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10 de Março de 2014
Erick Vitório - um milagre de Deus
“Olá! Eu sou Rodneide, tenho 30 anos e sou mãe de dois fihos maravilhosos. O primeiro, chamado Matheus, de tempo normal de gestação, e do pequeno guerreiro Erick Vitório. Pois bem, é dele que irei relatar aqui e compartilhar esse momento tão angustiante que foi na minha vida.
Tudo corria muito bem em minha gestação, até que um dia acordei tendo muito sangramento. No mesmo instante, fui ao médico e o mesmo me mandou para casa e disse para ficar em repouso. Na mesma madrugada, retornei, pois o sangramento só aumentava e, então, fui medicada e transferida para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Lá disseram que o meu bebê nasceria a qualquer momento e que o meu caso era grave, pois havia descolado a minha placenta e estava correndo risco de vida eu e meu bebê. Dizia o médico: "A prioridade, mãe, é salvar a sua vida, pois a do seu bebê as chances são mínimas, já que ele é prematuro extremo e de extremo baixo peso. Se ele nascer agora, provavelmente, não sobreviverá, e, se sobreviver, ficará por muito tempo intubado e terá sérias complicações devido a prematuridade." Confesso que foram as palavras mais difíceis que alguém já havia me falado e, naquele momento, não havia nada a fazer, senão confiar em Deus e pedir a Ele a sua proteção. Não teve jeito.
O meu guerreirinho quis vir mais cedo ao mundo e o Mestre deixou. Nascia assim o meu pequeno Erick, com 32 cm, 800 gramas e 26 semanas de gestação. Quando nasceu, surpreendeu a todos os médicos e a mim também, pois chorou e não precisou ser intubado, ficou apenas no CPAP por um bom tempo. Pois bem, junto a ele nascia ali uma mãe e pai de prematuro. Eu nunca tinha entrado em uma UTI e nem ao menos passado por qualquer situação semelhante.
Apesar de ter nascido e respirado bem, o meu pequeno Erick teve muitas complicações. Com apenas um dia de vida, já fez foto de luz, pois teve icterícia, permanecendo na foto por cinco dias. Era horrível ver aquele rostinho do tamanho de uma bolinha de ping pong todo coberto com o "óculos de esparadrapos" por causa da luz. Eu e o meu esposo chorávamos muito, pois, apesar da fé em Deus, havia horas em que o coração queria se desesperar. A abdômen do meu pequeno se distendeu, e os medicos retiraram a sua dieta. Ele permaneceu por vários dias na parenteral. Seu Destro dava sempre muito alterado, tinha que tomar insulina várias vezes por dia. Ele tinha acompanhamento com muitos médicos, e uma das coisas que nos deixava bastante preocupados era a parte de oftalmologia, já que eles diziam que os vasos sanguíneos do olho dele não estavam se vascularizando, o que poderia acarretar em uma cegueira. Mas, graças ao bom Pai do céu, a primeira alta que ele teve dos retornos após ter saído do hospital foi esta. Antes, porém, ele precisou fazer um Avastim no olhos e depois um laser no olho direito, mas tudo correu bem. Confesso que até passei mal nessa cirurgia dele. Eu morria de medo da anestesia e de dar aguma coisa errada, por isso, chorei muito e passei até com a psicóloga do hospital. Tudo deu certo e meu guerreiro enxerga muito bem.
A cada dia do meu pequeno naquela UTI era uma surpresa, ora boa, ora ruim. Eu me sentia em uma montanha russa, ora subia, ora despencava tudo. Os médicos disseram desde o começo que seria assim, mas acho que uma mãe e pai que amam seu filho de verdade nunca está preparado para isso. Tem que ter muita, mas muita fé em Deus, porque o próprio médico-professor disse a nós assim que ele nasceu: "Olha, pais, o seu filhinho é muito prematuro e nós vamos fazer de tudo para salvar a vida dele, mas podemos fazer somente até onde a nossa inteligência alcança, e o caso dele é só aquele lá de cima (referindo-se a Deus)". E assim foi...
No início, perdeu muito peso e foi para 600 gramas. Ah, meu Deus, aguenta coração! Era terrível. Demorei 16 dias para poder pegá-lo em meu colo e não consegui conter as lágrimas quando isso aconteceu. Foi emocionante demais. Era o início de uma grande batalha, mas com a vitória certa.
Quando já fazia quase três meses que o meu pequeno estava ali, ele teve hérnia e foi submetido a cirurgia. Nem precisa dizer que novamente eu quase me inundei em lágrimas né?! Mas, graças a Deus, mais uma vez, deu tudo certo e logo tivemos alta. Aliás, por falar em alta, ah, como foi difícil quando eu tive alta, após 5 dias de ter tido ele e não poder levá-lo comigo. Ô tristeza... Foi difícil me conformar que o meu pequeno, tão fragil, ficaria ali sozinho. Mas todos os dias eu fui lá, apesar de ter um outro filho pequeno ainda, com 5 anos. Na parte da manhã, eu cuidava dele, a tarde, ele ia para escola e eu aproveitava para ficar com o Erick no hospital. Todos os dias fazia ordenha em casa e lá tambem e, assim, o meu pequeno recebia o meu leite, a qual era uma coisa que eu pedia muito a Deus para que não deixasse secar o meu leite. Fiz até uso de alguns remédios receitados pelos médicos para que não secasse e deu certo. Não desisti e, quando ele já estava quase para ter alta, pude começar a amamentá-lo em meu seio e, graças a Deus, estou amamentando até hoje.
Assim se passaram 94 dias ali, de muita angustia, mas com muita fé. Aprendi muito com isso. Confesso que, apesar do estado de saúde do meu filho, em minhas orações, eu nunca deixava de apresentar todos os demais ali, que vamos falar, até muito piores de saúde do que o meu pequeno. Pude ver o desespero de muitas mães ali que, assim como eu, só restava ter fé que daria certo. Infelizmente, vi muitos anjinhos partirem e, por isso, cada dia de vida do meu filho para nós era motivo de muita alegria. Tenho que agradecer a Deus todos os dias da minha vida por este milagre, e também não me esquecer jamais de tudo que os médicos e enfermeiras fizeram pelo meu filho. Deixo aqui registrado a minha eterna gratidão pela atenção e carinho dado a ele e a nós também.
Olha, confesso que depois disso, aprendi muito mais sobre a fé, o amor e esperança. Sempre que eu podia, ia na igreja renovar as forças e nunca, em momento algum, nos sentimos sozinhos, isso eu posso dizer com plena convicção, pois se não fosse a mão de Deus ter nos ajudado, não teríamos forças de passar por isso e o meu filho não estaria aqui.
Neste tempo todo e até hoje, li muito sobre os prematuros e quando achei o site Prematuridade.com, fiquei emocionada, pois vi que não estava sozinha. Leio sempre as histórias aqui contadas, pois elas nos ajudam a dar forças para continuar e sempre eu pensava "um dia também escreverei a história de milagre do meu filho aqui", e aqui estou. Espero de alguma forma poder contribuir para a esperança de alguém que neste momento também chora pelo filhinho na UTI. Tudo dará certo, basta ter fé! O meu pequeno está hoje, dia 16 de dezembro, com 9 meses, pesando quase 8 kg e em perfeita saúde!”
A mamãe Rodneide nos autorizou a compartilhar o lindo vídeo feito especialmente para o Erick Vitório:
Rodneide, mãe do Erick Vitório