Notícia original publicada em 31 de janeiro de 2014.
[caption id="attachment_11681" align="alignright" width="300" caption="Larissa Alves, diretora do Banco de leite e Prof. Dr. José Simon Camelo Jr., coordenador do projeto"][/caption]
O Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), em parceria com o Banco de Leite do município, iniciou as pesquisas para elaborar um aditivo em pó à base de leite humano.
O aditivo contém misturas de multinutrientes e será adicionado ao leite materno com o objetivo de nutrir
bebês prematuros (nascidos com peso entre 1.000 e 1.500 gramas).
O docente do departamento da USP, José Simon Camelo Jr., é coordenador do projeto e está desenvolvendo a pesquisa ao lado do professor Francisco Martinez, da biomédica Larissa Alves e da enfermeira fundadora do Banco de Leite Anália Heck.
O leite materno, apesar de ser o padrão-ouro na alimentação, às vezes não consegue suprir as necessidades (proteína, cálcio, fósforo, ferro, sódio etc) de bebês muito prematuros. Isso explica o uso do aditivo em pó, com multinutrientes próprios para os recém-nascidos.
Segundo o médico José Simon, os aditivos brasileiros são de boa qualidade, mas com base na proteína hidrolisada do leite da vaca, o que pode causar problemas em alguns casos devido à proteína não humana.
[caption id="attachment_11698" align="alignleft" width="300" caption="Foto: Thinkstock"][/caption]
"O aditivo que estamos propondo é originário do leite humano doado a bancos de leite humano, liofilizado e com o conteúdo totalmente conhecido e controlado", explicou o médico.
Além de nutrir bebês prematuros, o aditivo irá aumentar o teor dos nutrientes deficientes sem sobrecarregar outros, como a lactose ou a gordura. Portanto, esse aditivo tem como principal intenção o reforço ao leite materno.
Mecanismos de separação serão estudados e o produto obtido será liofilizado, ou seja, transformado em pó, para depois ser adicionado ao leite humano dos prematuros de muito baixo peso.
José Simon explica também que os pilotos do projeto já estão sendo realizados, com previsão para término em dois anos. "Depois o estudo deverá ser publicado em revistas especializadas indexadas internacionalmente".
O aditivo, depois de 'pronto', será disponibilizado no Banco de Leite de Ribeirão Preto. A ideia inicial é para que haja o menor indício de manipulação do leite após pasteurização, controle de qualidade bioquímico e microbiológico, bem como não haver a necessidade do uso de aditivos não humanos, como de vacas, e também reduzir os custos de aditivação do leite humano.
O aditivo também não terá nenhum custo às mães. "Como o leite é doado nos bancos de leite humano, o aditivo deverá ser produzido e disponibilizado nos Bancos de Leite da Rede Brasileira sem custos para as mães dos prematuros".
O projeto é financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela Bill e Melinda Gates Foundation, fundação de caridade criada em 2000 em Seattle, EUA.
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Texto: Fernando Belezine/Fotos: Julio Sian
Fonte: Revide Online