14 de Maio de 2024

A história do Henry Lucca

Entrei em trabalho de parto prematuro com 27 semanas e 5 dias, internei dia 20 de dezembro depois de tomar um susto (quase fui atropelada), chegamos em casa e iniciou as contrações, achei que era de treinamento, porém começou a dor constante e insuportável nas costas. Falei com o meu marido e fomos ao hospital apenas para ver se estava tudo bem com o neném, cheguei lá com 3 cm de dilatação e a doutora me internou pra gente inibir o trabalho de parto, eu estava em repouso absoluto porém sem contração. No quarto dia de manhã saiu um líquido, nada considerável, eu estava internada ainda pra fazer um exame de urina para ver as bactérias que deu um parcial positivo, porém não cresceu bactérias e a médica me liberou no dia 24 às 11h e fui pra casa.

Chegamos em casa, almocei e por volta das 14h comecei a ter contrações de novo e dessa vez muito forte, saímos correndo pro hospital. Cheguei e ainda estava com 3 cm e a doutora me deixou em observação pra ver se ia continuar, 1 hora depois dilatei pra 6 cm com contrações recorrentes. Aí começou a correria pra uma inibição mais forte e pra sulfitação, inibi com a melhor medicação que tinha no hospital, sulfato de magnésio em bomba para proteger o cérebro do Henry, muitos antibióticos, penicilina, cefazolina, buscopan pra dor que não resolvia e a noite o doutor prescreveu uma medicação pra eu poder dormir e amenizar a dor e conseguir descansar um pouquinho.

Acordei no dia 25/12 de manhã, tomei café e achei que ia conseguir inibir, a doutora liberou um banho no chuveiro, eu estava muito suada e com calor. Desci da cama e o tampão saiu todo, já me assustei muito e entendi que ele nasceria, fui pro banho chorando e triste e saiu todinho. Quando voltei e deitei na cama a bolsa estourou, lavei a cama e a doutora veio conversar comigo e falou que não tinha como segurar mais pois os dois corriam risco. As contrações começaram muito forte e me deram novamente a medicação à tarde e eu dormi 1 hora apenas, acordei com muita dor. Depois de 26 horas de trabalho de parto, às 18:30, eu pedi analgesia porque não estava aguentando mais estava a ponto de desmaiar de cansaço e dor. Fomos pra sala de parto no centro obstétrico, a enfermeira maravilhosa colocou várias estrelas no teto e músicas pra me acalmar. O anestesista me anestesiou com peridural e o obstetra pediu pra entrar com ocitocina pra me ajudar a terminar de dilatar, já estava com 8 cm em 5 min foi pra 10 e aí comecei a fazer força pra ele nascer.

A doutora Cassiana que salvou nossas vidas entrou e foi auscultá-lo, colocou 3 segundos e não ouviu e pediu um cardiotoco para ouvir melhor e o coração do Henry estava baixando os batimentos para 70 nas contrações. Ela olhou pra minha cara e disse que ia ter que fazer cesárea de emergência, que era o melhor pra nós dois. Naquele momento só sabia pedir pra Deus deixar meu filho bem e chorava muito, sentei e vieram os anestesistas correndo pra fazer novamente outra anestesia, dessa vez a raqui. Fizeram e me deitaram e em menos de 5 min não sentia mais nada, apenas uma sensação na barriga, me abriram às pressas e o Henry nasceu com 28 semanas e 3 dias e eu só queria ouvir ele chorar e ele chorou pra mim. Logo correram pra intubar meu pequeno e eu não sossegava querendo saber se já tinham intubado e se ele estava bem.

O Lucas não conseguia olhar para lá e eu não conseguia respirar de desespero, graças a Deus a pediatra Larissa salvou nosso menininho lá no primeiro momento e deu um alívio, aí a pediatra falou que ia subir pra UTI com ele. O doutor me passou remédio pra dormir mas eu queria vê-lo, fui às 10:20 pra UTI e foi a primeira conversa com o pediatra. Foi um baque, um susto atrás do outro, o Henry nasceu com anemia, infecção, com um vasinho mínimo estourado na cabecinha e eu só sabia chorar. Para prematuros é super normal acontecer e o próprio corpinho absorve, ele estava com dopamina em bomba com Npp, meu filho estava intubado com um monte de monitorização e meu mundo desabou e novamente fiquei sem ar. Foram dias difíceis de luta! No dia 28 ele se extubou e foi pro cpap, ficou bem até dia 31 e eu comecei a agoniar em casa, chorar, sabia que tinha algo de errado com meu bebê.

Quando voltei pro hospital me falaram que meu filho tinha feito muitas apneias e parada respiratória com bradicardia, precisou voltar pro tubo e ser feita adrenalina nele. Eu saí no dia 01 de janeiro chorando, dormindo ouvindo louvor no carro e Deus me acalmou. Dias depois meu pequeno foi extubado direto pro cateter, graças a Deus a infecção melhorou. Os exames estavam bons e dias depois saiu do cateter, ficou uns dias sem e teve apneia de novo voltando pro cateter. E dois dias depois cheguei lá e ele estava lá respirando sozinho, meu coração explodiu de alegria. Fomos de alta para a maternidade e enfim em casa depois de muita dor, luta, sofrimento e muita felicidade por ele ter lutado tão bravamente pela vida dele.

Filho nós te amamos! Obrigada obstetras Doutora Cassiana e Doutor Alan, Enfermeira Caroline. Obrigada pediatras Doutor Francisco, Doutora Leilaine, Doutora Larissa, Doutora Sara, Doutora Mariana, Enfermeira Renata, Enfermeira Rafaela, Técnica Luiza, Técnica Eli, Técnica Aline, Enfermeira Duda, Técnica Alessandra, Técnica Sueli, Técnica Jaque, Enfermeira Keyla, Técnica Vanessa e enfermeira supervisora Ana, vocês foram essenciais para a melhora do meu bebê, foram humanos cuidadosos e salvaram meu filho!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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