19 de Janeiro de 2023
Prematura Extrema
No dia 27/07/22 dei entrada em minha internação no hospital regional de Axixá - MA onde moro. Esse dia minha pressão estava 18/por 9 ou 10 não me recordo bem. Passei por vários medicamentos para tentar controlar a pressão mas não adiantou muito.
Quando eu já estava esperando minha mãe do lado de fora do hospital para irmos até em casa, comecei a passar mal novamente, vomitando muito. Eu já estava a alguns dias fazendo controle da pressão com o remédio chamado Metildopa que muitos devem conhecer. Então, após isso voltamos para o hospital, e lá eu continuei tomando medicamentos e nada adiantou. O médico me analisou e disse que possivelmente eu teria minha bebê antes do tempo. Eu estava muito inchada, me sentia muito mal. Então continuei essa noite lá e no outro dia pediram meu encaminhamento para São Luís, a capital do meu Estado.
Demos entrada no hospital de alta complexidade do Maranhão. Foi realizada minha internação, não pude beber água, não pude comer, fizemos uma ultrassom para saber como estava a bebê e então a médica disse que eu estava com descolamento de placenta e que meu bebê estava muito abaixo do peso. Fiquei muito triste, medo era que algo acontecesse com meu bebê. Então fomos para um leito e ficamos em acompanhamento, colocaram o aparelho na minha barriga para ver os batimentos do bebê, me aplicaram uma injeção para o fortalecimento do pulmão do bebê. Até aí tudo bem, quando de repente ouvir a médica falar que os batimentos estavam ficando fracos e então me preocupei, tinham outras pacientes lá à espera da cirurgia.
A dor que eu sentia vinha sobre meu nariz como se eu tivesse cheirado um remédio muito forte, como acetona ou sei lá o que. Via umas estrelinhas, e todo tempo o pessoal fazendo controle da pressão. No dia 29/07 só ouvi a médica dizer para me preparem que a cirurgia iria ser realizada.
Fiquei super preocupada, desesperada. Então minha mãe que tinha ido para casa da minha sogra pela manhã para descansar, voltou rapidamente para estar comigo nesse momento. Eu não estava entendo, já que o meu pensar era que eu estava ali apenas para tratar minha pressão. Perguntei para médica o porque que iria tirar minha bebê então ela me respondeu: "SE SEU BEBÊ TIVER DE MORRER, ELE VAI MORRER DO LADO DE FORA MAIS DENTRO DA BARRIGA NÃO."
Eu chorei tanto e comecei a fazer minha oração. Então já no centro cirúrgico eu e minha mãe de mãos dadas e eu todo tempo chorando com medo. Ela me disse que não era para eu chorar porque tudo iria dar certo. Ela estava lá comigo, viu todo meu parto.
Minha bebê nasceu às 15:02 da tarde do dia 29 com 1,180kg. Chorou tanto, que a enfermeira me mostrou rapidamente, pois já tinha que colocar na incubadora. No dia seguinte fui ver minha bebê, e vocês não tem noção do quanto eu chorava todas as vezes que ia ver ela. Todos os dias era um desafio, era a contagem dos pesos e a evolução da minha bebê. Então, com quase um mês ela saiu da UTI e foi para a Ucinco.
Sim, lá conheci pessoas maravilhosas e aprendi muitas coisas. Enfermeiros muito bons, que me ajudaram. Então com o passar dos dias minha bebê foi evoluindo mais, quando derrepente começou a oscilar os batimentos. Sim, ela se desesperou e eu me desesperei também. No dia seguinte falei com a médica que cuidava da minha bebê e ela pediu exames e nos exames deu que ela tinha pegado uma bactéria. Aí meu mundo desabou, eu me desesperei mais ainda. Mas entreguei tudo nas mãos de Deus e todos os dias eu orava perto da incubadora e falava para ela: "Filha você vai sair daí e a gente vai para casa, conhecer sua família”.
Minha filha era furada todos os dias,todo dia era um acesso novo e meu coração enchia de dó, mas sabia que era para o bem dela, ela precisava tomar esses medicamentos. Passaram-se os 10 dias de antibióticos e nesse tempo fomos transferidos para um leito no canguru e ficamos lá por algumas semanas. A gente conheceu a Camila e o João que era um bebê prematuro extremo que também teve uma história linda para contar. Até o dia que passaram novos exames e deu que já não tinha mais bactéria e eu cheia de felicidade só esperava pela hora da médica dar alta e então esse dia veio.
Recebemos alta, fiz amizades e elas me deram forças. Mas sempre minha força maior foi Deus. Hoje é dia 19/01/2023 e eu posso dizer para vocês que vencemos. Deus é maravilhoso, minha filha e eu fomos um milagre e somos a prova viva disso. Obrigada a todos que estavam comigo, minha mãe, que passou tudo comigo. Minha sogra, as minhas cunhadas, meu sogro e meu pai. Obrigada aos enfermeiros que me lembro o nome de alguns, Rosário, Diego, Geilson, Márcia, Aline e tantos outros, obrigada pelo carinho que tiveram com minha filha.