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21 de Março de 2014
Uma anjinha chamada Marina
“A minha história começou em 2013, quando descobri a minha gravidez aos 4 meses de gestação. O problema é que sou portadora de uma doença renal crônica, que afeta o meu sistema circulatório, chamada glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF). O meu ginecologista disse que os riscos de ter uma trombose aumentariam muito com a gravidez e que eu era como uma "bomba-relógio". Os meus médicos do tratamento renal não sabiam o que fazer, pois quis continuar a gravidez até o fim. Eles me diziam que isso era impossível, mas sempre tive muita fé em Deus e sabia que tudo daria certo.
Logo comecei a ter inchaços pelo corpo, mas a minha pressão estava normal, e nos ultrassons a minha princesa parecia se desenvolver muito bem, pegando peso e crescendo normalmente. Porém, ao completar 5 meses e meio, tive pré-eclâmpsia e fiquei internada uma semana. Foi uma experiência horrível ficar longe dos meus filhos e da minha família, eu estava muito abalada. Então, recebi alta. Contudo, 2 semanas depois, da noite para o dia, eu inchei mais ainda e a minha pressão disparou como nunca havia visto, mesmo usando a medicação, então, fui internada novamente e, dessa vez, foi ainda pior.
Não sabia de nada, os médicos não me falavam, eu só chorava. Fiquei meio dopada de tanto remédio para baixar a pressão por 5 dias, até que melhorei e fui me acalmando para esperar completar os 7 meses para minha filha poder nascer. Minha P.A. chegou a 20x17 e a minha função renal foi alterada.
Então, no dia 13 de março de 2013, os médicos descobriram que o meu líquido havia acabado, e, na mesma noite, fizeram a cesariana porque havia risco fetal. Com 33 semanas, a minha pequena Marina nasceu com pouco mais de 1 kg e 34 cm. Eu chorei quando vi aquela menina tão linda, que era para mim um grande milagre.
A UTI foi um choque, pois não imaginava vê-la ligada em tantos aparelhos. Tão pequena, mas, mesmo assim, todos se admiravam, pois era como se ela não quisesse ficar ali, ela mexia nos fios, tirava o capacete e chorava gritando como se estivesse avisando para o mundo “eu nasci”.
Mas a minha anjinha pegou duas infecções seguidas e, um dia, eu cheguei para visitá-la e ela estava com um olhar tão distante, como se não pertencesse a esse mundo. Ela não tinha nenhum problema de saúde, ia ficar na UTI somente pelo baixo peso e para os cuidados, mas ela teve essas duas infecções e na última, que durou 24 horas, ela ficou muito debilitada. Ela estava tão pálida, com muitos fios, e eu entrei em choque. Ela tomou sangue, plasma e muito medicamento. Sofri, mas entreguei minha filha nas mãos do médico dos médico: Deus. No mesmo dia, o meu anjinho voltou aos braços do Pai Eterno. Hoje vivo a saudade e a felicidade de ter um anjo chamado Marina.
Adoro o site, claro que só passei a acompanhar depois que vivenciei essa situação. Queria que as mães de prematuros fossem tratadas com respeito e cuidado, diretamente na questão psicológica, porque sinto um pouco de frieza nos profissionais. Eles falam assim “Ah, você já tem outros filhos, então aceite o que aconteceu", e quem perde um filho, principalmente um filho prematuro, se sente culpada e sozinha, sente que não fez as coisas certas, que poderia ter feito mais. Enfim, nada vai trazer os nossos anjinhos de volta, mas nas histórias desse site podemos desabafar e ter um pouco de conforto.”
Tais, mãe da Marina