18 de Junho de 2019

Quarto 229: paredes de esperança!

"Meu nome é Keila, e tudo começou na tarde do fatídico dia 20 de outubro de 2017, quando de repente senti um líquido escorrendo entre as pernas e tomei um susto: a bolsa rompeu! Eu estava com apenas 20 semanas e 3 dias de gestação, sozinha em casa. Meu marido estava viajando, então chamei um taxi e corri para o hospital.

No trajeto, que durou 20 minutos, bateu o desespero de ter meu sonho frustrado e senti medo de perder aquele que já era tão esperado e amado.

Fazendo os exames, as suspeitas foram confirmadas! Começaram os cuidados e minha obstetra foi acionada! Ao chegar, me indagou sobre o que eu queria fazer, visto que pela ciência meu bebê ainda era considerado um aborto (20 semanas e 3 dias, com apenas 309g). Prontamente, me propus a levar a gestação até o ponto que Nathan, sim, esse é o nome dele, conseguisse sobreviver ao parto prematuro!

Foram praticamente 10 semanas de internação naquela que seria minha nova moradia: o quarto 229 de um hospital de Natal (RN).

Após mais de 40 ultrassonografias, exames de sangue quase que diários, mais de 400 claras de ovos cozidas dentre os vários alimentos/suplementos proteicos que me eram oferecidos, ele tinha uma restrição importante de crescimento e cada grama que aumentava era uma vitória!

Recebi quase 70 injeções de Clexane e passava por tudo resignada e com a esperança de estar com meu filho dentro de pouco tempo. Meus dias se resumiam a cama, poltrona do papai, exames e banheiro (eu recebia aproximadamente 10 litros de líquidos por dia para tentar manter a mínima condição de vida intrauterina aceitável para nosso filho).

Entre altos e baixos, no dia 13 de dezembro de 2017, aconteceu outra tragédia, meu pai que sempre ia ficar comigo no hospital, num dia aparentemente normal, retornando para casa teve um mal súbito nas proximidades do hospital, foi reanimado e levado para UTI do mesmo hospital que meu guerreirinho já lutava pela vida! Foi desesperador ver dois amores em risco!

No dia 18 de dezembro de 2017, meu paizinho faleceu, não tendo a chance de conhecer o neto que tanto amava e esperava! Coincidência ou não, após o falecimento do meu pai, Nathan só esperou mais 10 dias e no dia 28 de dezembro de 2017 às 5:04 amanheci sangrando e fui levada para a urgência, onde fui examinada.

Às 6:44, meu pequeno grande guerreiro veio ao mundo com30 semanas e 2 dias. Com um choro forte, ele veio ao mundo com 36cm, 1.069g e para nossa surpresa com, um Apgar 9/9.

Começava uma nova fase, a da UTI NEO, que para mim representou uma rotina de angustia. Parecia que estávamos numa montanha-russa, um dia tudo bem no outro mal, choro de felicidade e tristeza de revezavam. Ele teve infecção e passou por transfusão, mas no geral passou bem por tudo e não precisou ser entubado, ficou na média pouco tempo na VNI, CPAP.

Após 50 dias de bipes, fomos para casa. Ele já tinha 1750g de muita fofura. Foram dias muito difíceis, mas tive o apoio da família, amigos e um cuidado excepcional de toda a equipe de funcionários do hospital que tornou-se família de coração.

Hoje, continuam os cuidados excessivos, as preocupações constantes e a saudade daquele que por apenas 10 dias não teve a chance conhecer o netinho tão amado! Passaria por tudo de novo e de novo porque com o meu pequeno nasceu uma mãe cada dia mais apaixonada! Nunca desistam. O “impossível” é só questão de opinião."

(relato da mamãe Keila Larissa do Amaral Melo, enviado em 2018)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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