a norte-americana Michelle Butler. O filho dela, o pequeno Curtis Zy-Keith, veio ao mundo muito antes do esperado — quando ainda era uma “revistinha”— e se tornou o bebê mais prematuro do mundo, conforme informações do Guinness World Records.
Neste domingo (17), é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade, uma data importante para incentivar as discussões sobre os cuidados com os bebês nascidos antes de 37 semanas de gestação. Em 2020, o mundo registrou 13,4 milhões de partos prematuros — representando mais de 10% de todos os nascimentos. Entre 2012 e 2022, só no Brasil, foram mais de 3,5 milhões de nascimentos prematuros, informou o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de setembro de 2024.
Ser mãe de prematuro é extremamente desafiador e Michelle sabe bem o que é vivenciar essa experiência. A luta dela começou quando ela chegou à 21ª semana de gravidez e ficou surpresa ao começar a sentir contrações. Ela sabia que isso não era um bom sinal, por isso, foi imediatamente para o hospital. De fato, a mãe já estava em trabalho de parto e acabou dando à luz, em meio à pandemia, no dia 5 de julho de 2020 — 16 semanas antes da data prevista do parto, informou o The New York Times.
Em entrevista ao site do Guinness World Records em julho deste ano, Brian Sims, professor de pediatria da Divisão de Neonatologia da Universidade do Alabama em Birmingham (UAB, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, comentou sobre o nascimento de Curtis. “Foi um completo choque. Fui chamado por meus colegas obstetras e informado que a mãe de Curtis estava em trabalho de parto , prestes a dar à luz, e eles queriam que eu entrasse e conversasse com ela sobre o mau prognóstico de bebês que nascem com 21 semanas e um dia", ele lembrou.
A gestação de Michelle era gemelar e, quando os bebês C’Asya e Curtis nasceram, eles pesavam menos de meio quilo e tinham cerca de 1% de chances de sobreviver. Diante da situação crítica, os recém-nascidos foram encaminhados para a UTI Neonatal do Hospital da UAB. Lá, eles foram colocados no suporte de oxigênio e ficaram sob cuidados intensivos. Infelizmente, a pequena C’Asya morreu um dia depois.
Ainda em luto, a mãe tentou permanecer forte, pois seu outro filho precisava de seus cuidados. Felizmente, o pequeno se mostrou bem resiliente! Aos poucos, já estava tentando respirar sozinho e melhorando sua frequência cardíaca. Ele saiu do ventilador quando completou três meses. E, em abril de 2021, a família recebeu a tão esperada notícia da alta após o pequeno ficar 275 dias na UTI.
A saída de Curtis provocou uma agitação no hospital. “Ele era um jovem especial e havia algo único nele", destacou o médico. “[Michelle] fez a primeira campanha para que Curtis estivesse vivo. Ela foi uma defensora de seu bebê, ela falou por seu bebê e estou muito grato por termos ouvido sua voz", o especialista acrescentou.
Ao voltar para casa, Curtis ainda precisou de uma cânula nasal, um dispositivo que fornece oxigênio, mas, aos poucos, foi mostrando uma evolução significativa. Ao longo desse período, Michelle teve que dividir seu tempo entre o cuidado com os filhos de 7 e 11 anos e de seu bebê prematuro. Quando o filho recebeu alta, ela chegou a pedir demissão de seu trabalho em uma fábrica para ter mais tempo para cuidar do filho.
Em novembro de 2021, a história emocionante de Curtis ganhou o mundo: ele se tornou a criança mais prematura do mundo. Hoje, o pequeno já está com 4 anos é a alegria de sua família.
Fonte: Crescer