01 de Fevereiro de 2024

José Matias, um verdadeiro milagre

Há exatamente um ano José Matias chegou ao mundo por parto cesárea de urgência no dia 01/02/2023, às 23:56, prematuro extremo pesando 640g. Eu estava com 28 semanas e 6 dias de gestação e com hipertensão gestacional durante aproximadamente um mês, sentia muita cefaléia que não melhorava com os remédio para dor e o remédio para pressão (metildopa 250mg), me dava muito sono mas não controlava a pressão.

Fui ao cardiologista que prescreveu hidralazina, tomei junto de metildopa, porém a pressão mantinha entre 140/90 e 140/100 mmHg. Passei três dias indo aos médicos em minha cidade natal e realizando exames após um sangramento vaginal dia 31/01/23, fiquei em observação, tomei remédio para pressão e corticoide e recebi alta, no outro dia voltei para tomar a segunda dose de corticoide. Realizei 3 USG, a primeira USG realizada na emergência no dia do sangramento, verificou 4 semanas a menos do que a IG da DPP (20/04/23) que era as 28 semanas, mas dava 24 semanas.

A segunda USG também 4 semanas a menos, foi quando o médico interrogou a possível CIUR, e a terceira USG fiz em outra cidade, busquei mais uma opinião, pois fiquei nervosa com a possibilidade de parto prematuro e graças a Deus o médico era especialista em desenvolvimento fetal e após uma hora de exame bem detalhado chegou a conclusão que o bebê estava em sofrimento fetal com diagnóstico de restrição de crescimento intra uterino (CIUR) e diástole zero. A artéria umbilical não passava os nutrientes, consequentemente estava desnutrido, cardiomegalia com sangramento, sugestivo de cirurgia cardíaca ao nascimento.

Fiquei em choque ao saber que ele estava nessas condições, e voltei para a emergência do segundo hospital, onde fui encaminhada para a capital, pois não havia suporte naquela cidade para o problema do bebê. Chegando na capital passei na consulta com a obstetra que pediu outra USG e fechou o diagnóstico, diástole zero, e me explicou que possivelmente a dosagem do medicamento para a pressão foi insuficiente e que no momento o bebê não precisava de cirurgia cardíaca, mas sim de nutrientes e me encaminhou para o centro cirúrgico. Me explicou também que a chance de sobrevivência era bem pequena. A partir daí eu só orava para que meu filho sobrevivesse e iniciou a jornada dele pela vida. Tão pequeno, tão frágil o vi de olhos abertos ao nascer, chorei e adormeci. Ele foi entubado imediatamente assim que nasceu e levado para a UTI.

No 1° dia, fiquei muito nervosa ao fazer a primeira visita, era uma situação nunca vivida, desabei a chorar quando o vi na incubadora. Nesse período era grande a minha expectativa para sobrevivência dele, chorava, orava, agradecia dia após dia, um passo de cada vez. Ele não conseguia ganhar peso, o que dava menos chance de maturidade pulmonar e de sair do oxigênio. Houve dias muito difíceis que pensei que ia perdê-lo, mas Deus cuidou todo tempo de nós. A minha força vinha da fé e de ver que precisava de mim, do meu amor, da minha presença e meu leite, que agradeço muito a Deus por ter conseguido amamentar mesmo que na sonda por sete meses, pois mãe de UTI sofre dobrado e não sei como tive condições emocionais e físicas, possivelmente por amor, aquele banco de leite era uma terapia.

Na UTI neonatal passou 7 meses internado dos quais 2 meses e meio ficou entubado, depois máscara de VNI e não conseguiu sair do oxigênio então foi realizado a traqueostomia, aos 5 meses, graças a Deus não precisou da cirurgia cardíaca. Meu pequeno passou por desnutrição, sangramento no coração, sangramento na cabeça, meningite, broncodisplasia pulmonar, refluxo, convulsões, três cirurgias de hérnia inguinal, traqueostomia e gastrostomia. Após um total de 11 meses e 4 dias de UTI recebeu alta, dia 04/01/24, com atendimento home care, pois ainda é dependente de oxigênio, devido a broncodisplasia.

Hoje meu pequeno está completando 1 ano de vida e de vitórias e está em casa evoluindo bem, iniciando a dieta por via oral, reduzindo o oxigênio, bom desenvolvimento cognitivo e está pesando 4.500kg. Deixo aqui este relato da vida desse pequeno milagre e grande guerreiro que Deus permitiu que chegasse em minha vida. Os planos de Deus são perfeitos e tudo tem um propósito. Sempre vi a vida como milagre e agora mais ainda. Nunca perdi a fé e digo que ciência e a fé andam juntas, mas quando a ciência não tiver a resposta, Deus terá!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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