21 de Janeiro de 2013

Kadu: alegria na vida dos pais, Glaucia e Marlon


Agradeço aos queridos Glaucia e Marlon pelo lindo relato e pela super paciência, esperando sua publicação. Muita saúde pro Kaduzinho! Um beijo carinhoso.

"Meu nome é Gláucia, tenho 21 anos, sou casada há 3 e tenho um filho de 8 meses que foi prematuro.

Minha gravidez foi muito desejada! Demorei 8 meses para engravidar e quando consegui foi só alegria. Lembro que quando fui fazer o teste eu já tinha certeza da minha gravidez. Fui fazer o exame e recebi o tão esperado positivo no mesmo dia. Na mesma hora, liguei para minha mãe que mora no EUA. Ela ficou em estado de choque e me ligou umas 50 vezes no mesmo dia para ter certeza de que era verdade. Meu esposo também não acreditou, e dizia que a ficha demorou cair. Éramos todos pura alegria.

Logo no primeiro ultrassom, descobri que estava com descolamento de placenta e tive que ficar de repouso absoluto até o próximo exame,  em 2 semanas. Com graça de Deus, deu tudo certo. Com 5 meses comecei a sentir contrações e, de novo, voltei para o repouso. Naquela mesma semana começou o desespero, porque fiz a morfológica e foi constatado que tinha líquido amniótico.  Eu pensava: "O que é isso?" "O que devo fazer?" O que quer dizer?". Fui pesquisar e vi a gravidade do problema, o que me deixou muito nervosa.

Minha luta começou em 4 de novembro de 2011. Senti umas contrações e resolvi ir para o pronto-socorro. Chegando lá, o médico disse que meu colo estava fechado,  meu útero estava contraindo e que  se eu tivesse contrações a cada 10 minutos, deveria  voltar. Mal saí e tive outra, então fiquei lá por 1 hora e contando quantas contrações tinha. Acabei tomando buscopan e após 3 horas fui liberada.

No sábado,  5 de novembro, acordei por volta das 8 horas e estava bem até que as contrações começaram de novo, só que muito pior. Liguei para a médica, Dr. Yara, e ela pediu que eu estivesse no hospital até às 10 horas. Apesar do meu colo do útero estar fechado, ela me internou e pediu exames de sangue e um ultrassom de urgência. O exame de urina confirmou infecção. Já no ultrassom, diagnosticaram que meu líquido abaixou mais 1 cm (estava com 9cm), o que foi preocupante, pois eu estava tomando de 3 a 4 litros de água por dia e não tinha nada em minha urina. Logo após, tomei uma injeção para amadurecer o pulmão do Kadu mais rápido, caso ele nascesse antes de 34 semanas. Neste dia, comecei a me conformar que meu filho seria prematuro, e então comecei a pesquisar mais sobre o assunto.

No domingo, 6 de novembro, Dra. Yara me alertou que o Kadu poderia nascer a qualquer hora, e disse que se fosse necessário fazer uma cesariana de emergência, eu teria que ir para Belo Horizonte, já que o hospital da Unimed em minha cidade não tem estrutura para bebês tão prematuros.  Neste dia, a tarde, tomei a segunda dose da vacina do pulmão, buscopan e antibiótico. Tive uma reação alérgica, mas após um antialérgico, melhorei.

Na segunda, dia 7 de novembro, fiz outro ultrassom. Resultado: meu líquido subiu para 11 cm e meu bebê estava com 1,8kg. O problema é que minha placenta tinha amadurecido chegando ao 3º grau, esperado apenas na 35ª semana. Com isso, eu não conseguiria dar tanta vitaminas para meu bebê e posso entrar em trabalho de parto qualquer hora. O repouso aqui era absoluto.

Os próximos dias foram tranquilos. O Kadu estava superbem e se mexia muito, o que era um bom sinal. Na quinta-feira, dia 10 de novembro, a Dra. Yara me deu alta, mas avisou que minha gravidez era de risco e o repouso total era importantíssimo. Logo após fiz um exame (cardiotocografia), onde descobri que meu útero estava tendo Braxton Hicks (falsas contrações). O resto estava normal, mas mesmo assim, passei a fazer ultrassom de 1 a 2 vezes por semana.

Na sexta, dia fiz um ultrassom de novo e meu líquido havia diminuído para 7 cm. Por isso, a Dra. Yara pediu que eu me internasse. Como se não bastasse todo meu nervosismo, ainda tive inúmeros problemas com a Unimed. Mas, ao final, fui transferida para Márcio Cunha no mesmo dia para ter o Kadu no dia seguinte, sábado.

No sábado, não pude ganhar o Kadu, pois o médico disse que não faria nada com o bebê se mexendo e com 7 cm de líquido. Era preciso esperar até 5 cm de líquido ou ele parar de se mexer. Assim, no domingo, dia 13, fiz um ultrassom e meu líquido tinha aumentado! Agora estava com 7.8cm e o médico, Dr. Welton me deu alta porque o bebê estava bem. Nos dias seguintes fiquei bem.

