25 de Novembro de 2012

Bernardo, o amor que chegou mais cedo.


Linda história, lindo vídeo!!! Agradeço à querida Renata pelo carinho e por esperar pacientemente pela publicação! Um beijo bem especial no pequeno e votos de muita saúde pra ele!

"Meu nome é Renata, sou a mamãe do Bernardo e gostaria de dividir com vocês a linda história do meu filhote...

Bom, eu tenho 31 anos, e o Bernardo é meu primeiro filho, eu e meu marido desejamos muito essa gravidez.

Em dezembro de 2011 decidi interromper o uso de contraceptivos para me preparar para ser mãe. Gosto das coisas planejadas, mas aprendi que nem tudo pode ser assim...

No dia 25 de janeiro de 2012 descobri que estava grávida de 1 mês e meio e nesse dia tudo mudou, a minha vida começou a ter outro sentido, a alegria está em cada detalhe. No dia em que descobri que seria mamãe, fiz questão de ir a uma loja de artigos de bebês e comprei um par de sapatinhos de cor branca e juntamente com o resultado do exame, levei para o meu marido no trabalho dele, e disse que tinha um presente para ele entregando o sapatinho e o exame, a emoção tomou conta!

Então, a partir desta data tudo passou a ser diferente, minha vida estava voltada totalmente para minha gravidez, tive um excelente acompanhamento de pré-natal, procurei uma nutricionista para ter uma alimentação saudável e equilibrada para poder fornecer tudo que meu bebê fosse precisar.

Minha gravidez foi maravilhosa, nada de enjôos, cansaço, ou qualquer mal estar, tudo iria conforme qualquer gestante espera nesse período.

Com 4 meses e meio, em abril de 2012, depois de muita ansiedade, realizei meu exame de ultrassonografia para descobrir o sexo do bebê, e não foi difícil de descobrir, pois o meu mocinho estava com as pernocas abertas para mostrar para a mamãe e para o papai que seria um gurizinho.

A partir daí comecei a organizar o enxoval, o quartinho, as lembrancinhas, o chá de bebê e tudo mais, pois queria deixar tudo pronto.

Cada coisinha do Bernardo foi escolhida com todo amor do mundo, gosto de apreciar cada detalhe e foi assim que fiz tudo para ele com muito amor e dedicação.

Estava me programando para deixar tudo encaminhado até o 7ª mês, assim estaria tudo prontinho e sem correria para receber nosso pequeno.

Minha rotina diária de trabalho e tudo mais sempre foram meio malucas, horários complicados, meu trabalho era em outra cidade, então meu tempo era muito limitado. Agendei minha licença para julho de 2012, considerando que o Bernardo iria nascer apenas no final de setembro.

O Chá do Bernardo estava agendado para início de agosto. Minha última consulta do pré-natal foi em 30 de junho, tudo estava indo muito bem, não poderia imaginar que na semana seguinte minha vida iria mudar da noite para o dia.

Na primeira semana de julho, no dia 06/07 comecei a sentir um desconforto e procurei meu médico, o qual solicitou exames e foi constatada uma infecção urinária, o que desencadeou as contrações, um leve sangramento e as dilatações. Foi recomendado repouso, no domingo dia 08/07 meu desconforto foi maior pela madrugada e fui encaminhada pelo meu médico para ser hospitalizada.

Permaneci de domingo até quarta-feira internada para tentar evitar um parto prematuro. As coisas estavam controladas e na quarta-feira fui para casa, porém com recomendação médica de repouso absoluto até o final da gestação. Então o quadro se torna delicado, mas iria seguir tudo que foi recomendado.

Como meu médico iria se ausentar, fiquei de ligar na quinta-feira pela manhã para ele, relatando como eu estava, e foi isso que eu fiz. Tudo estava estabilizado. Quando desliguei o telefone, estourou a bolsa e a correria começou.

Bom, dei entrada no hospital no pré-parto próximo das 10:00 horas da manhã do dia 12/07, meu médico estava com uma viagem programada e me encaminhou para um outro médico realizar meu parto. Tudo começa aí, todo acompanhamento que fiz, a segurança que tinha nele, passou a ser de outra pessoa a qual eu nem conhecia, isso gerou muita insegurança para mim.

Recebi todo acompanhamento do setor de pré-parto e o médico o qual fui encaminhada me disse depois de alguns exames, que não teria como segurar mais, teria que realizar o parto, mesmo eu estando apenas de 29 semanas de gestação. Então como eu e meu marido moramos longe de nossas famílias, foi um somatório de vários fatores estressantes, distância da nossa família, médico o qual não era o meu e todo o risco de um parto prematuro. Nesse momento o medo tomou conta.

Assim a gente começa a compreender algumas coisas de Deus, eu também nasci prematura de 6 meses, considerando que há 31 anos atrás, pouco recurso médico se tinha, e hoje devo admitir que, claro toda ajuda médica contribuiu mas se não fosse a dedicação dos meus pais certamente hoje eu não estaria aqui.

