09 de Outubro de 2023

Guerreira Saori

Oi, eu sou a Saori, vou contar um pouco de minha história e aventuras. Minha mãe e meu pai sempre desejaram um bebê e após algumas tentativas, eles foram em busca de um médico para saber o motivo de não conseguirem engravidar. Foi então que sem aviso, quando menos esperavam, eu resolvi fazer uma surpresa. A mamãe começou a ter muita fome e ficar mais dorminhoca, mas até aí tudo bem, ela achou que era normal, mas foi então que começaram os enjôos e ela resolveu fazer alguns testes que deram negativos, resolveu então fazer um de gravidez e lá estava eu. Bem escondidinha há dois meses, quando me descobriram meus pais tiveram muito medo, não de mim, mas de me perder. A mamãe disse que naquele segundo que me descobriram escondidinha já me amaram e o coração deles se encheu de tanto amor, e foi então que começou nossa jornada.

Foram feitos vários exames na minha mamãe e foi descoberto a trombofilia, o que tornava essa jornada um tanto difícil, pois havia o risco deles me perderem. Sentiram muito medo e para ter a certeza que eu estava bem foram realizados vários exames na minha mamãe, entre eles vários ultrassons e em um deles fiz uma pequena pegadinha no papai e na mamãe, que até o médico acreditou que eu era um menininho. Mamãe comprou muita roupinha azul, só que eu queria ganhar minhas roupinhas rosas e foi então que no outro ultrassom não deixei dúvida, mostrei que iriam ganhar um princesinha, papai e mamãe ficaram um pouco confusos, mas amaram a ideia de ter uma menininha. Papai ficou todo bobo, mamãe contou que quando ouviu meu coraçãozinho pela primeira vez, o coração dela se encheu de tanto amor que o peito até doeu de tão apertadinho. E assim foram se passando os dias e os meses, mamãe e papai conversavam comigo o tempo todo, me falavam quanto amor sentiam por mim, me diziam como eu era desejada e esperada, me faziam carinho, cantavam pra mim, eu já era a melhor amiga da mamãe mesmo estando na sua barriguinha.

Conforme eu ia crescendo, crescia também a barriga da mamãe e o amor que eles sentiam, mas foi durante uma noite de trabalho que começamos a ter alguns problemas com a pressão da mamãe. Tivemos que ir ao hospital e papai foi com a gente, minha mãe sentia muito medo de me perder e o papai estava o tempo todo com a gente, mas eu estava bem. Iniciaram remedinhos de pressão e fomos pra casa, e assim foi por muito tempo, pressão subindo, mamãe e papai com medo, exames para acompanhar, remedinhos para ficar tudo bem, mamãe correu e apressou para arrumar minhas coisas, montou meu quartinho, lavou minhas roupinhas, ela estava ansiosa pela minha chegada. A cada semana sabia que estava mais próximo de ver meu rostinho e sabia que quanto mais tempo no forninho eu ia ficando, mais preparada para este mundo eu estaria, mas foi então no dia 22/07 que mamãe e papai foram fazer outro ultrassom, eles estavam ansiosos pra me ver, pra ouvir meu coraçãozinho.

As notícias não foram muito boas, a médica falou pra mamãe que eu teria que sair do forninho antes do tempo, pois eu estava sofrendo, não estava recebendo o alimento que precisava para continuar crescendo, mamãe me disse que por um momento pensou não ser verdade, não queria acreditar que iriam me tirar do seu forninho tão precoce, papai no canto da sala estava com muito medo, e fazia várias perguntas à médica e sentiam muito medo de me perder. Começou a correria para eu vir ao mundo e para que meu sofrimento terminasse, mamãe foi direto para o hospital, foi apenas o tempo de arrumar as malas, ao chegar ela foi avisada que tomaria alguns remédios pra preparar minha chegada e que eu chegaria pela manhã. Mamãe aquela noite teve muito medo, não conseguia dormir, papai estava com a gente e tentava acalmá-la, eu me mexia o tempo todo, queria mostrar a minha mamãe como eu era forte, mostrar que eu estava bem e para ela não se preocupar. A noite foi longa e a mamãe não dormiu, eu dormi e acordei algumas vezes, estávamos ansiosos pelo encontro e então o dia amanheceu. Tínhamos algumas poucas horas para nos preparar para o nosso encontro, minha mamãe trocou de roupa, conversou comigo e então nos colocaram em uma maca e seguimos um longo caminho, papai estava sempre vigilante ao lado.Entramos em uma sala, colocaram remedinhos em minha mamãe para prepará-la para o nosso encontro e foi então às 09:30 que minha mamãe escutou meu choro e chorou junto comigo, o amor havia chegado mais cedo para os dois.

Com cravados 35 centímetros e pesando 935 gramas, eu chegava a esse mundo com todo amor do mundo, eu chorei tão forte que mamãe não teve dúvidas que eu já era uma vitoriosa, tive medo pois eu não estava mais no meu forninho, era frio e diferente e então me colocaram no rosto da mamãe e sentir o quanto amor havia ali me esperando, ela conseguiu dizer o quanto eles me amavam, me disse era pra ser forte porque já já estaríamos juntos para sempre. E então nos separaram, mamãe e papai tiveram medo, pois haviam conhecido o amor e sabiam que não iriam suportar viver sem tê-lo, fui para o lugar onde nascem gigantes, guerreiros, verdadeiros milagres, fui muito forte e corajosa e aguentei firme como pediu a mamãe e aprendi a não chorar porque eu sou forte e gigante. Foram 28 dias de separação e eles contavam os segundos para os encontros diários que duravam duas horas, papai e mamãe revezavam os dias para que pudessem me ver e me sentir, e nesses momentos havia muito amor e havia Deus em cada detalhe.

E chegou o tão desejado momento de ir para o quarto, lá pude ficar mais tempo com o papai e passei a ter a mamãe só para mim e eu era tudo que ela queria ter. Fui ganhando gramas e os dias se passaram e a cada dia uma nova aventura, após 29 dias fomos para casa, e foi o início dos dias mais felizes de nossa família e de tantas aventuras que irei contar.

Hoje minha filha está com um ano e quatro meses cronológicos, desenvolvimento normal, a cada dia vencendo a prematuridade.

(Relato da mamãe Wanderlucia enviado em 2022)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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