11 de Setembro de 2012

"Os amores que eu guardei somente pra te dar, Luisa..."


Linda a letra da música "Luiza", de Tom Jobim. Linda como a palavras da mamãe Patrícia, contando sobre a chegada de sua pequena Luisa. À Patrícia, agradeço imensamente pelo contato, pelo carinho e pela paciência. Um beijo bem especial na pitoca.

"Olá, meu nome é Patrícia, sou mamãe da grande guerreira Luisa, mocinha essa muito especial que chegou pra transformar a nossa vida!!!

Meu esposo e eu decidimos ter um bebê depois de 4 anos de casados. No primeiro mês de tentativa a grande surpresa!!! Engravidamos!!!Ficamos muito felizes e começamos a sonhar com a nossa família. Tive uma gestação tranquila, apenas enjoos nos primeiros meses, muito limão pra aliviar a azia...nada mais.

Com 28 semanas fiz um ultrassom onde o médico achou que a Luisa estava pequena, mas, disse que não era nada demais, colocou uma observação no exame sugerindo que eu fizesse novo ultrassom em 10 ou 15 dias para acompanhar.

Levamos o exame para a minha ginecologista, que não deu a devida importância a avaliação do médico, ela dizia que eu estava bem, não tinha pressão alta, diabetes, etc. Minha médica sempre me passou muita confiança, diversas fotos de bebês em seu mural de fotos, (isso pra mim não vale mais nada) era experiente e segura. Tentei acreditar que realmente tudo estava ok.

Com 32 semanas, senti a Luisa mexer menos. Ela nunca foi de mexer muito, mas, estava mais parada do que de costume...até que na manhã de uma sexta-feira decidi ir ao médico com meu marido, percebi que a Luisa não tinha mudado de posição durante a noite...algo não estava bem...

Chegando ao hospital, fiz o exame de cardiotocografia, que registra a frequência cardíaca fetal, sendo possível também ouvir os batimentos cardíacos do bebê. A médica me avaliou e estava tudo ok. Ela disse que se eu quisesse poderia fazer um ultrassom para ficar mais tranquila. Eu, claro, optei por fazer. No exame o médico avaliou que eu havia perdido liquido amniótico, que a Luisa estava menor do que o normal para 32 semanas (estava com peso e comprimento de 6 meses, não 7 meses)...a médica disse então o que mais temíamos..."Vamos ter que fazer seu parto agora para tentar salvá-la!”. Meu mundo simplesmente desabou, eu não acreditava...tantos sonhos e planos sendo frustrados naquele momento.

Lembro que meu marido fez uma oração, naquela hora pedimos a proteção de Deus, que Ele estivesse com a gente naquele momento tão difícil...e Ele esteve.

Fomos então para o centro cirúrgico, eu tremia demais, tinha muito medo...ela era muito pequena, poderia não resistir, mas, resistiu!!! Luisa nasceu então naquele 28.10.2011 por um parto de emergência, tinha 35 cm e 1141kg, ela estava em sofrimento fetal, tinha parado de crescer desde o último ultrassom que eu havia feito.

O pouco alimento que ela conseguia receber era enviado para os órgãos vitais, para assim poder sobreviver, tinha feito coco e estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço... em mais 24 horas ela não resistiria. E mesmo com tantas circunstâncias ruins, Luisa quando nasceu chorou e foi o choro mais lindo de todo o planeta!!! Eu e meu marido choramos juntos, muita emoção!! Não pude nem sequer tocar na minha filha, lembro que o pediatra apenas me mostrou ela, era rosada, cabeluda e pequena, muito pequena. Foi dali direto para a UTI, onde passou 52 intermináveis dias.

Luisa nasceu bem, mas, 3 dias depois teve que ser entubada, adquiriu uma infecção muito grave, onde os médicos disseram para nos preparar para o pior, recebeu óxido nítrico, adrenalina, transfusão de sangue, PICC, furos e mais furos, diversas apneias, muita dor pra ela e para os papais, mas, não perdemos nossa fé...sairíamos com nossa filha daquele lugar.

Nossa guerreira foi melhorando com o passar dos dias, a cada semana um equipamento era retirado de sua incubadora, foi ganhando peso e nosso sonho de ter nossa filha em casa estava cada vez mais perto. Nunca dei tanto valor à medicina, aos médicos, enfermeiras e toda equipe de uma UTI Neo! Ao hospital Vitória do Jardim Anália Franco, nossa eterna gratidão.

Pude pegar minha filha no colo com 20 dias de nascida, momento mágico que jamais esquecerei. Minha ansiedade era ir embora antes do Natal, queria passar o Natal em casa, em família. Sentia inveja, sim, das mães que levavam seus filhos embora, das mães que podiam amamentar, ou que simplesmente pegavam seus filhos no colo, dos bebês que eram mais gordinhos e saudáveis...foram dias muito difíceis, mas, não estávamos sozinhos e Deus novamente nos abençoou, Luisa foi pra casa em 19.12.11, data em que ela iria nascer... tinha 1875kg.

Hoje Luisa tem quase 8 meses, pesa 8kg e tem 63cm. É muito esperta, boazinha, sorridente e simpática! Não tem sequelas, é a nossa alegria de viver!! Não imagino minha vida sem ela... e sou muito orgulhosa por tê-la em minha vida!

Nós, mães de prematuros somos muito guerreiras, assim como eles são. Fazemos tantos planos e muitas vezes não sabemos porque passamos por tudo isso, mas, Deus sempre tem um plano e o plano Dele é sempre melhor! E por último: mamães, confiem sempre em sua intuição de mãe, esse sentido especial foi dado por Deus para proteger e cuidar dos nossos filhos desde o ventre materno!!!

Um beijo para todas as mamães e bebês guerreiros!!!"

Patrícia, mãe da Luiza.

 



Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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