No dia 24, acordei sentindo contrações, e  percebi que minha barriga estava mais baixa e muito lisa.  No dia seguinte, com 5 cm de líquido, comecei a ter verdadeiras contrações e fui para Márcio Cunha ter o Kadu. Ocorreu tudo bem no parto e dentro de 30min estava tudo pronto. O Kadu nasceu às 19h20min com chorinho mais lindo que já ouvi na minha vida! Após esperar 2 horas para anestesia passar fui para meu quarto, mas não vi ele, pois estava tarde. No outro dia, fui conhecer o meu gatinho que estava no berçário com oxigênio.

No domingo, o médico, Dr. Felipe, nos acordou para falar que o pulmão do Kadu não aguentou o oxigênio e rasgou do lado causando um pneumotórax. Eu só pensava: "e agora Deus, o que eu faço?". Mas, depois de 4 horas bombeando oxigênio na mão do Kadu, ele se estabilizou. Eu ganhei alta e fui para ficar ao lado do meu pequeno que precisava muito de mim.

Na segunda, recebemos a notícia de que o pneumotórax havia sido curado. O pulmão do Kadu já tinha se expandido um pouco mais e ele passou a utilizar apenas 50-60% do oxigênio da máquina. Ficamos muito felizes e fomos para casa satisfeitos.

Na terça-feira eu pude amamentar o Kadu e a sensação foi maravilhosa! Eu sentia que ele melhorava dia após dia.  E estava certa! Na quarta, meu gatinho estava se mexendo e até tentando chupar o dedinho. Eu só esperava o dia em que o raio-X mostrasse o pulmão dele todo formado, para tirar o Kadu dos tubos.

No outro dia, tiraram os drenos do Kadu e na segunda-feira, a melhor surpresa: meu gatinho estava sem tubo de oxigênio, sem CPAP. Ele estava respirando SOZINHO! Agora ele só tomava soro e remédio para ficar sedado e não cansar muito. E as surpresas só aumentavam! A dieta dele aumentou de 1 ml de 3 em 3 horas, para 2 ml.  Todo mundo naquele hospital que passava perto dele não acreditava no que via! Ninguém achava que ele iria melhorar tão rápido.

Na quarta-feira, dia 7 de dezembro, eu pude segurar o Kadu pela primeira vez. Ele ficou sorrindo o tempo todo e eu amei! Neste mesmo dia, ele recebeu alta da UTI Neonatal e foi para a UTI Intermediaria. Agora era esperar ele tirar a sonda e mamar só no peito.

E foi assim que aconteceu. Na quinta-feira, tiraram a sonda e a nutrição que ele recebia. Com a melhora incrível do Kadu, nós apenas aguardávamos uma vaga no berçário, que no sábado chegou! O Kadu ficou 2 dias no berçário e, no dia 13 de dezembro de 2011, recebeu alta. Éramos só felicidade.

Depois de tanto nervosismo, medo e tristeza, posso dizer que sou muito grata a Deus, que não só colocou excelentes profissionais ao meu redor, como também teve misericórdia sobre a vida do meu filho e fez um milagre que foi reconhecido por todos. Sei que muitos são contra a cesariana, mas foi o que salvou a vida do meu filho e vou ser eternamente grata aos médicos por isso. Se fosse parto normal ele poderia ter cansado o pulmãozinho e até morrido.

Para mim, a Dra. Yara foi uma excelente profissional que se tornou uma amiga. Ela teve um cuidado tão grande comigo que não sei como agradecer. Também agradeço aos médicos que fizeram minha ultrassom, Dra.  Seline e Dr. Julio,  a minha amiga Naiara que sempre apressou os resultados dos meus exames tornando o trabalho dos médicos mais fácil. Agradeço ao Dr. Milton pelo cuidado que teve com meu filho quando nasceu. Dr. Felipe e Dr. Gerson, deixaram de lado o fato de serem de hospitais diferentes , deixaram de lado o fato da Unimed não querer pagar, e deixaram de lado o fato do plantão deles ter acabado... foram excelentes médicos!!! Salvaram uma vida!!!

Agradeço aos amigos pelas orações, as enfermeiras pelos cuidados, as minhas primas Luciane e Valeria por estar deixando de lado seus minutinhos de almoço para irem visitar o Kadu todos os dias. Agradeço a todos pelo apoio e ao meu marido por ter sido tão compreensivo, paciente comigo e companheiro. Foram 18 dias na UTI Neonatal. Pode parecer pouco, mas para mim foi uma eternidade.

Foram 18 dias na UTI. Para muitos, parece pouco, mas para mim ,foi uma eternidade. É como a enfermeira Jussara sempre dizia "aqui (na UTI) é onde você prova que tem fé;  aqui é onde você testa a tua força". E é verdade. Não é fácil... e tem dias que você acha que perdeu todo restante da força que você tem, mas com fé você vence a luta...com fé e com Deus!


Graças a Deus, e a minha fé, o Kadu contrariou o que os médicos diziam. Todos achavam que ele iria morrer, mas hoje ele tem 8 meses, vive cheio de alegria, saúde, força e faz tudo que uma criança faz. Nunca ficou sequer gripado e mamou até os 6 meses de idade.

Enfim, meu recado disso tudo é: nunca desista. A luta é grande, mas Deus é maior!"

Glaucia, mãe do Carlos Eduardo.

 

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

Compartilhe esta história

Tem uma história de prematuridade para compartilhar?

Envie seu relato para gente e faça a diferença para quem precisa de palavras de força e esperança nesse momento.

envie sua história

Conheça outras histórias

Veja histórias por:

    Últimas Notícias

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.