Acredito que Deus nos coloca provações na nossa vida, eu nunca pensei que fosse ter um bebê prematuro, você só pensa que as coisas irão acontecer de forma normal, nada além disso e isso não ocorreu...

Tudo na vida tem um propósito, eu estava vivendo uma situação a qual jamais pensei vivenciar, eu e meu marido estávamos sozinhos, nossa família longe, e nessas horas você entende porque Deus coloca algumas pessoas na nossa vida, os amigos, esse sim foram à base de tudo para nós, aí você passa entender porque você conheceu tal pessoa, porque ela hoje faz parte de sua vida, foi nesse momento que meus amigos de coração me deram todo apoio e me auxiliaram em tudo que poderiam naquele momento, e eu recebi tudo que precisava naquela hora das pessoas especiais que Deus enviou para estarem ali naquele instante comigo.

Enfim, eram 18h25min do dia 12/07/2012 quando fui encaminhada para sala de cirurgia, meu marido foi corajoso e acompanhou tudo. Então nasceu o nosso pequeno Bernardo, com 1,490 kg e 41 cm de 7 meses.

Ele era muito pequeno, e o pediatra foi muito querido em poder me propiciar dar um beijo na carinha fofa dele antes de ele ser encaminhado para CTI Neonatal.

Bom, você não imagina uma situação, aliás, pode tentar imaginar, mas só vivenciando que você terá a noção de tudo que ela irá te proporcionar.

Após eu me recuperar da cesárea, fui para o quarto, confesso que não há sentimento mais vazio do mundo o qual você dar a luz ao seu filho, e não poder sentir ele em seus braços, ir para o quarto sozinha, foi algo que mexeu muito comigo, dividia o quarto com outra mãezinha e ver ela com seu bebê ao seu lado e eu apenas sentindo dores, acredito que você tendo seu bebê junto com você essas dores são meramente esquecidas...

Muitas mães não sabem o grande valor dessas pequenas coisas, como dar o peito, sentir teu bebê ao seu lado no centro cirúrgico, sair da maternidade toda exibida com seu anjinho no colo e tudo mais.

Meu coração estava em pedaços em ver o berçinho ao lado da minha cama vazio, além de ter que encarar a realidade de ter seu filho em uma CTI e saber todos os riscos e aflições que isso gerava.

Nesse momento nós nos fortalecemos em orações, pois em primeiro lugar só Deus para ajudar a reverter esta situação, claro juntamente precisa ter uma boa equipe médica e depois vem o nosso amor e fé que tudo daria certo e que precisaríamos achar forças não sei de onde para encarar tudo aquilo.

Fui a primeira vez ver o Bernardo na CTI na sexta-feira a noite, pois durante o dia as visitações foram suspensas. Isso era comum acontecer quando algum bebê estava instável e claro que nós compreendíamos pois a prioridade era a vida de todos anjinhos que estavam lá, as visitas poderiam ficar para depois.

No sábado pela manhã recebi alta, mas antes esperei o horário de visitação da CTI o qual era o seguinte: 2x ao dia, ás 11:00 horas e ás 17:00 horas por um período de tempo de apenas 30 minutos. Então aguardei o horário das 11:00 horas, separei o shampoo e o sabonete para o banho dele, as enfermeiras pediram para levar.

Quando fui em direção do corredor da CTI, o qual era escuro e lá tinha um mural com fotos de vários anjinhos que passaram por lá. Nesse momento presenciei uma cena a qual jamais na minha vida irei esquecer, uma moça me interrompeu e disse para aguardar que talvez não tivesse horário de visita pois havia uma situação delicada...não entendi até ouvir uma mãezinha aos prantos e chamando o nome do anjinho dela, o qual infelizmente havia partido...

Fiquei sem chão naquele momento, me coloquei no lugar dela na mesma hora pois poderia ser o meu bebê e isso arrasou meu coração. Naquele instante que ouvimos o gritos de desespero naquela mãe eu e meu marido nos olhamos, e o sofrimento daquela mãe nos abalou muito, mas lembro que procuramos demonstrar um para o outro confiança e lembro que eu disse para ele, não podemos nos abalar agora pois o nosso pequeno depende de nós e da nossa confiança que tudo irá ficar bem! Meu choro ficou engasgado...

Quando fomos embora do hospital, lembro como se fosse hoje, aquela mãe chorando na frente do hospital, nada iria confortá-la naquele momento, a dor deve ser imensa, me direcionei para ela e dei um forte abraço dizendo que o que eu poderia fazer por ela era orar para Deus dar muita força para ela.

Enfim retornar para casa sem meu filho foi muito frustrante para nós, mas o momento era de me estruturar para dar amor e coragem para ele ser forte naquela situação delicada a qual ele estava enfrentando.

A partir daí, minha rotina era a mesma todos os dias, ir aos horários de visitação para o hospital, que confesso contava os minutos para chegar esse horário e quando estava lá com meu pequeno os minutos passavam voando, em seguida ia coletar o leite para ser fornecido para o Bernardo. Estava feliz por ter leite e fiz o impossível para mantê-lo até que eu estivesse com ele meu colo. Cada ml era uma comemoração. Enchendo o potinho depois sempre levava ao lactário com a devida identificação.

