20 de Junho de 2023

Meu milagre se chama Cecília

Quando estava com 23 semanas de gestação (28/12/2021), fiz meu primeiro morfológico.

No momento do ultrassom, a médica não dizia muita coisa, estava bem concentrada no exame.

Quando finalizou não entrou em detalhe, mas disse que não havia conseguido ver o sexo e alguns órgãos do bebe e que era para procurar pela Medicina Fetal, que eu iria precisar. Naquele momento sem entender o que estava acontecendo, já cai no choro. Minha consulta com meu obstetra estava marcado para próxima semana, então deixei e aguardei até a consulta.

Passei a virada do ano com o coração partido. Na consulta meu médico disse que meu bebe estava com sofrimento fetal, com pouco liquido na placenta e por isso não estava recebendo os nutrientes necessário para o desenvolvimento dele(a), e que meu bebe não iria resistir, e me encaminhou para a medicina fetal para verificar o que poderia ser feito.

Fomos para Medicina fetal, chegando lá o medico bem sucinto disse, que realmente meu bebe não iria resistir, que não teria muito o que fazer, que eu teria que aguardar ele(a) morrer para que seja induzido o parto, pois se fizesse uma cessaria para retirada do bebe, corria o risco deperder a mim e o bebe.

Solicitou outro morfológico e mandou eu acompanhar minha pressão. No morfológico o médico conseguiu ver sexo (menina) e todos os órgãos, porém não estava conseguindo realmente desenvolver. Com isso, ficamos muito ansiosos sem saber o que de fato iria acontecer, com medo, acompanhava minha pressão.

Quando foi dia 04/02/2022, minha tia me ligou e me perguntou da minha pressão, eu disse que não havia olhando ainda, quando olhei estava 15/9, no mesmo momento minha tia entrou em contato com uma prima minha que é médica, e ela pediu que eu fosse até ela para me examinar. Chegando lá, realmente minha pressão estava aumentando, e com isso me encaminhou para maternidade. Chegando na maternidade, minha pressão só aumentava, acho que fiquei tão nervosa com a situação que a pressão só aumentava. Até que chegou a 17/10, ai a médica de plantão resolver fazer o parto, estava com pré eclampsia. Já entrei em contato com meu marido, chovia muito no dia, meu pai e minha irmã foram para maternidade.

Me aplicaram uma injeção para ajudar no pulmão da Cecília, fiquei 20 minutos tomando essa injeção, estava sentindo um dor muito forte tipo na boca do estomago que era por causa da pressão. Por fim, fui para o bloco cirúrgico, meu marido não conseguiu chegar há tempo, minha irmã me acompanhou.

No dia 04/02/2022, começou tudo, nasceu Cecília, pesando 500 gramas, com 28 semanas, 30 cm, foi entubada no nascimento e foi direto para UTINENATAL, e lá ficou por 156 dias (5 meses), teve alguns transfusões de sangue, varias intercorrências, varias tentativas de saída do CPAP, varias apneias, algumas convulsões, chegou a pesar 420 gramas, foi conhece-la depois de 2 dias, pois tive que ficar no CTI por conta da pressão, foram dias de muita luta, era terrível ter que vim embora e deixa-la.

Como foi difícil, não tive resguardo, como meu parto foi cessaria, foi horrível ter que ficar em repouso sabendo que ela estava em uma incubadora, eu estava indo na maternidade 1 dia sim e outro não, com meu marido me levando de carro, após 2 semana passei a ir todos os dias, ia de ônibus, pois o custo para ir de carro era muito maior, pois moro praticamente do outro lado da cidade de BH.

Não foram dias fáceis, me fortalecia em Deus. Até que no dia 29/06/2022, tivemos alta para casa, Cecilia teve que vim com oxigênio e se alimentando por gastro, mas após 3 semanas em casa ela teve um esforço respiratório, e corri com ela para o hospital, dali começou tudo de novo, Cecilia internou novamente no CTI no dia 22/07/2022, ficamos por mais 58 dias, com varias intercorrências, paradas cardíacas, convulsões, apneias, entre outras coisas. Por fim fizeram um exame nela que se chama Broncoscopia, e descobriram que ela fazia apneia enquanto dormia, me deram 2 opções, uma traqueostomia ou ela utilizar o VNI quando dormir, os médicas avaliaram e viram que ela dava conta de ficar somente com o respirador no sono.

Cecília teve alta do hospital no dia 16/09/2022, sem a utilização do oxigênio somente com o uso do VNI quando dormi, desde então com a Graça de Deus está em casa, hoje já está no processo de introdução alimentar, mamando a mamadeira, pesando 6.200, com 11 meses, fazendo fisioterapia motora, desenvolvendo e nos surpreendendo a cada dia. Cecília é nosso milagre, pra quem não ia nem nascer, a cada dia me ensina mais e mais. Muito esperta, sem nenhum problema neurológico, nem auditivo, nem de visão, tem displasia pulmonar mas que se cura com o crescimento e todo cuidado para com ela. Faz acompanhamento mensal com o pediatra, tem acompanhamento com neurologista e pneumologista trimestral. Ela é o xodó de toda família, primeira neta em ambos os lados.

Só temos que agradecer a Deus por tudo.

(relato enviado em 04/01/2023)