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13 de Junho de 2012
Histórias Reais | Pedro, 28 semanas e a força de uma rocha
Querida Ediane, mais uma vez: muitíssimo obrigada pela linda e surpreendente história e pela paciência com a função da publicação do teu relato (desde Dezembro!!!). Ah! E o Pedro é daqueles que dá vontade de morder, um gatinho! Parabéns! Um beijo e muita saúde pra vocês.
"O nome Pedro não foi escolhido ao acaso. Ele foi uma fortaleza desde que era apenas uma célula...
Eu tenho ovário policístico e ficava meses sem menstruar. Descobri a gravidez com 22 semanas e, ao mesmo tempo estava com DHEG grave e com uma má formação na placenta que não permitia que o fluxo sanguíneo passasse plenamente para o bebê. Foram 6 semanas desde o dia que descobri a gravidez até o parto.
Enquanto estava grávida, foram várias internações. Os médicos disseram que "era eu, ou nenhum dos dois", pois minha pressão estava muito alta e não estava sendo controlada, mesmo tomando todos os anti-hipertensivos permitidos na gravidez em suas doses máximas.
Com 28 semanas de gestação, precisei fazer o parto. Fui avisada que ele não iria chorar, seria entubado e provavelmente eu não poderia vê-lo, só depois na UTI Neo. Mas minha rochinha nasceu com 595g e 32cm, chorando, não precisou ficar entubado e eu pude vê-lo. Foi sem dúvida a maior emoção da minha vida!
Imaginem: eu, que nunca havia me imaginado mãe, meu namorado fazendo mestrado em Campinas, descobri que estava grávida, correndo risco de vida, podendo perder o bebê, depois tendo que passar o dia-a-dia na UTI Neo sozinha, já que as únicas pessoas com autorização para entrar a qualquer momento são os pais (apenas quando faltava pouco tempo para a alta minha mãe pôde entrar comigo em dias alternados com os das visitas, graças à generosidade da coordenação da UTI Neonatal).
Foram 70 dias na UTI. Cada vez que tocava a campanhia, meu coração acelerava e meus olhos enchiam de lágrima. Ia andando pelo corredor, procurando avistar o monitor que marcava a saturação dele... Graças a Deus ele ficou em uma UTIN humanizada, onde eu pude ficar próxima do meu bebê por muito tempo e confiava no trabalho da equipe. A Dra. Adriana, além de excelente médica é extremamente humana e me passava segurança. Pude também conhecer outras mães que estavam ali passando o mesmo junto comigo e, em especial a Daniela, que era meu porto seguro lá dentro, já que o meu namorado estava em outro Estado e não pôde estar presente em todos os momentos.
Quando o Pedro nasceu, seu braço media 4cm de circunferência e eu pude acompanhar cada cílio nascendo, cada dobrinha pelo corpo tomando forma. Não sabia o que era ser mãe, nunca tinha segurado um bebe recém nascido nos braços, não fazia idéia do que perguntar para os médicos, do que esperar, estava totalmente perdida. São em momentos assim que a gente olha para o lado e vê quem realmente se compromete e nos ama, quem é capaz de abdicar de parte do dia para nos trazer conforto, carinho, ombro, presença. Agradeço muito a minha família, amigos e sobretudo aos meus pais pela força incondicional.
Quando o Pedro alcançou pouco mais de 800g, eu pude segurá-lo no colo e logo depois pude fazer “canguru”. Foi muito emocionante! Tocá-lo a primeira vez, sentir seu cheiro, olhar de pertinho. Só quem passa pela dor de ver o filho, dia apos dia sem poder segurá-lo, protegê-lo, ajudá-lo, sabe o as mães de UTI passam.
Cada grama era comemorada, cada centímetro era festejado. Por isso, fui avisada várias vezes: cada prematuro tem sua história, que não pode ser comparada com a história de nenhuma outra criança, nem mesmo com a de outro prematuro, apenas com ele mesmo. E, Pedro tem superado todas as expectativas, em crescimento, desenvolvimento motor e neurológico, e saúde.
Após a alta da UTI Neonatal ele foi para o quarto por 7 dias. Ir para casa foi um alívio por um lado: estava rodeada da minha família que me ajudava em todos os sentidos, arcando com os compromissos de dia-a-dia, despesas, medos, inseguranças. Mas começava uma outra batalha: por recomendação médica, ele não poderia receber visitas, ficar muito no colo, as pessoas deveriam usar máscara para se aproximar e tomava banho dia sim dia não para não perder muitas calorias. Alguns acharam que era paranóia minha, outros capricho, a maioria das pessoas não entendeu a gravidade. Algumas se ofenderam, outras desobedeceram, mas, o mais importante, após enorme batalha... vencemos!!! Ele não precisou voltar para o hospital, desde sua alta e as consultas foram sempre só rotina. Ele é super saudável e sem seqüelas.
Hoje (dez/11) está com 9 meses de nascido com 6,5kg e 65cm. É super ativo, espertinho e gostoso.
Ainda não pode freqüentar lugares públicos fechados como shoppings, igrejas e festas, mas já podemos ir a casa de amigos, parentes e dar voltinhas em parques abertos, o que já me faz super feliz.
Tenho tudo que preciso: meu filho comigo e saudável. O que mais poderia desejar nessa vida? Sou feliz e vejo a felicidade nos olhos dele, que acorda todos os dias com um enorme sorriso nos lábios, me mostrando que está aqui, comigo, saudável e alegre. Em pensar que há um ano nem pretendia ter filhos... Hoje, se alguém quer saber quem eu sou, digo: sou a mãe do Pedro!"
Ediane, mãe do Pedro.