31 de Outubro de 2013
A luta e a superação de Pietra
“Tudo parecia ocorrer bem até o pré-natal do sexto mês de gestação. O médico na verdade tinha reparado que, do quinto pro sexto mês, eu tinha engordado 5 kg. Ele brigou, mas estranhou porque estava já muito inchada. Então, na hora de medir minha pressão, estava 14/10 e, mesmo não estando tão alta, já me encaminhou para gravidez de risco. Até então minha pressão estava ótima, 11/10, e não dei muita atenção, não sabia que a coisa ia ficar tão grave.
A consulta foi na quarta e no sábado, dia 30/07/2011, era meu chá de bebê. Passei o final de semana inteiro mal, muito mal, mas relutei pra ir ao médico, pois estava esperando o hospital de gravidez de risco me ligar para agendar o início do pré-natal de risco para segunda. Ainda não havia aberto vaga. No domingo, me sentindo muito mal, resolvi ir medir minha pressão e estava 20/13. Pensei que o aparelho estivesse quebrado e não dei atenção.
Minha sogra insistiu para eu ir ao médico e eu não fui. Na segunda-feira, o mal estar não passava, até que o telefone tocou e era minha sogra informando que uma mulher (amiga dela) tinha sonhado comigo, que era para eu ir ao médico urgente, que algo ruim estava para acontecer (não foi com essas palavras, mas que algo não estava bem). Medi minha pressão novamente e estava 19/13. Passando muito mal, esperei o pai da minha filha chegar e, com muita insistência, na segunda à noite, resolvi ir pro hospital.
Chegando lá, fui internada imediatamente, ainda não tendo noção da gravidade do assunto. Minha pressão não baixava, correria pra lá e pra cá. Fui informada que a minha filha estava com peso muito baixo para o tempo gestacional, placenta envelhecida grau III e o coração dela estava bem fraco. Tomei, então, a primeira dose da injeção para amadurecer o pulmão
. Fiquei preocupada e fui informada que seria transferida para outro hospital assim que abrisse uma vaga, pois a UTI Neo estava cheia.
Nesse momento eu percebi que a coisa era grave. Estava meio perdida, dopada de tantos remédios, minha cabeça estava um turbilhão. Até que fui informada que a vaga tinha saído, isso 2 dias depois. Minha sogra foi comigo na ambulância, uma sensação de morte horrível. Nisso já tomei outra dose da injeção para amadurecimento do pulmão.
No hospital para o qual fui transferida, ninguém podia ficar comigo. Eu fui para muito longe, morava no Ipiranga e fui transferida para Santo Amaro (SP). Os médicos me informaram que iam tentar segurar mais uns dias, porque a Pietra não estava reagindo, estava ficando fraca e, se ficasse mais dentro de mim, nós duas correríamos risco. Na verdade, eles tentariam salvar minha vida primeiro, eu estava desesperada e sozinha.
Desde já, minha pressão estava 21/12. Fui transferida de emergência e só avisaram minha família quando estava lá. Como ia fazer cesárea, não comi nada e estava com medo de morrer. Minha pressão não baixava, estava muito longe, foram os dias mais aflitos da minha vida. Eles conseguiram segurar ela dentro de mim por quase 1 semana, até que, no dia 06/08/11, nasceu minha Pietra: com 32 semanas de gestação e pesando apenas 1,400 kg (depois foi pra 1,200 kg).
Além de praticamente não ter pulmão, tinha um buraco imenso no peito, ele era meio afundado. Na verdade eu não tive reação, não esperava que ia ser às pressas assim e sozinha, a pior sensação da minha vida. Ela já foi direto ser entubada, a vi rapidinho. Tive ela às 15h50min da tarde e só subi para o quarto a meia noite, ainda muito mal. A pressão não baixava e isso continuava preocupando os médicos, então aumentaram as doses dos remédios.
No outro dia, fui autorizada a vê-la. Nossa, eu tomei um susto enorme, nunca tinha visto aquilo na minha vida. Ela toda entubada, não dava nem pra ver o rostinho de tanto aparelho que tinha, e aquele peito afundado era a cena mais horrível que eu já vi. Só podia tocar naqueles dedinhos, mal tinha pele, eu chorava muito e só pensava no pior. Por alguns dias pensei que ela não fosse sobreviver.
Depois fiquei sabendo que ela tinha pego infecção. Ficou 10 dias no antibiótico e quase 27 entubada, pois tiravam os aparelhos e, como ela não tinha força, precisavam colocá-los novamente. Entre CPAP e tubo foram 30 dias e, mesmo com medo dela não agüentar, a cada dia as mãezinhas na UTI davam força uma para a outra. Eu fiquei internada 20 dias após o parto por causa da pressão. As forças iam crescendo, os bebês saindo e a esperança aumentando. Mesmo assim, quando voltava pra casa, morria de medo quando o telefone tocava, medo na notícia ruim.
Até que um dia o telefone tocou (foi um susto) e era o hospital informando que a Pietra ia receber alta, com 1,990 kg. Nossa, foi a maior felicidade da minha vida, acrescida de medo, pois não fazia nem 10 dias que ela estava sem aparelho. Tive muito medo do meu bebê tão magrinho parar de respirar. Ela saiu do hospital dia 16/08 e, desde então, nossa vida só foi alegria. Dia 06/08/13 completou 2 aninhos de muita saúde, amor e alegria. Nunca teve problema respiratório, apesar de ser um pouco magrinha, é uma criança muito saudável. Fez 6 meses de fisioterapia e passava na pediatra de 15 em 15 dias. Ela é a nossa alegria e a razão das nossas vidas. Tentei resumir o máximo e sempre falo pra nunca deixar de ter fé, pois o milagre acontece. Beijo a todas.”
Fernanda, mãe da Pietra
Assistam ao vídeo da retrospectiva dos 2 aninhos da Pietra:
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