Quando entrava na CTI, era uma alegria imensa poder ficar pertinho dele, mesmo que só podendo fornecer a minha mão e o meu carinho para ele. As janelinhas da incubadora eram disputadas por mim e pelo meu marido, um pouco cada um ficava na janelinha mais próxima ao rostinho dele.

Eu sempre procurava ler a fichinha dele a qual ficava em cima da incubadora, nela constava tudo, sinais vitais, temperatura, vomito, se deixou o resíduo, peso, esse é um fator muito importante, nós contávamos grama por grama, essas eram valiosas, pois o procedimento era o bebê estando bem, sem infecções e estável, ao atingir 1,800 kg era encaminhado para o quarto da pediatria e assim que atingisse os 2 kg receberia alta.

O leite era fornecido via sonda gástrica, muitas vezes isso foi um fator de aflição para nós, pois ele deixava resíduo na sonda, rejeitando o leite, ocasionando, uma tentativa de nova dieta, jejum por um dia ou mais e assim iam aquelas gramas que ele ganhou com tanto esforço.

Um grande avanço do nosso pequeno guerreiro foi não precisar ser entubado, geralmente os prematuros precisam, pois os pulmões ainda não estão totalmente formados e precisam de auxílio respiratório. No período o qual fiquei internada recebi 3 doses de corticóide o que ajudou e muito para desenvolver o pulmãozinho dele, meu médico foi muito ágil.

Como todo prematuro, o Bernardo teve apnéia respiratória, claro que é um fator preocupante, mas sempre acreditamos que ele iria vencer mais essa etapa.

Nunca imaginei como seria uma CTI Neonatal, Bernardo teve uma ótima equipe médica cuidando dele, como excelentes enfermeiras e toda assistência necessária.

Um bebê prematuro precisa ser monitorado constantemente, ser realizada a fototerapia, oxímetro para medir a saturação do oxigênio, catéter para administração dos medicamentos endovenosos e a sonda gástrica para fornecimento do leite etc.Vendo ele passar por tudo isso, ele foi um lutador desde o começo, queria muito viver.

Como o Bernardo estava estável e bem, optei por ainda assim fazer o chá de bebê dele, mesmo ele já nascido, pois tudo tinha sido feito com muito amor, e dia 05 de agosto foi feito e todas as pessoas queridas que acompanharam nossa luta de pertinho estavam lá para de uma forma um pouco diferente, festejar a chegada do nosso anjinho.

Foram 37 dias internado na CTI e na data de 22/08/12 Bernardo e eu fomos para o quarto da pediatria, esse dia foi muito desejado, passei a noite anterior em claro de tanta ansiedade.

No quarto ficamos por 6 dias, achei que tudo estaria tranqüilo mas nesse período foi diagnosticado um quadro de anemia, e como precaução meu pequeninho foi submetido a uma transfusão de sangue.

Nesse momento desandei no choro, não agüentei mais, chorei tudo que tinha direito, nessas horas você deseja que tudo que cause dor seja feito em você e não em um anjinho indefeso. A transfusão é um procedimento doloroso e meu gurizinho estava sendo tão forte em tudo, queria que não tivesse passado por isso.

Ainda no quarto o pediatra do Bernardo me informaram que ele tinha sopro cardíaco e um leve espaçamento entre os átrios, já sendo submetido a um eletrocardiograma. Pensei meu Deus, não sei até onde minha força vai, me ajuda a vencer mais essa...e graças a Deus a anemia estabilizou e o problema no seu coraçãozinho vamos acompanhar a evolução com o tempo.


Bernardo chegou ao peso mínimo de 1,280 kg e quando fomos para o quarto estava com 1,935 kg e com este mesmo peso estava o dia em que deu alta do hospital.

Permanecemos do dia 22 ao dia 25 de agosto no quarto, e finalmente no sábado do dia 25/08 fomos para casa! Esse dia marcou muito, foi muita emoção, uma alegria que transborda e o nosso grande homenzinho estava no aconchego da casa dele, do lindo quartinho dele (onde me fechei e sentei tantas vezes na poltrona de amamentação para chorar) e de todo amor que todos tinham para dar.

Bernardo possui uma linda e emocionante história, é um guerreiro, um amor de menino e os papais dele têm orgulho desde pequeno deste gurizinho.

Acredito que acima de tudo Deus nos fez ter fé e acreditar nele, que toda essa delicada situação seria vencida e só temos a agradecer a toda equipe de médicos e enfermeiras do Hospital São Francisco de Concórdia – SC pelo profissionalismo, carinho e dedicação o qual fez toda diferença.

Hoje, (12/09) nosso pequeno está completando 2 meses, 2 meses do mais puro amor!

E confesso não existe como não se emocionar a cada vez que lembro tudo que passamos e hoje estamos com o nosso anjinho querido felizes em casa. Bernardo é o meu orgulho, minha vida... Agradeço a Deus por tudo!

Com carinho,

Renata, mamãe do Bernardo.


Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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