06 de Fevereiro de 2013
Um presente chamado Rafaella
Agradeço à querida Roberta, mãe da Rafinha, pelo carinho e pelo envio da história. Muita saúde e vida longa a essa princesa! Beijos pra vocês.
"Minha história começou 3 anos atrás, quando eu engravidei, e, aos 6 meses de gestação, tive uma doença que se chama pré-eclâmpsia, somada à síndrome de HELLP.
Isso me obrigou a fazer uma cesariana de emergência e a minha filha Rebecca nasceu com 760 gramas e, apesar de todos os esforços, ela se foi quatro dias após nascer. Esse fato acabou com a minha vida e com a do meu esposo. Eu que sempre pratiquei esportes e era muito alegre, me tornei depressiva e triste.
Em julho do ano passado, descobri que estava grávida novamente. Só que, dessa vez, minha pressão começou a subir desde o começo da gestação. Fizemos um tratamento com médico especialista em gestação de risco, eu tomava medicamentos, fazia dieta restrita, media a pressão de 2 horas em 2 horas.
Mesmo com todo esse cuidado, aos 5 meses de gestação minha pressão novamente começou a subir. Fiquei de repouso absoluto, tentamos de tudo, mas novamente fui internada. Com apenas 6 meses de gestação foi preciso fazer meu parto, pois minha pressão estava 26x16 e nenhuma medicação fazia efeito.
No dia 31 de dezembro, às 17 horas e 56 minutos, nascia minha Rafaella, prematura extrema, pesando apenas 665 gramas e medindo 30 centímetros. Nos primeiros dias, perdeu peso chegando a pesar 550 gramas Os médicos novamente não nos deram esperanças. Ao mesmo tempo, também tiraram a nossas esperanças de ter outro filho, pois consideraram que eu não resistiria a outra pré-eclampsia
Imagina o nosso desespero, não podendo ter mais filhos, a Rafinha menor do que a nossa primeira filha. Começou a nossa luta: por vezes eu ia ao hospital para tirar apenas meio ml de leite quando ela começou a mamar. Logo no começo ela adquiriu uma infecção que causou uma hemorragia cerebral. Mas, com os antibióticos, ela se recuperou da infecção.
Porém, em seguida uma infecção que causa necrose no intestino (enterocolite). A barriga da Rafaella ficou enorme e preta, e os médicos novamente nos desenganaram. Inclusive conversaram comigo e meu marido, dizendo que tínhamos que nos preparar para ter mais filhos.
Nesse dia, toda equipe da UTI ficou conhecendo a nossa história. E, embora eles fossem maravilhosos desde o começo, a partir desse dia eu vi uma médica, a chefe da UTI, lutar com todas as forças também pela vida da minha filha (não esquecendo e nem menosprezando os outros médicos, mas é que essa médica se tornou um ano nas nossas vidas). Depois de 15 dias, a Rafinha curou-se dessa infecção também.
Depois disso, ela começou a apresentar bradicardias e apnéias contantes, teve três paradas respiratórias de ficar totalmente roxa e precisar ser reanimada na nossa frente. Mas com muita luta ela também melhorou. Com 60 dias de vida, ela saiu do respirador. E ficou apenas quatro dias no CPAP. Depois ficou usando a mangueirinha de oxigênio pertinho dela por alguns dias também para não se cansar muito.
Quando chegou a 1.700 gramas, começou a mamar no peito, embora com muita dificuldade. Nesse mesmo período, a cabecinha dela começou a crescer. Aquela hemorragia lá no início havia sido reabsorvida, porém tinha gerado uma hidrocefalia. A cabecinha dela crescia muito rápido, meio centímetro ao dia, e a única solução seria uma operação para colocação de uma válvula (uma espécie de dreno) na cabeça dela.
Foram dias terríveis. Eu não dormia, não comia. Passava 12 horas por dia no hospital para tirar leite. E saía sempre chorando da UTI. O medo de perder a minha filha era terrível! No dia 6 de abril de 2012, foi feita a cirurgia. Foram as duas horas mais demoradas das nossas vidas esperando na porta do centro cirúrgico. Graças a Deus a operação foi um sucesso!
Passamos por muita, muita coisa, mas depois de 106 dias de UTI a Rafinha, em fim, veio pra casa. O dia 14 de abril de 2012 foi o mais feliz de nossa vida.
Claro que ela precisa de um acompanhamento constante com vários médicos, continua com a válvula, que pelas previsões médicas usará a vida toda. Mas está linda, perfeita! Apresenta apenas um pequeno atraso no desenvolvimento motor do lado direito do corpo, o que acreditamos com o tempo e muita fisioterapia poderá ser corrigido.
E nós hoje temos o maior presente de todos, que é a Rafaella aqui com a gente."
Roberta, mãe da Rafaella