12 de Agosto de 2013

A emocionante história de João

“Olá, meu nome é Cristiane, tenho 32 anos e dois filhos lindos. Maria Laura que, graças a Deus, nasceu sem maiores problemas e hoje tem 06 anos, e o meu pequeno guerreiro João Antônio. No começo da gestação dele tudo corria bem. A partir do quarto mês, minha pressão começou a subir e, conseqüentemente, vieram vários problemas.

Sentia-me mal, cansada e muito inchada. Meu obstetra me pediu vários exames e descobrimos que, além da pressão alta, estava também com hipotireoidismo, diminuição das plaquetas e que o funcionamento do meu fígado estava começando a ser comprometido .A partir daí, comecei a fazer ultrassom com doppler de 15 em 15 dias para verificar o desenvolvimento e a saúde do meu João. Fiquei afastada do trabalho, em repouso absoluto para tentar segurar a gravidez o máximo possível. Em um ultrassom, foi constatado que a placenta já havia amadurecido. Fui internada com a pressão altíssima.

O bebê não estava ganhando muito peso, o que me deixava ainda mais angustiada e ajudava ainda mais a aumentar a pressão. Tomei duas injeções para o amadurecimento do pulmão do meu bebê, caso ele tivesse que nascer antes da hora, e fui transferida para outra cidade onde o meu plano cobria, pois onde estava não tinha vaga na UTI Neonatal. No dia 12 de julho de 2010, minha pressão subiu demais. Engraçado, pois não sentia dores, só um leve mal estar e via luzinhas piscando. Fiz uma doppler com urgência no hospital e alguns exames de sangue. Um susto! O médico chamou a mim e ao meu marido para uma conversa e disse que teria que fazer uma cesárea de emergência, pois a placenta havia calcificado, estava seca. Eu e o bebê corríamos risco. Naquele momento o mundo desabou sobre mim, eu tremia muito e não conseguia parar. Um misto de medo e ansiedade, sabia que o João ainda não estava preparado para nascer naquele momento, mas não tínhamos escolha.

Aos dez minutos do dia 13 de julho de 2010, com 33 semanas, 1,600kg e 42cm, vinha ao mundo meu João. Só pude vê-lo, já o levaram para a incubadora e eu fui para a UTI. Três dias depois, conheci meu pequeno. Graças a Deus, ele não precisou de oxigênio, conseguia respirar sozinho. Mas, ainda assim, foi muito triste, pois não podia pegar meu bebê no colo, sentir seu cheirinho nem dar de mamá. Ele se alimentava pela sonda, não tinha forças para sugar, estava ligado a vários fios e com óculos para tomar banho de luz. Fiquei no hospital depois da minha alta, mas não tinha meu bebê no quarto comigo, a distância da minha família também fez com que eu sofresse.

Depois de dezoito dias ele pôde, enfim, ir para o quarto comigo. Então veio o medo novamente. Um bebê tão pequeno sob minha responsabilidade! Ainda estava com a sonda, que foi tirada aos poucos, até ele conseguir mamar no peito e ganhar peso. Ficamos por mais 23 dias no hospital e, graças a Deus, conseguimos vencer esta batalha. Fomos para casa no dia 4 de agosto de 2010. Meu bebê tinha 1,900kg e 44cm, com os medos e receios de uma mãe que leva um bebê tão frágil para casa, mas que tem um amor tão forte que a faz acreditar que é capaz de tudo. Primeira batalha ganha, mas a guerra não tinha acabado.

Com cinco meses de vida, o pediatra percebeu uma alteração na cabecinha do João. Fizemos, então, uma tomografia e foi constatado que ele estava com cranioestenose, que é o fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas. A forma do crânio se modifica, devido ao impedimento do crescimento normal do cérebro. Esse fechamento precoce pode causar deformidades na cabeça e até graves lesões neurológicas. Começou mais um sofrimento. Fiquei me perguntando ‘por que comigo?’, se fiz algo errado durante a gravidez que pudesse ter causado isso, se era minha culpa e do meu marido, não sei. Coisas de gente desesperada. Tinha medo de que meu bebê não conseguisse se desenvolver normalmente, ficasse com seqüelas... entreguei nas mãos de Deus a vida do meu filho.

No dia 17 de fevereiro de 2011, com sete meses, no hospital Pequeno Príncipe (em Curitiba), ele fez uma cirurgia para a correção da cranioestenose. Foi, de longe, o pior dia da minha vida. Não tem momento pior do que a hora de entregar seu filho para o neurocirurgião e esperar angustiantes horas (quatro horas, para ser exata) pelo fim da cirurgia, para depois o ver passando todo entubado a caminho da UTI. Quase não reconheci meu filho quando o vi pela primeira vez após a cirurgia, na visita à UTI. Estava muito inchado, sedado, sentia muitas dores quando acordava meio sonolento, sem abrir os olhos, de tão inchado que estava. A respiração era difícil e não conseguia chorar, ou melhor, não saía som devido ao tubo. Ver um filho sofrer e não poder diminuir a sua dor, é sofrer em dobro.

Os exames pós-cirúrgicos não foram muito bons, ele teve que tomar sangue novamente e o medo de uma hemorragia surgiu. Mas, graças a Deus, a força do meu guerreiro foi grande e ele começou a se recuperar, fomos então para o quarto depois de três dias na UTI. Sentia ainda muitas dores. Não conseguia dar a mamadeira para ele, já que não podia nem tocar na sua cabeça. Mamava deitado, com cuidado para não aspirar o leite. No dia seguinte, uma alegria maior, João conseguiu abrir um pouquinho um dos olhos! Fechados ainda devido ao inchaço. Me viu, deu um sorrisinho tímido que foi o suficiente para ter certeza de que Deus iluminou meu filho e deu forças para vencer mais esta batalha. Da mesma maneira que esse sorriso ilumina a minha vida!

Porém ainda não tinha acabado, João precisou fazer uma segunda cirurgia no dia 04 de Junho de 2012, para correção da parte frontal. Todo o mesmo sofrimento novamente, hospital, UTI, muita dor, dessa vez ainda pior, pois ele já falava e andava, conseguia reclamar da sua dor. Graças a Deus que tudo passa e a recuperação dele foi excelente. Hoje, visitamos o neuro constantemente.

O medo de seqüelas existe, mas não me incomoda tanto mais. Meu filho está crescendo forte e saudável e seu desenvolvimento até agora é perfeito, alias, é um pimentinha. O João está com 2 anos e 9 meses, pesa 14kg, já vai à escolinha e é uma criança muito esperta, já faz as suas artes. Disso tudo, tirei a certeza de que tudo na vida tem um propósito, mesmo que não consigamos entender no momento. Tudo passa, somos bem mais fortes do que imaginamos ser, afinal, Deus não dá a cruz maior do que possamos carregar! Esperança e fé sempre!”

Cristiane, mãe do João

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

Compartilhe esta história

Tem uma história de prematuridade para compartilhar?

Envie seu relato para gente e faça a diferença para quem precisa de palavras de força e esperança nesse momento.

envie sua história

Conheça outras histórias

Veja histórias por:

    Últimas Notícias

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.