23 de Abril de 2013
Davi, um pequeno gigante!
"São mais de 1 da manhã e a exatos 5 meses atrás eu estava aqui no Prematuridade.com lendo as histórias de outros bebês!
Hoje, decidi ajudar alguma mãe aflita que assim como eu, buscava apoio nas histórias reais do site.
Minha gravidez foi um marco desde do início, uma vez que eu não estava preparada, tanto fisicamente como emocionalmente, para ser mãe.
Sou nova, não era casada, estava na faculdade, tinha projetos idealizados. Ou seja, a notícia da gravidez caiu como um grande susto, tanto pra mim, como para meu namorado (atualmente marido) e nossos familiares!
Passou algum tempo até que eu finalmente consegui aceitar que estava esperando um bebê. Minhas consultas nos pré-natais já não eram uma obrigação, e sim um prazer. Adorava fazer ultrassom e ver aquele rostinho, perninhas, bracinhos, ouvir o coração e claro, ouvir a médica dizer que estava tudo bem!
Com 22 semanas fiz a tão esperada ultrassom morfológica que normalmente demora bastante. Mas, a minha estava demorando um pouco a mais havia algo que estava errado. A médica primeiro me tranquilizou e falou que o meu caso não era tão grave, que eu precisaria apenas fazer a minha parte. Quando ela fazia força, meu colo abaixava. Ou seja, ele estava curto e eu não poderia fazer nenhum esforç
Mãe de primeira viagem, sem experiência alguma, nem me preocupei! A médica passou remédio para mim e aparentemente estava tudo indo dentro dos conformes. No dia 20 de agosto, completei 31 semanas e, nesse dia, fiz meu chá de fraldas na empresa onde trabalho. Eu não tinha nada para o neném, apenas algumas roupinhas e só. Eu estava preocupada com meus chás! No outro dia (terça-feira) fui trabalhar normalmente. Quando cheguei em casa senti umas pontadas muito fortes na região pélvica. Sentia uma pressão que achava ser normal. Tomei banho e continuei sentindo aquela pressão e quando coloco a mão na minha barriga ela esta dura igual uma pedra. "Meu Deus o que está acontecendo?", pensei. Liguei para a médica e ela disse para ir ao hospital mais próximo. Fomos ao médico e ele me avaliou, disse que não estava em trabalho de parto, porém, como tinha o colo curto, teria que permanecer em repouso!
Quarta-feira, quando fui ao banheiro, percebi que tinha um corrimento fora do normal. Comecei a chorar horrores. Aquilo não era normal! Fui na médica e descobri que meu tampão tinha saído e eu já estava com 2 cm de dilatação. Agora era repouso absoluto.
Na madrugada, senti uma pressão muito forte, fui ao banheiro e quando voltei percebi que a cama estava um pouco molhada. Chamei meu marido e falei que queria ir para o hospital imediatamente. Quando levantei, muita água lavou o quarto. Minha bolsa tinha estourado! No carro foi um silêncio absoluto até o hospital. Eu não conseguia entender por que aquilo estava acontecendo comigo, não conseguia aceitar que minha gravidez seria interrompida naquele momento. Foram muitos por quês. Me passaram todos os tipos de pensamento. Chorei muito! De imediato, o plantonista queria fazer uma cesariana de emergência, porém, outro médico pegou meu caso.
Fiquei internada, pois o líquido parou de vazar. Fiz ultrassom e estava tudo bem. O médico me perguntou várias vezes se eu tinha certeza que era a bolsa, e era claro que eu tinha! Com alterações em meu exame de sangue, sábado, o médico falou que não iria mais retardar o parto uma vez que eu estava com infecção e essa poderia passar para o bebê, já que eu estava com bolsa rota. Ele falou que, se caso eu entrasse em trabalho de parto, não iríamos impedir a natureza e a vontade do bebê. Meu mundo caiu! Até hoje não consigo explicar o que senti. Se passou um filme em minha cabeça novamente. Mas ele é tão pequeno, mas por que sair agora? Justo agora que estou aproveitando esse barrigão, e meu chá? E minhas lembrancinhas? E meus sonhos de mães com seus bebês no colo? Foi terrível, minha amargura não tinha fim! Às 21h e 26 minutos, com 2.060 Kg, 43 cm, 31 semanas e 5 dias, meu filho nasceu de parto normal. Eu ouvi seu chorinho, vi seu rostinho, senti seu calor. Foi o momento mais feliz da minha vida!
Mas, no outro dia começavam as lutas que eu enfrentaria por um bom tempo! Fui ver meu filho, ele estava ali no quentinho da incubadora. Chorei porque ele poderia estar ainda dentro de mim! Voltei para o quarto e chorei, chorei, chorei. A noite toda eu chorei! Meu marido não aguentava mais me ver chorar, tentou me consolar falando que ele estava bem, que não nasceu com nenhum problema, que tudo era questão de tempo. E eu lhe respondi: "Ora por mim, por que só Deus vai conseguir me consolar e tirar minha dor!".
No dia da alta, tive desespero, angústia, tristeza. Eu estava indo embora sem meu filho dentro de mim e sem ele no meu colo. Sofri muito com o parto normal, mas a dor de sair do hospital sem ele não havia anestesia que passasse! Foram longos 34 dias de dor e alegrias. A cada passo, cada ganho de peso, cada mamada; tudo era motivo para festejarmos! Conheci pessoas maravilhosas, mães que sempre farão parte da minha vida, algumas enfermeiras que cuidaram do meu filho como se fossem delas!
Até hoje, ainda não consigo entender o porquê de ter passado por isso. Nenhuma de nós, mães de prematuros, sabemos! Porque quando engravidamos temos em mente que tudo sairá como a gravidez de outras mães. Mas, somos especiais. Quem sabe um dia possamos entender o porquê de tudo, isso não é mesmo? So quem é mãe de UTI, sabe o que passamos, quantas lágrimas derramamos, quanta força tiramos não sei de onde! Hoje meu Davi está com 5 meses. É forte, saudável, dá gargalhadas, vira, senta. Seu peso e tamanho são iguais a de bebê que nasceu no tempo normal! Deus é maravilhoso, se Ele permitiu essa situação é por que somos guerreiras.
Mamães que atualmente passam por esta situação, sejam fortes, não desistam, porque tudo é uma questão de tempo! Não orem para seu neném sair logo. Orem para ele sair na hora certa, sair e não precisar voltar mais para esse ambiente. Tenham certeza que quando menos de espera, recebemos a tão esperada notícia da ALTA.
Um grande beijo a todas. Obrigada prematuridade.com. Vocês me ajudaram muito e ajudarão muitas mamães que estão aflitas, assim como um dia eu estive!
A primeira foto é o dia que ele nasceu. A segunda é o dia da alta e a terceira é o Davi com 3 meses, grande e saudável."
Nathália, mãe do pequeno grande guerreiro, Davi.