19 de Julho de 2013
A história de Victor Augusto: quando o instinto materno fala mais alto
“Boa tarde, eu me chamo Mailin Setti Eckert, tenho 30 anos e dois filhos lindos. Passado o meu grande susto, gostaria de dividir com vocês um momento que eu vivi e que eu diria ser de UTILIDADE PÚBLICA, para todas as mulheres que desejam ser mães ou que conhecem alguém que queira ser. Aí vai o meu relato:
No dia 10 de dezembro de 2012, por volta das 22h, me senti mal na apresentação do meu filho de 5 anos e segui para um hospital do centro da cidade onde moro. Sem senha na recepção, tive que aguardar atendimento ali mesmo, em pé, para não perder a minha vez. Após passar por esse absurdo, tendo em vista que estava grávida de 6 meses e meio e sentia contrações terríveis, fui para o pronto socorro, onde o médico plantonista anunciou que era ginecologista. Aquilo me tranqüilizou e fez com que eu optasse em não chamar o médico que me acompanhava.
O tal médico me fez um exame de toque, que me fez sentir muita dor, mas achei que seria normal. Permaneci na observação até que meu soro acabasse. Saí do hospital por volta da meia noite, com a recomendação de continuar fazendo uso da inibina e repouso. Após esse episódio, eu sangrei por 4 dias e, já no primeiro dia, comuniquei meu médico ginecologista, que me informou que era normal. Mas percebi também que comecei a ficar molhada, como se estivesse fazendo xixi na calça, mas não tinha cheiro de xixi. Procurei meu médico, que me solicitou um ultrassom.
O exame acusou que meu ILA (índice de líquido amniótico) estava em 13cm, sendo que no mês anterior estava em 16cm (ou seja, hoje eu sei que ele estava diminuindo). Mas meu médico não disse nada e nem o ultrassonografista, disse apenas que estava tudo NORMAL. Continuei com a sensação de estar perdendo líquido e não agüentando mais.
No dia 19 de dezembro, marquei um ultrassom com outro médico, da minha confiança, o qual anotou no meu exame o seguinte: OBSERVAÇÃO OLIGODRÂMIO. E disse que eu procurasse meu médico, pois meu ILA estava em 10cm e o normal para a minha fase gestacional seria de 18 a 20cm. Saí desesperada do consultório e fui imediatamente para o consultório do meu médico, com os exames na mão. Fui informada que o mesmo não estava, mas que entraria em contato comigo antes do meio dia. Fui para casa e mantive o repouso. Ele não me ligou. Tentava no celular dele, mas ele não atendia, eu estava desesperada, pois nesse meio tempo pesquisei artigos na internet e vi que ILA abaixo de 5cm daria sofrimento fetal e o meu já estava em 10. Antes estava em 16, 13 e agora em 10, meu Deus, de fato eu estava perdendo líquido. Não sabia o quanto, e eu chorava com medo de perder a pedra preciosa que eu estava gerando.
Até que, após 5 horas de espera, o meu ginecologista me ligou, disse que estava fora da cidade e perguntou o que eu queria. Relatei que continuava com a calcinha molhada e que o exame realizado com o médico, o qual ele não indicava, havia dado alterado. Ele me informou que não iria aceitar o diagnóstico daquele médico e que era para novamente realizar o exame com o médico X, e daí sim ele me atenderia pra ver o que estava acontecendo. E finalizou me perguntando: o líquido está escorrendo na sua perna? E eu disse: não. Aí ele respondeu: então mantenha o repouso porque não é líquido, isso é NORMAL, refaça o exame com o médico X e depois você me retorna.
Liguei para o médico X, porém só teria atendimento para 7 de janeiro, mesmo relatando a urgência. Entrei em total desespero. Em um instinto de mãe inexplicável, liguei para o serviço do meu marido e disse: me leva imediatamente para Blumenau (cidade vizinha, à 50 km). Aquilo não era normal e, por ler muito durante a minha primeira gestação e esta, eu sabia que, para ter ruptura de bolsa, não era necessário que o líquido escorresse na perna.
Meu marido me levou para o Hospital Santa Catarina em Blumenau e, ao chegar lá, fiquei internada imediatamente, pois viram que o meu líquido estava bem abaixo do normal. Me deram uma injeção para amadurecimento do pulmão do meu filho, caso viesse a dar algum problema. No dia seguinte, me encaminharam para o ultrassom e meu líquido havia caído para 4cm. Ué, mas de acordo com meu médico tudo era normal. E lembre-se: abaixo de 5 já é sofrimento fetal.
Me mantiveram na medicação para que eu tomasse mais um corticóide e monitoravam o coração do meu filho de hora em hora. Até que no dia 21, às 5 horas da manhã, entrei em trabalho de parto e realizaram a cesárea. Devido ao fato de eu ter ficado com a bolsa rompida (sem saber) do dia 10 de dezembro até o dia 21, o meu filho teve infecção generalizada e necessitou de cuidados especiais. Ficou na UTI, no CPAP e, posteriormente, no HALO DE OXIGÊNIO. Teve alta dia 25 de dezembro e ficou no hospital até 28 de dezembro.
Ele correu risco de vida, ficou no oxigênio e tomou 2 antibióticos fortíssimos, que oferecem o risco de surdez, que deverá ser confirmada aos 6 meses, quando deverei repetir o teste da orelhinha. Meu filho venceu, chorei como nunca imaginei que poderia. Ele era tão pequeno, inocente, estava todo furadinho, recebendo leite pela sonda. Achei que surtaria.
Hoje meu filho está com 4 meses e meio e pesando 7 quilos, está forte e ficará cada vez mais. Caso não tivéssemos o plano de saúde que temos, gastaríamos algo em torno de R$ 40.000,00 e não saberíamos nem de onde tirar esse recurso. Hoje faço tratamento de depressão. Sempre penso que ele pode morrer a qualquer momento. Ele passa o dia todo no meu colo, não solto ele por um segundo, nem pra almoçar. Sei que meu trauma vai passar. Gostaria muito que isso se tornasse público, visto que a negligência poderia ter custado a felicidade da nossa família e causado uma dor irreparável.”
Mailin, mãe do Victor Augusto