17 de Janeiro de 2014
Sophia, uma borboletinha de 27 semanas
“A história da minha borboletinha começou como um susto, pois não planejava mais engravidar. A minha ginecologista já tinha tirado as minhas esperanças por conta do grau avançado da minha Síndrome dos Ovários Policísticos. Ao saber que estava grávida, senti algo ruim, não estava curtindo aquela gravidez como curti a primeira. Fizemos a sexagem fetal e descobrimos ser a menininha que tanto sonhavámos. Foi aquela festa! Mas eu ainda continuava sentindo algo estranho, tinha a certeza que ela nasceria antes.
Com 25 semanas, eu estava com uma barriga gigantesca. Achei estranho e sentia muitas dores nos nervos ciáticos, pernas,etc. No dia 15 de agosto de 2013, com 25 semanas, cheguei em casa exausta do trabalho. Já estava sendo doloroso ir trabalhar e dirigir por horas. Tomei um banho e fui deitar. No momento em que me sentei na cama, senti um líquido quente escorrer pelas pernas, e não parava. Entrei em pânico, fui para o banheiro e me desesperei, queria acordar daquele pesadelo.
Corremos para a maternidade e, chegando lá, fui imediatamente internada com diagnóstico de bolsa rota. Eu teria que ficar internada até as 32 semanas, para que ela pudesse nascer em segurança. Passava os meus dias trancada em um quarto, bebendo 4 litros de água por dia para que ela não ficasse sem líquido amniniótico. No dia 25 de agosto, comecei a sentir cólicas e pedi um remédio, pois estava com prisão de ventre. Porém, no dia seguinte, as cólicas persistiram e se tornaram contrações insuportáveis.
Fui para o centro cirúrgico com contrações de 30 em 30 segundos. O anestesista não conseguia colocar a peridural e, depois de vários buracos dolorosos nas costas e contrações que me rasgavam, pedi que fosse daquele jeito mesmo e tirassem a minha filha de parto super normal. Ao tentarem tirá-la, a minha borboletinha estava com as mãos no rosto e seria perigoso puxá-la. Fizeram uma cesárea e descobriram que o meu útero estava todo infectado, cheio de pus. Era uma infecção que não apareceu nos meus exames e que ocasionou o trabalho de parto.
Às 23h40min, do dia 26 de agosto de 2013, com 27 semanas e 5 dias, a Sophia nasceu com 990 gramas e 37 cm. Eu não vi a minha filha, nem escutei o seu choro, pois tinha sido intubada e colocada dentro de uma incubadora. O pediatra correu para a UTI Neonatal com ela. Senti uma dor imensa, maior que aquelas contrações terríveis, ao ver a minha filha tão pequena dentro daquela máquina.
A cada dia a Sophia mostrava melhoras. Ela foi infectada com a minha infecção, mas nada foi realmente afetado e ela teve o tratamento com antibióticos cessados aos 20 dias de nascida. Ela teve ainda 2 atelectasias no pulmão, 1 apneia e 4 anemias com direito a transfusões. Tirei forças de minha fé em Deus e nunca duvidei que a minha filha saíria daquela UTI linda e mais forte do que nunca. Eu chorava todos os dias ao deixá-la na UTI. Dormia mais cedo para o dia acabar logo, para que eu pudesse de manhã correr para o hospital e pegá-la no colo para fazer pele a pele.
A Sophia sempre ganhou peso e todos da equipe médica e da enfermagem nos encorajavam, pois ela estava se saindo bem, mesmo devagar. Com 56 dias de internação, no dia 21 de outubro, a Sophia saiu de sua "amiga" incubadora e se despediu de toda a UTI Neonatal com 2,145 gramas e 44 cm. A cada dia ela está mais linda, gordinha e saudável. A nossa fé nunca foi abalada e hoje nossa borboletinha "voa" pela casa em nossos braços feliz da vida!
Hoje, dia 16 de janeiro, ela está com 4 meses e meio da idade cronológica e 1 mês e 26 dias da idade corrigida, pesando 5,330 gramas e medindo 58 cm.
Obrigada.”
Manuela, mãe da Sophia
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